"Tivemos que aprender a viver com medo", dizem cristãos após ataque no Paquistão

Unidos aos familiares, pastores acusaram o governo paquistanês de não fazer o suficiente para proteger os cristãos do terrorismo radical, que continua tirando a vida de vítimas inocentes.

Fonte: Guiame, com informações de The Christian PostAtualizado: terça-feira, 29 de março de 2016 às 20:30
Vítima da explosão sendo socorrida depois que uma bomba explodiu em um parque público no Paquistão. (Foto: Arif Ali/AFP)
Vítima da explosão sendo socorrida depois que uma bomba explodiu em um parque público no Paquistão. (Foto: Arif Ali/AFP)

Famílias cristãs do Paquistão estão enterrando seus parentes, amigos e filhos que faleceram na explosão causada por terroristas em um parque de Lahore, no domingo de Páscoa (27), deixando 72 pessoas mortas.

Unidos aos familiares, pastores acusaram o governo paquistanês de não fazer o suficiente para proteger os cristãos do terrorismo radical, que continua tirando a vida de vítimas inocentes.

"O governo provou que não pode manter as pessoas seguras, de modo que o exército deve assumir a segurança", disse o pastor Shakil Anjum, líder da Capela das Crianças, de acordo com o The Guardian. "Eles reforçaram a segurança em nossas igrejas, mas agora os terroristas estão vindo até os espaços públicos para nos matar."

A explosão aconteceu na área de estacionamento de um parque público da cidade, a poucos metros dos balanços para crianças. A facção do Talibã Jamaat-ul-Ahrar, responsável pelo ataque, afirmou que o alvo foi a minoria cristã do país e fez novas ameaças ao primeiro-ministro, Nawaz Sharif.

"Que Nawaz Sharif fique sabendo que esta guerra agora chegou ao limiar de seu lar", tuitou o porta-voz do Jamaat-ur-Ahrar, Ehsanullah Ehsan. "Os vencedores desta guerra serão, se Deus quiser, os justos mujahideen (combatentes)".

Cercados pelo medo

O filho de Pervez Masih foi morto pela ação do homem bomba aos 9 anos de idade. "Na igreja temos segurança, mas nos lugares públicos o governo não tem apresentado nada", disse Masih depois de enterrar seu filho.

O motorista Nadeem Gul, um sobrevivente de 35 anos, foi atingido por estilhaços na explosão da bomba e viu seus dois filhos escaparem ilesos. No entanto, ele disse que os cristãos têm sido alvos frequentes em datas religiosas no país.

"Tivemos que aprender a viver com medo", disse Gul. "Toda vez que há um festival religioso, os cristãos sentem uma sensação iminente de ameaça. Não podemos ser felizes em nossas ocasiões sagradas."

Em um discurso à nação televisionado na segunda-feira (28), Sharif anunciou que o exército paquistanês continuaria perseguindo os grupos militantes.

"Estou aqui para renovar o compromisso de que estamos contando cada gota de sangue de nossos mártires. Esta conta está sendo acertada, e não descansaremos até que seja paga", afirmou Sharif.

As autoridades militares também disseram que estavam se preparando para lançar uma nova ofensiva contra-terrorismo no Punjab, com vista a encontrar os terroristas e seus facilitadores.

Cenário de perseguição

A Associated Press apontou que existem apenas 2,5 milhões de cristãos no Paquistão, um país que abriga 180 milhões de muçulmanos.

"É muito amedrontador viver em seu próprio país... Quando você é atacado por fanáticos em sua própria casa", disse outro pastor, o Rev. Riaz Arif, de Lahore.

Nos últimos anos, uma longa lista de ataques contra os cristãos se formou no Paquistão. Em 2009, seis cristãos foram mortos e pelo menos 60 casas foram incendiadas em Gorja, leste de Punjab; em 2011, políticos cristãos proeminentes, como Shahbaz Bhatti, foram assassinados em Islamabad; e em 2013, múltiplos atentados suicidas mataram 85 cristãos em Peshawar.

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