Pastora gera polêmica no Canadá após declarar ser ateia: "Não posso crer em Deus”

Apesar da rotina comum a qualquer igreja, os cultos com a pastora canadense Gretta Vosper não fazem qualquer menção a Deus ou à Bíblia.

Fonte: Guiame, com informações de BBC BrasilAtualizado: sábado, 4 de julho de 2020 às 13:28
Apesar de popular em sua congregação, a pastora Gretta Vosper vai enfrentar processo que pode resultar no fim de sua carreira religiosa. (Foto: Rafael Chache)
Apesar de popular em sua congregação, a pastora Gretta Vosper vai enfrentar processo que pode resultar no fim de sua carreira religiosa. (Foto: Rafael Chache)

Gretta Vosper é denominada pastora de uma igreja evangélica em Toronto, no Canadá, que conta com cerca de 90 membros. No entanto, o único e principal fundamento são ausentes na líder religiosa: a crença na existência de Deus.

Apesar da rotina comum a qualquer congregação, seus cultos não fazem qualquer menção a Deus. Todos os objetos religiosos foram removidos, e a única cruz foi escondida por feixes de pano que formam um arco-íris suspenso. Também não há mais orações ou citações bíblicas, apenas uma palestra de Vosper.

Isso acontece desde que Gretta Vosper, há 15 anos, assumiu ser ateia. "Não vejo qualquer evidência de que Deus exista, especialmente aquela figura benevolente que tem tudo sob seu controle", disse ela à BBC Brasil.

Para ela, Deus é apenas uma metáfora sobre as relações que estabelecemos com o mundo. "Com tantas coisas ruins à nossa volta, não posso aceitar o argumento de que qualquer acontecimento é parte da vontade de Deus", afirma.

O ateísmo foi tomando espaço na vida de Gretta de forma gradativa. Primeiro, ela removeu menções bíblicas de suas falas. Em seguida, deixou de citar as personalidades celestiais, incluindo Jesus Cristo. Na sequência, removeu as orações que iniciam e finalizam o culto.

O posicionamento de Gretta têm provocado polêmica no Canadá. Um processo instaurado em 2015 pode definir, até o fim de maio, se ela pode permanecer como líder da chamada Igreja Unida do Canadá.

Para isso, 40 membros da organização irão interrogar Gretta e julgar seus conceitos sobre Deus. Trata-se de um procedimento raro, que só acontece quando algum de seus membros é alvo de graves acusações.

"O objetivo é investigar a situação, já que os conceitos defendidos por Vosper são alvo de preocupação por parte de nossos membros", disse o reverendo David Allen, secretário-executivo responsável pela região de Toronto. "Após ouvi-la, a comissão vai decidir se ela é adequada para continuar a exercer o cargo. Caso não seja, será afastada definitivamente".

Igreja distorcida

O Canadá é um país pouco influenciado pelas entidades religiosas, de acordo com a BBC. Muito disso se deve à distorção dos valores bíblicos defendidos até mesmo pelas igrejas que acusam Gretta.

A Igreja Unida do Canadá, nascida em 1925, resulta da junção de quatro linhas protestantes, incluindo a presbiteriana e a metodista. A entidade conta com 2,5 milhões de seguidores, cerca de 7% da população total do país, e perde apenas para o catolicismo em número de fiéis.

Sua doutrina é reconhecida pelos canadenses por suas posições progressistas. Caminhando em oposição aos princípios bíblicos, possui líderes declaradamente homossexuais e a união entre casais gays é aceita desde os anos 80.

Dentro dessa onda de tolerância, Gretta uma reforma ainda mais deturpada. Ela defende que as religiões permanecem estacionadas no passado e, por isso, tenta renovar o discurso em suas pregações.

"Não posso crer que uma entidade tão inclusiva, que sempre lutou pelas mulheres, indígenas, homossexuais, pobres e oprimidos, vá se tornar um espaço de intolerância. Minha vida se passou aqui dentro, não saberia exercer qualquer outra profissão", disse ela falando sobre a provável demissão da Igreja Unida do Canadá.

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