"Quem diz que 'Jesus é socialista', diminui Deus e idolatra a política", diz escritor

O escritor Tré Goins-Phillips alertou que associar Jesus a causas políticas é um caminho perigoso.

Fonte: Guiame, com informações do Faith WireAtualizado: segunda-feira, 6 de agosto de 2018 às 16:57
Cena do filme "O Filho de Deus", dirigido e produzido por Roma Downey. (Foto: Reprodução/Youtube)
Cena do filme "O Filho de Deus", dirigido e produzido por Roma Downey. (Foto: Reprodução/Youtube)

Recentemente, as tentativas de associação da imagem de Jesus Cristo a causas políticas, sociais e partidárias se tornaram ainda mais frequentes, chegando a escandalizar não somente cristãos, mas conservadores de modo geral, no Brasil e em outros países.

A recente declaração dada pelo transformista Johnny Hooker de que 'Jesus é travesti' e do jornalista Bernardo de Mello Franco sobre o filho de Deus ter sido um "refugiado" na época de seu nascimento são alguns dos exemplos de tentativas da associação da imagem de Cristo a "causas" em debate nos dias atuais na política.

Porém o editor e escritor cristão, Tré Goins-Phillips, criticou este uso da imagem de Jesus e de Deus para defender causas partidárias.

"Ao anexar qualquer afiliação de um partido político ao Criador do universo, parece que estamos dando à nossa política uma grande valorização ou dando a Deus uma significativa desvalorização", afirmou.

"De fato, um estudo recente descobriu que quanto mais as pessoas confiam no governo em busca de soluções, menos provável é que elas busquem respostas de um Deus benevolente", acrescentou.

O "deus socialista" e a apostasia

O editor se referiu a uma pesquisa feita entre 2008 e 2013, nos Estados Unidos, que constatou que "melhores serviços governamentais em um ano específico previam uma religiosidade mais baixa em 1 ou 2 anos depois".

Os responsáveis pelo estudo explicaram que o governo também pode usar programas sociais como ferramenta de manipulação sobre o povo, influenciado a população até mesmo no tocante à sua fé.

"Se uma entidade secular fornece o que as pessoas precisam, elas estarão menos propensas a procurar a ajuda de Deus ou de outras entidades sobrenaturais", concluíram os autores do estudo. "O governo é o provedor secular mais provável".

O escritor alertou que esta forma de apostasia pode parecer absurda, mas indicou a raiz desta "troca", explicando justamente que esta associação da imagem de Jesus a causas e partidos políticos é altamente perigosa.

"O apresentador da CBS Stephen Colbert, um professor católico, anunciou recentemente sua crença de que 'Deus é um socialista'. Ele disse aos espectadores: 'Jesus curava os leprosos, mas não cobrava um pagamento", lembrou o escritor, citando o comunicador.

Em um artigo publicado na semana passada pela NPR, a co-fundadora dos Socialistas Democráticos da América, de 36 anos, também proclamou que o Filho de Deus foi certamente um socialista durante seu ministério terreno.

"Possivelmente minha mãe gostaria de debater sobre isso comigo, mas se alguém era socialista, esse alguém era Jesus", disse Kelley Rose.

Recorrendo à Bíblia

Para embasar ainda mais sua opinião, Phillips citou a declaração de Bruce Ashford, reitor e professor do Seminário Teológico Batista de Southeastern, em Wake Forest, na Carolina do Norte. Em entrevista ao site Faithwire, o mestre lembrou que as Escrituras, na maioria das vezes, “não falam diretamente sobre questões de política pública”.

"Você não pode simplesmente aceitar o ensino moral cristão e traduzi-lo de maneira limpa e eficiente em políticas públicas na maioria dos casos", disse ele. "Portanto, temos que ter cuidado ao pensar que a Bíblia fala diretamente à política econômica".

Ashford, que viveu na Rússia na década de 1990, prosseguiu dizendo que o socialismo "tende a fazer um bem supremo ou um deus fora da igualdade material e, em formas mais extremas, a transformação da propriedade privada em comunal".

"Quando você faz algo que não seja Deus, a coisa que você fez no final se torna um clube que você usa para derrotar outros aspectos da boa criação de Deus", ele explicou.

"Nós tendemos a colocar todos os nossos ovos na cesta da política", acrescentou Ashford. "Mas Deus criou o mundo para ser uma rede interligada de atividade cultural que inclui não apenas política e economia, mas arte, ciência, educação, família, igreja, negócios e assim por diante".

"São todos os setores da sociedade ou esferas da cultura que se combinam ou se unem para tornar a sociedade saudável", destacou o teólogo.

"Deus não é socialista"

Phillips finalizou seu artigo lembrando que Jesus não tem partido político, simplesmente porque não se enquadra em nenhum deles.

"A verdade é que Deus simplesmente não é um socialista — ou um democrata, ou um republicano, ou um comunista, ou um libertário — porque se Ele endossasse totalmente uma estrutura social ou econômica ele também afirmaria que tal ideologia pode resolver eternamente os males da humanidade", explicou.

"Mas Deus não é um guru, Jesus não foi apenas um bom professor [enquanto viveu como homem], e a Bíblia não é um guia de como viver nossas melhores vidas agora. Se o Senhor e as Escrituras tivessem a intenção de nos apontar para um partido político salvador, por que Jesus precisaria morrer na cruz? Afinal de contas, se trabalhássemos o suficiente, não conseguiríamos nos salvar simplesmente votando nos parlamentares certos e defendendo a ideologia política correta?", questionou o escritor.

Phillips destacou, no entanto, a natureza pecaminosa do ser humano e sua incapacidade de salvar a si próprio.

"Somos seres caídos, intrinsecamente depravados, criados à imagem de Deus, mas distorcidos por nossa propensão ao pecado. Além da graça salvadora de Jesus Cristo, que nos chama à hospitalidade, generosidade e abnegação — todas as virtudes que o socialismo fornece apenas temporariamente — estamos destinados à destruição", alertou.

"Não só o socialismo, mas qualquer outra ideologia política levada até o seu extremo mais extremo, se afunda ao afirmar ser a solução definitiva para o sofrimento humano e também assume perigosamente que, os seres humanos sempre agirão corretamente, mesmo que estes estejam deixados à sua própria sorte", acrescentou. "Em um simples olhar para a história do mundo, Joseph Stalin, da União Soviética; Adolf Hitler, da Alemanha; e Mao Zedong, da China; provaram que certamente este não é o caso".

 

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