“Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos... Sim, as suas carícias são mais agradáveis que o vinho”. (Cantares 1.2)
O livro mais romântico da Bíblia expõe nitidamente as raízes da cultura judaica através do casamento entre Salomão e a Sunamita, mas também simboliza através da história de amor do casal, o relacionamento entre Deus e o povo judeu, como também entre Jesus e a Igreja.
Há símbolos que, a princípio, são difíceis de entender, mas depois de estudá-los à luz das próprias Escrituras, revelam muito sobre a forma como devemos amar a Cristo e sermos amados por Ele. Vamos conferir?
Beijo divino (Capítulo 1)
“Ah, se ele me beijasse, se a sua boca me cobrisse de beijos... Sim, as suas carícias são mais agradáveis que o vinho”. (Cantares 1.2)
Da boca de Deus sai a Palavra:
“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. (Mateus 4.4)
O beijo é um dos principais gestos de afeição entre casais apaixonados. A carícia é outra demonstração de afeto e o vinho é uma bebida de profundo simbolismo espiritual, além de representar a alegria do Reino de Deus e a celebração.
Logo, interpretando Cantares 1.2, espiritualmente, entendemos que a noiva, que representa a Igreja, ou seja, cada um de nós, deseja ser “beijada pela Palavra” de maneira intensa. O entendimento da Bíblia, então, gera mais alegria e satisfação que os prazeres da vida ou as próprias bênçãos recebidas de Deus. Sintetizando: é a presença de Jesus o que mais importa.
O profético está sempre uma estação à frente (Capítulo 2)
“O meu amado falou e me disse: Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo. Veja! O inverno passou; as chuvas acabaram e já se foram. Aparecem flores sobre a terra, e chegou o tempo de cantar; já se ouve em nossa terra o arrulhar dos pombos”. (Cânticos 2.10-12)
Precisamos entender que o profético sempre está uma estação à frente, por isso, temos que mudar de lugar quando as estações mudam. Levantar, trocar de roupa, mudar de atitude.
Um estilista de moda, por exemplo, desenha casacos de inverno durante o verão porque sabe que o frio virá. Ele não vê a neve, mas confia nas estações. Noé construiu uma arca em obediência a Deus porque sabia que as tempestades viriam. Ele nunca tinha visto a chuva cair sobre a terra, mas confiava na promessa de Deus.
O noivo convidou a noiva a se preparar para a estação das flores, sabendo que na próxima estação haveria frutos para colher. Antes disso, porém, ele havia feito o convite para que ela saltasse os montes e pulasse as colinas com ele, desafiando a zona de conforto dela, debaixo do pé de macieira.
Montes e colinas = obstáculos, governos humanos ou demoníacos. O Rei salta todas essas montanhas, Ele é soberano e está acima de tudo e todos. Pula como uma gazela, ou seja, com facilidade.
Ele chama a noiva para um novo nível de obediência: “Levanta e vem!”. Mas a noiva não quer e prefere ficar.
Deixando a zona de conforto para seguir Jesus (Capítulos 4 e 5)
No capítulo 3, a noiva procura pelo noivo desesperadamente, mas Ele se foi, simbolizando a morte de Jesus. Ao final, Ele retorna com a coroa na cabeça, ilustrando a volta de Cristo.
No capítulo 4, ela finalmente decide deixar a sombra do pé da macieira e o banquete que estava à sua disposição para ir à montanha da mirra e à colina do incenso.
Montanha da mirra — a mirra era um ingrediente amargo usado em funerais para o preparo do fluido de embalsamamento. Perceba que a noiva não vai para a montanha das flores ou das rosas. A “montanha da mirra” simboliza a morte, ou seja, ela deixou morrer seus sonhos e desejos de felicidade e prazer para seguir seu noivo, mesmo em meio à dor.
Colina do incenso — o incenso simboliza a oração.
Teste de maturidade (Capítulos 6 e 7)
“Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu”. (Cantares 6.1
“Eu pertenço ao meu amado, e ele me deseja”. (Cantares 7.10)
A noiva deixa claro que seu compromisso com o noivo é eterno. Ela menciona que já estava quase adormecendo quando o noivo bateu à porta. Ela já estava sem a túnica, com os pés lavados e limpos.
“Eu estava quase dormindo, mas o meu coração estava acordado. Escutem! O meu amado está batendo: Abra-me a porta, minha irmã, minha querida, minha pomba, minha mulher ideal, pois a minha cabeça está encharcada de orvalho, o meu cabelo, da umidade da noite. Já tirei a túnica; terei que vestir-me de novo? Já lavei os pés; terei que sujá-los de novo?”. (Cantares 5.2-3)
Quando ela abriu a porta, suas mãos estavam destilando mirra, ou seja, sofrimento e dor. Mas seu coração continuava apaixonado pelo amado. Ela correu atrás do noivo e, por isso, os guardas bateram nela e ela ficou ferida. Essa é uma simbologia para descrever a Igreja Perseguida.
Selo de fogo (Capítulo 8)
“Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor”. (Cantares 8.6)
“Vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa…” Efésios 1.13-14
“Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza”. (Cantares 8.7)
Selo — Espírito Santo. Selar o coração, proteger espiritualmente.
Amor forte como a morte — a morte alcança a todos, não é opcional.
Inflexível como a sepultura — não podemos resistir, todos passaremos por isso.
Selo do Rei — todos os exércitos deveriam obedecer. O selo de fogo mostra que todos os governos terão que aceitar, pois é um selo sobrenatural.
E o livro termina com o clamor da noiva desejando a breve vinda do noivo, apontando para a Igreja à espera da volta de Cristo.
“Venha depressa, meu amado, e seja como uma gazela, ou como um cervo novo saltando sobre os montes carregados de especiarias”. (Cantares 8.14)
“O Espírito e a noiva dizem: Vem! E todo aquele que ouvir diga: Vem! Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida”. (Apocalipse 22.17)
Referência
Estudo Bíblico “Paixão pelo Noivo”, por Val Gonçalves do JesusCopy. Baseado nos estudos do Ministério Ihope — International House of Prayer (Casa Internacional de Oração), da autoria de Mike Bickle
E essa foi a reflexão de hoje. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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