Dias atrás, acordei às 4 da manhã com um pensamento vívido: precisamos desenvolver um coração de criança. Naquele silêncio da madrugada, comecei a refletir sobre esse insight e a buscar o verdadeiro sentido por trás dele.
Entendi que desenvolver um coração de criança não significa retroceder na maturidade, mas avançar na essência. Jesus foi claro ao afirmar que o Reino de Deus pertence aos que se tornam como crianças.
Essa afirmação não exalta a imaturidade, mas aponta para uma postura interior marcada pela simplicidade, pela confiança e pela abertura para aprender. Como dizemos frequentemente: ter um coração humilde e ensinável.
Crianças fazem perguntas, escutam com atenção e não se sentem ameaçadas por aprender algo novo. Com o tempo, muitos adultos perdem essa capacidade porque confundem experiência com verdade absoluta.
Um coração endurecido não aprende; um coração de criança, sim. Ele está disposto a ser corrigido, orientado e transformado, sem resistência orgulhosa.
Entendi também que, em um mundo que valoriza a autossuficiência e o cinismo, o coração de criança surge como uma espécie de chamado contracultural.
O coração de criança é aquele cuja fé genuína nasce justamente dessa disposição interior. A criança confia antes de questionar, se entrega antes de controlar e acredita antes de exigir provas.
Podemos até pensar e rotular isso como uma fé cega, mas, na verdade, é uma fé relacional. É a fé de quem sabe que não sabe tudo e, por isso, depende (risos).
Desenvolver esse tipo de fé é reconhecer nossos limites e permitir que Deus nos conduza, sem a necessidade constante de defesas emocionais ou espirituais.
Quando Jesus sugere que tenhamos um coração de criança, Ele fala de pureza. Mas isso não deve ser confundido com ingenuidade. Pureza é integridade de intenção, é olhar o mundo sem malícia, sem segundas intenções.
A criança pode até ser protegida da complexidade do mal, mas o adulto com coração puro escolhe não se contaminar por ele. Trata-se de discernir sem se tornar cínico, de conhecer a realidade sem perder a sensibilidade espiritual.
O coração infantil, no sentido bíblico, é aquele que ainda consegue se maravilhar, se alegrar com o simples e crer que a transformação é possível. Ele não nega a dor, mas não se define por ela.
Outra reflexão sobre ter o coração de criança é viver em plena confiança no Pai. Para a criança, o pai é referência de segurança, cuidado e direção; é o herói que protege, provê e inspira.
Da mesma forma, somos convidados a descansar em um Pai que não falha. E sobre isso, temos o melhor e maior de todos os exemplos: um Pai digno de ser amado, respeitado e obedecido, cuja fidelidade não depende das nossas circunstâncias.
Desenvolver um coração de criança é, portanto, caminhar com a confiança serena de quem sabe que é amado, cuidado e sustentado, certo de que o Pai jamais abandona seus filhos e sempre age para o bem daqueles que confiam nele.
Lembre-se: o Pai ama você!
Darci Lourenção (@pra_darci_lourencao) é psicóloga, pastora, coach, escritora e conferencista. Foi Deã e Professora de Aconselhamento Cristão. Autora dos livros “Na intimidade há cura”, “A equação do amor”, “Viva sem compulsão” e “Devocional Minha Família no Altar”.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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