Todos os dias, antes de dormir, tenho feito algumas perguntas a mim mesma:
“Hoje eu fui quem eu poderia ter sido?”
“Hoje eu fiz de fato, o que me cabia fazer?”
“Eu fui honesta comigo?”
“Eu consegui lutar, trabalhar e vencer as minhas dificuldades, para ter condições de assumir o meu lugar?”
Não durma sem antes analisar dentro de você se está valendo a pena ser quem você é!
Esse é um dos indicativos de realização humana. Quando percebemos que estamos vencendo as nossas dificuldades. Isso é uma boa maneira de medir o nosso cristianismo. Não existe uma régua para medir e saber o quanto já somos cristãos. Mas há alguns indicativos interessantes para prestarmos atenção. Um deles é a qualidade das nossas amizades.
Nós temos bons amigos? Construímos boas amizades?
Acho interessante que a nossa jornada pelo crescimento é uma feliz oportunidade de construir bons amigos. Porque, inclusive, podemos encontrar pessoas que estão vivendo as mesmas buscas e isso favorece demais o encontro.
Nesse caminho, vamos ficando cada vez mais exigentes no que diz respeito a relacionamentos. Quanto mais crescemos em Deus, maior é o nosso crivo para os relacionamentos. Isso não quer dizer que vamos desprezar as pessoas, nem que vamos ficar arrogantes ou orgulhosos. Não! Pelo contrário, a experiência com Jesus vai nos purificando.
E, porque vamos ficando mais simples, acabamos ficando sem rodeios para dizer o que pensamos ou não. Existem aquelas pessoas que você tem um melindre de nunca dizer a verdade. Você sabe que aquele relacionamento de amizade já não está lhe fazendo bem, porque aquela pessoa só o procura quando precisa de você, quando quer fazer fofoca, ela o induz a ficar extraindo de você o que tem de pior.
Às vezes, nós em nossos relacionamentos, nem sempre temos o discernimento de perceber quem é que deveria ser mais próximo a nós nesse momento da nossa vida. Da mesma forma que quando estamos doentes e precisamos regularmente encontrar os médicos, com as nossas amizades acontece algo semelhante, quando nós estamos fragilizados, temos muita necessidade de termos pessoas de confiança ao nosso lado. Eu me lembro que em momentos bem difíceis que vivi, foi isso que me ajudou muito, eu poder olhar para o lado e reconhecer pessoas em quem eu confiava.
Sabemos que a confiança é fruto do tempo. Não adianta querer confiar em alguém da noite para o dia. E, por isso, devemos ter muito cuidado com os novos amigos que chegaram. Isso não quer dizer que fecharemos as portas para as novas amizades, mas é você ficar atento se esses que acabaram de chegar já são dignos de você confiar a sua vida. A confiança é gradual e até nisso, nós demonstramos a nossa ansiedade. Por vezes, queremos ficar amigos da noite para o dia, já queremos acelerar o tempo e isso pode ter riscos. O risco de se frustrar e se decepcionar com essas pessoas.
Quando falamos sobre tempo eu gosto muito desse texto de Eclesiastes 3 que você já deve ter lido muitas vezes.
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz” (Eclesiastes 3.1-8).
Eu acho muito interessante, porque o texto pega os principais verbos que fazem parte da nossa vida e mostra que entre uma realização e outra há um tempo necessário. Me faz pensar também quando cortamos alguma parte do nosso corpo, quando você corta o dedo, agora vamos ter o tempo da cicatrização e o corpo tem um tempo para isso. Tempo do organismo reunir todos os elementos da cicatrização, e é recomendável não mexer naquilo até a casquinha surgir e cair. Se quando começar a cicatrizar, você mexe novamente por curiosidade ou ansiedade, você atrasa o processo.
Às vezes, fazemos o mesmo sobre os nossos relacionamentos. Existem pessoas nesse momento, precisando de se libertar de relacionamentos tóxicos, e elas lidam com essa dependência emocional, como se estivesse se libertando de um vício em álcool ou drogas. Elas precisam viver dia a dia esse processo de libertação dessa relação tóxica. Às vezes, nem é dia por dia, é hora por hora, quando a dependência é muito intensa nós precisamos vivenciar o libertar-se uma hora de cada vez. E assim, a gente vai vencendo.
Se achar que já está livre e se reaproximar novamente, acreditando que já não está mais dependente daquela relação que lhe fez tão mal, pode correr o risco de voltar à estaca zero. Isso acontece muito com pessoas que estão tentando se libertar de relacionamentos abusivos em qualquer esfera. Entre amigos, namorados e tantos outros. Por exemplo: O relacionamento abusivo é aquele namoro que você sabe que só te faz mal, a pessoa não te quer bem, te usa o tempo todo, te trai o tempo todo, mas você gosta dele. Talvez você pense: “Ah… mas eu não consigo me libertar… Não consigo viver longe…”
Entre a decisão que você precisa fazer algo por você, até o resultado final de uma libertação, há um tempo que você nem pode precisar quanto será. Mas, o fato é que se você não vive a vitória de cada instante, você nunca vai se libertar daquela pessoa. Você será eternamente dominado por ela. Viverá aquela relação que lhe faz tão mal e lhe desfavorece.
Existem pessoas sofrendo em relacionamentos nos quais existem violência verbal, emocional e até física. Existem pessoas vivendo debaixo do domínio de outra, pessoas sequestradas em suas emoções e elas não sabem o que fazer para sair desses relacionamentos. Mas essas pessoas, muitas vezes, estão dentro dos relacionamentos e não percebem essa relação tóxica, elas precisam que alguém próximo que está percebendo as alertem. Algumas têm consciência de que o outro lhe faz mal, mas elas não têm forças para lutar contra isso.
Essas pessoas precisam fortalecer dentro delas um amor próprio, a consciência de que essa vida que ela está vivendo não é justa e Deus não tem culpa disso, porque são escolhas que fazemos e sofremos as consequências dessas decisões, dessas escolhas. Quando a pessoa acorda e percebe essa relação tóxica, ela precisa agora de um tempo de cicatrização dessa ferida, ela precisa ter paciência com o processo que precisará viver longe da pessoa que lhe fez tão mal. Algumas vezes, serão anos esse processo, sim, esse é um tempo longo demais, né? Mas acontece. Algumas pessoas, nesse período sofrem recaídas e acabam voltando aos relacionamentos tóxicos que lhe fizeram tanto mal.
A dependência emocional é doentia, patológica mesmo. A pessoa dependente não consegue se ver livre daquela relação doentia. Até porque toda libertação requer um período de transição, ninguém fica livre de uma dependência emocional da noite para o dia. Da mesma forma que um relacionamento abusivo não se estabelece da noite para o dia.
Volto a dizer, quando a dependência emocional está muito enraizada dentro de nós precisamos vencer minuto a minuto, hora a hora, dia a dia. Para depois você ter o privilégio de colecionar meses de superação. Sim, às vezes, a separação precisa ser radical. Tem pessoas que bloqueiam o outro no celular, mas o outro tem suas formas de chegar até você. Tudo isso são autossabotagens que você faz e nem percebe.
Devíamos ter medo de estar mal acompanhados como temos de ficar sozinhos.
Mas, é bom lembrar de algo importante, e para isso, vou destacar algo que a minha amiga Lenise Freitas me disse esses dias: “(…) Relacionamentos saudáveis são aqueles que no lugar de dependência emocional existe a interdependência – característica de conexões onde existe reciprocidade equilibrada. Uma troca benéfica na qual todos são livres e trabalham em conjunto para se tornarem pessoas melhores e mais bem-sucedidas em seus objetivos, sejam eles comuns ou não. Era o tipo de relação que Jesus estabelecia com seus discípulos e deseja que exista entre nós. Afinal, também sabemos que ninguém faz nada sozinho (…)”.
E claro, separar e viver a terapia do tempo é sabedoria, e para isso precisamos atravessar deserto, e isso não é prazeroso, mas quando vislumbramos a terra prometida, a libertação, nos sentimos impulsionados a viver o dia a dia, o processo. Precisamos abrir os olhos e ver o que queremos alcançar. O que você quer alcançar?
Eu quero ser uma mulher mais livre. Quando olho para o futuro eu vejo uma Dione muito mais livre do que sou hoje. Mais livre do que os outros pensam, acham, por vezes, nos aprisionamos no medo do que os outros estão pensando de nós, mas costumo dizer que é bom se livrar desse medo, porque os outros não pensam em nós tanto assim. Eles estão pensando neles. Acredite!
Atente para os amigos verdadeiros e ouça seus conselhos, a esses sábios amigos, ouça, seja influenciado e siga a sua trajetória livre e em paz. O que precisamos alcançar não está só fora de nós, está aqui dentro, então, se for preciso cortar relacionamentos tóxicos que o prendem, faça isso! Se fortaleça em Deus e saiba que, aos poucos, esse sentimento de perda vai diminuindo. Após sair do relacionamento abusivo, fique atenta para os novos relacionamentos que surgirem. Aproveite enquanto está lúcida e não está apaixonadíssima.
Eu não pretendo alcançar apenas (e me desculpe pelo apenas) um apartamento, um carro, mas é um jeito de ser que quero alcançar. Quando sabemos que estamos no caminho certo, vale a pena viver cada minuto de nossos relacionamentos de forma saudável. O tempo, sempre será favorável àqueles que querem chegar!
Aos que estão livres de relacionamentos tóxicos um último recado: marque um encontro consigo para comemorar por não estar num relacionamento errado.
Por Dione Alexsandra Ferreira - Publicitária, pós-graduada em Comunicação Digital; Professora do Centro de Treinamento Bíblico Rhema; autora dos livros "Superação" e "Jornada para a Liberdade", publicados pela Editora Reinar e integrante do Departamento de Comunicação do Centro de Operações do Ministério Verbo da Vida.
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