Cálice de morte

Este é um tempo difícil, os cálices estão servidos. Cada um decide se será fiel ou não ao seu chamado, a sua vocação, a nova vida que aceitou e decidiu viver em Cristo...

Fonte: Guiame, Edmilson MendesAtualizado: quinta-feira, 2 de julho de 2015 às 12:34
Luto _ imagem ilustrativa
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Está difícil? Está. Existe uma crise? Existe. Muita confusão para administrar? Demais. Não importa com quem se converse, aonde se esteja, com a classe social que for, desânimos misturados com desesperança são recorrentes.

O clima de insegurança com o hoje e o amanhã atinge escala global. Não importa o tipo de crise, se política, se econômica, se bélica, não importa, o fato é que cada país enfrenta sua instabilidade que provoca apreensões naqueles que vivem o drama para além das notícias.

Olhares e corações andam assustados com antigas perguntas, já feitas por nossos avós: Como será o amanhã? O que nos reserva o futuro? É o fim do mundo? Será que tudo vai se perder? Enfim, perguntas angustiantes que calam fundo na alma.

A impressão, para muitos, é de abandono e rejeição. Parecendo que ficar indefesos e esquecidos é o único destino possível, que tudo simplesmente dará errado, que tudo está irremediavelmente perdido.

Jesus, será que sentiu ou sabe que dor é essa? Sim, Ele sabe. Na tradução da Bíblia Viva, no evangelho de Marcos, capítulo 14 e versículo 35, encontramos uma informação quase inacreditável sobre aquele que foi chamado de Emanuel, o Deus conosco: “Ele foi um pouco adiante, caiu em terra e orou que, se fosse possível, a hora horrível que O esperava não chegasse.”

Imagine a cena, não existe qualquer glamour ou formalidade, o próprio Cristo “caiu em terra e orou”, clamando para que momentos piores não chegassem. Não é difícil imaginarmos que naquele momento o ambiente social, religioso e político já era péssimo para Jesus, mas Ele pressentia em cada veia de seu corpo que tudo iria piorar!

Aí chegamos no versículo 36, no qual Cristo faz uma oração que não foi atendida: “Tudo é possível para o Senhor. Afaste este cálice de mim. Contudo, eu quero a Sua vontade, e não a minha.” Repetindo: Esta é uma oração que Jesus fez e não foi respondida, como algumas que já fizemos e também não foram atendidas, e a maioria de nós não aceitou e reclamou muito. Sim, ao final Ele declara que se submete a vontade do Pai, mas também declara Sua individualidade e desejo quando reforça que tem uma vontade específica e, reconhece, diferente da vontade do Pai.

Por que Cristo fez tal oração? Simples, porque nenhum ser humano quer beber um cálice de morte, nem Jesus, enquanto homem. E, como homem, Jesus nos deixa claro que existem cálices pessoais, particulares, intransferíveis e que, portanto, ninguém vai beber em nosso lugar.

Este é um tempo difícil, os cálices estão servidos. Cada um decide se será fiel ou não ao seu chamado, a sua vocação, a nova vida que aceitou e decidiu viver em Cristo. Vida nova que nunca foi dito que seria fácil, mas sim que seria um grande passo de fé, uma fé sobrenatural que nos dá a certeza das garantias do Pai.

Jesus encarou Seu cálice pessoal. Foi crucificado, morto e sepultado. No capítulo 16, no versículo 6, algumas mulheres que não participaram do cálice da morte que pertencia apenas a Jesus na cruz, agora começam a brindar o cálice de vida quando um anjo diz a elas, impactadas com o sepulcro vazio: “Ele não está aqui! Voltou a viver!”

Esta é a beleza e o consolo do evangelho para tempos de paz ou tempos de crise, a todo aquele que crê: todos temos nossos pessoais cálices de morte, seja como indivíduo, seja como povo dEle. Mas também todos que perseverarem até o fim continuarão a ter acesso ao cálice de vida simbolizado na Sua ressurreição. Isso mesmo, continuarão, porque na cruz este cálice de vida já foi oferecido a todos os homens.

Paz!

- Edmilson Mendes
e-mail: mendeslongo@uol.com.br
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina

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