E como ensina! Semana passada a Liga dos Campeões da Europa arrebatou torcedores do mundo inteiro por conta de resultados improváveis. Primeiro foi o Liverpool, que despachou o Barcelona com Messi e companhia num resultado que raríssimas pessoas e comentaristas acreditavam que pudesse acontecer. Mas o melhor ainda estava por vir. Dia seguinte, uma quarta-feira, o Tottenham despachava o Ajax que jogava em seu estádio, lotado com sua torcida, cravando um placar de 3x2. Até aí, tudo normal, diriam os desavisados. O impressionante fica por conta de como foi construída esta vitória.
O Tottenham havia perdido a primeira partida na sua casa. No segundo jogo, terminou o primeiro tempo perdendo de 2x0. Restava apenas o segundo tempo que definiria quem se classificaria para enfrentar o Liverpool na grande final. Parecia impossível. Parecia. Foi então que um jogador, brasileiro, esquecido, injustiçado e desprezado muitas vezes por torcedores, analistas e mídia em geral, lutou para andar por um caminho que nunca esqueceu, o caminho do gol.
Lucas Moura é o nome dele. Amargou no PSG a reserva e muitos jogos sem nem ao menos ser relacionado. Para piorar, o PSG montou um time com estrelas caríssimas do futebol mundial, momento que muitos achavam que finalmente o Lucas encontraria um lugar, já que seria um supertime e facilitaria para ele a prática do esporte, mas não, após a montagem do supertime do PSG ele foi dispensado, saiu praticamente pela porta dos fundos do clube. Esquecido, desprezado, humilhado. Foi neste contexto que o Tottenham o levou, o aceitou, enfim, lhe deu uma nova chance.
No novo time não era o titular. Mas a vida prepara para todos nós oportunidades inesperadas para os que não esperam, digo isso porque o Lucas estava pronto, fisicamente em ordem, emocionalmente equilibrado, ou seja, ele pacientemente esperava o surgimento de uma oportunidade. Harry Kane, o titular da posição se machucou, surgiu a vaga, Lucas foi escalado, determinado foi pro jogo que tanto esperou. Do pai ouviu o que desde menino ouvia: “arrebenta moleque!”, o moleque arrebentou.
Foram inacreditáveis três gols. Corrigindo, não foram gols, foram golaços, principalmente se você considerar a pressão: semifinal, casa do adversário, torcida contra, derrota parcial de 2x0 no primeiro tempo. Mas ele arrebentou e fez três no tempo final, sendo o último nos últimos segundos da partida, pra esticar ao limite as emoções de todos que acompanhavam. Dentre as falas dele, destaquei essa: “Demos tudo no campo. Acredito que merecemos este momento. Somos uma família. Estou muito feliz. Foi um grande presente de Deus e gostaria de compartilhar com meus companheiros, famílias e amigos.”
A vida dá muitas voltas. Modas vêm e passam. Brigas acontecem. Falências assombram. Perdas, prejuízos e mortes complicam o caminho. Mas não importa o tamanho do abismo no qual caímos, não vem ao caso o tamanho da tragédia que apavora nosso coração, nos momentos da virada, da reação, da redenção, é sempre com eles, é sempre neles que vamos encontrar refúgio, consolo, força, esperança, vitória, sempre serão eles: nosso Deus, nossa família! Por isso o futebol é apaixonante, porque ensina, mesmo quando pensamos que é só uma partida de futebol.
Vai pro jogo! Não se assuste com o resultado desfavorável até agora. A partida da sua vida não terminou. Dê sempre o seu melhor. Acredite em cada jogada. Jogue pelo time. Seja parte fundamental no time. Honre sua posição no time. Sua hora vai chegar! E aí, amigos, quando finalmente chegar sua oportunidade, capricha, briga e empurra pra dentro do gol seus sonhos com toda fé e esperança. Grite o grito dos que confiam e corre pro abraço, na torcida está o Pai, vibrando e esperando tanto quanto você por este momento único, momento preparado por Ele exclusivamente para as partidas que tanto esperou, para as batalhas que você nunca desistiu.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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