Como começam as grandes chuvas? Os grandes tornados? Os grandes incêndios? As grandes guerras? Com uma gota d’água, um pequeno vento, uma faísca, um pequeno orgulho. Grandes dramas, geralmente, começam pequenos. Justamente por causa dos motivos, que são pequenos, não percebemos os riscos, deixamos tudo correr, e quando nos damos conta, é tarde demais.
Permissividade é uma boa palavra para se tentar explicar o fenômeno. Cada vez mais as pessoas “se permitem”. A expressão em si soa moderna, quando de moderno nada tem, apenas carrega uma construção gramatical glamourosa com ares de moderno, quando, na verdade, é apenas mais uma desculpa a se somar a repertórios antigos para justificar fraquezas, erros e pecados.
Casais vão permitindo. A falta de diálogo. A desatenção com os pequenos deveres do dia a dia de um lar. Pequenas mentiras nas finanças da casa. Cobertura e proteção para os mal feitos dos filhos. Sites indevidos substituindo prazeres pessoais com o cônjuge por ilusórios prazeres digitais. Insubordinação por parte dos filhos a professores e autoridades vão sendo defendidas como normal, como se fossem um direito. Desinteresse e frieza pelos parentes da família do cônjuge. Distanciamento. Desinteresse. Isolamento.
Moçada vai permitindo. Tocar o terror atrás de uma filosofia tipo vida louca. Experimentar hábitos reprováveis que, afinal, toda turma experimenta, que mal tem? Decidir a vida pelo “meu corpo, minhas regras”. Sexo, desde que se ame, tá valendo, afinal, fazer testes driver é fundamental para se ter certeza de felicidade futura, será? Por que não pode? Quem disse que não pode? Por que é pecado? Ai, tudo é pecado pra esse gente antiga e quadrada...
Igrejas vão se permitindo. Se moldar pelas tendências mundanas. Pregam mensagens palatáveis, docinhas, decoradinhas ao gosto do grande público. Priorizam músicas cada vez mais antropocêntricas, pois o ego foi entronizado e precisa de afago e adoração. Evitam falar de doutrina, porque é pesada, focam num amor manco, uma vez que só tem a perspectiva de tudo aceitar, jamais questionar, denunciar e tocar profundamente nas feridas purulentas, senão machuca, causando dodói.
Diferentes ambientes e praticamente uma mesma explicação. Precisamos fazer assim e assim, caso contrário perderemos público, relacionamentos, inclusão na turma. Assim, com essas estratégias suicidas, casais vão se separando e se perdendo, jovens vão se afundando em traumas emocionais os mais variados, igrejas vão se derretendo e, ironicamente, na maioria dos casos, os envolvidos são incapazes de enxergar as próprias culpas nas escolhas que fizeram.
Eclesiastes 10:1 explica direitinho este processo: “Assim como algumas moscas mortas podem estragar um frasco inteiro de perfume, assim também uma pequena tolice pode fazer a sabedoria perder todo o valor.” Entendeu? Atitudes fracas aparentemente desimportantes são, na verdade, pequenos grandes riscos. E o são porque destroem vidas, relacionamentos, crenças, santidades. Considere as pequenas coisas. Vigie e zele para que elas não cresçam, pois é a partir da fidelidade no pouco que Deus nos coloca no muito. Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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