Não curto adesivos

Respeito os que gostam de adesivos, não existe nada de errado nisso. Mas prefiro estampar gestos, atitudes e palavras afirmativas que comunicam a fidelidade de Deus, procurando me manter fiel nos embates e provações da vida

Fonte: Guiame, Edmilson MendesAtualizado: sexta-feira, 21 de agosto de 2015 às 13:04
Adesivo no carro
Adesivo no carro

É só um gosto meu não curtir adesivos. Respeito os que gostam. Mas não me sinto confortável em expressar minha fé colocando um adesivo no meu carro. Adesivos descolam, desbotam, rasgam. Prefiro me dedicar em transmitir um testemunho que me defina sem hipocrisias. Ou seja, no lugar de grudar uma mensagem na lataria do meu carro, acho mais eficiente grudar a mensagem do evangelho no meu agir.

Isso sem mencionar as piadas prontas que vemos no trânsito. Outro dia no vidro traseiro de um carro se podia ver o famoso adesivo que diz “Este carro é um presente de Deus” e, logo abaixo, um papel com a informação “vende-se”. Como assim?!? O sujeito está vendendo o presente dado por Deus?

Outro adesivo famoso, acho até que foi um dos primeiros, é o inconfundível “Deus é fiel”. E é mesmo! O problema fica por conta de uma sociedade cada vez mais infiel que, só pra citar um exemplo, cola adesivos como amuletos apenas, e não reflete nas implicâncias contidas na mensagem que Tudo dando errado na vida. As coisas indo de mal a pior. Mas o adesivo está lá afirmando que “Deus é fiel”. Seu dono já nem lembra que colou o tal adesivo, as vezes já está naquele ponto de questionar, praguejar e descrer na mensagem simples e clara que afirma: “Deus é fiel.”

No Salmo 18, a partir do verso 25, somos apresentados a um relacionamento desde sempre orientado e desejado pelo céu: “Ao fiel te revelas fiel, ao irrepreensível te revelas irrepreensível, ao puro te revelas puro, mas com os perversos reages à altura.”

Observe o uso dos dois verbos no poema do salmista. Para o fiel, irrepreensível e puro Deus se revela no mesmo nível de bondade e integridade. Aqui, revelar é o verbo. Ou seja, Deus revela o que Ele já é desde sempre para todo aquele que se achega com o coração sincero, contrito, convertido.

Para o perverso, no entanto, o verbo é outro: reagir. O texto diz que Ele reage a altura das perversidades praticadas. Interessante que o verbo não seja revelar, afinal, Deus não é perverso, portanto não pode revelar o que não é. Mas é justo, e com justiça reage contra toda perversidade praticada.

Vou repetir o que escrevi no começo, respeito os que gostam de adesivos, não existe nada de errado nisso. Mas prefiro estampar gestos, atitudes e palavras afirmativas que comunicam a fidelidade de Deus, procurando me manter fiel nos embates e provações da vida. Mas não confunda, não creio numa troca ou recompensa meramente matemática. As recompensas a “altura” contra perversidades, conforme diz o salmista, se dão justamente por Ele ser fiel a sua própria palavra, aos seus mandamentos, ao seu amor.

No mais, cada um gruda o que bem entender no seu carro. Da minha parte, como disse, ainda prefiro demonstrar gentileza e cortesia no trânsito, evitar disputas, usar freios, buzinas e setas corretamente, enfim, respeitar os demais para provocar uma boa convivência. Isso, me parece, ainda é mais eficiente para se conquistar a simpatia no trânsito e, transportando o mesmo princípio para a vida, respeitar regras, leis e limites que definem até onde vai a minha liberdade, é a melhor forma de adesivar a mensagem que nos conquistou.

O resto, pelo menos para mim, não cola.

Paz!

- Edmilson Mendes
e-mail: mendeslongo@uol.com.br
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina

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