Outro dia presenciei uma discussão acalorada, intensa, dessas que é melhor mantermos uma certa distância pra garantir nossa segurança. Discutidores eram convictos, cada um com argumentos na ponta da língua, cada qual defendendo seu mito preferido.
Os olhares eram pouco amistosos, não existia clima para pacificação, o que se via era apenas... Ódio.
Acha que estou falando de política? Se enganou. Me refiro ao Natal. A discussão que presenciei era entre pessoas que se identificam como cristãs.
Mas não estamos em dezembro? Onde foi parar o famoso “espírito de Natal”? Aquele clima de paz, amor e união, onde foi parar? Pois é, tanta coisa boa pra se pensar e explorar, aqueles dois discutiam sobre o que pode e o que não pode.
O incrível é que são debates acalorados que se repetem todo ano: “A data tá errada, não foi 25 de dezembro!”, “Não pode dar presentes!”, “E panetone, pode?”, “Presépio é pagão!”, “Foi a Coca-Cola que inventou o Natal!”, “Luz piscando pela casa, tá valendo?”... A lista é enorme.
E são cristãos que discutem, cada grupo baseando-se nas informações históricas que conseguiu reunir e nas interpretações bíblicas que teve acesso. Pra quê? Por quê?
Acho que pouquíssimas são as pessoas que acreditam no nascimento de Cristo num 25 de dezembro, assim como no geral, a maioria das pessoas tem consciência de como o comércio domina a cena natalina.
Então por que brigam e discutem tanto? Penso que este é um comportamento que aflorou com as possibilidades das mídias sociais, o número de pessoas que gosta de uma treta aumentou exponencialmente.
Respeitar cada um o espaço do outro ajudaria bastante. Somos únicos e diferentes. Pense em quantas coisas você entendia de um jeito e hoje compreende de outro. Talvez aproveitar a data pra falar do verdadeiro Cristo seja mais inteligente do que ofender e diminuir irmãos, afinal foi essa a grande sacada de Paulo no areópago ao ver um altar “ao deus desconhecido”.
O apóstolo dos gentios dizia ousadamente que ele conhecia o Deus que eles não conheciam. É Natal, época em que se ergue um altar em cada vez mais lugares a um deus que cada vez mais é desconhecido de todos. Não seria esta uma ótima oportunidade para dEle falarmos, cantarmos e glorificarmos? No areópago o debate corria solto, Paulo resolveu quebrar o paradigma e trazer a boa nova.
Infelizmente, no entanto, crentes das mais diferentes correntes de fé, têm feito a opção de respirar o ódio destes tempos. Provérbios 15:28 oferece uma dica de ouro: “O justo pensa bem antes de responder, mas a boca dos ímpios jorra o mal”. Ou seja, pense antes de falar!
Não precisamos responder a todas as provocações, não precisamos falar tudo que pensamos. Tempos de ódio só serão vencidos com tempos de reflexão, prudência e sabedoria.
Talvez seja esse o triplo presente que você merece dar pra você mesmo: “Reflexão, prudência e sabedoria”. Não entre em discussões vazias, improdutivas, infantis.
Lute sempre o bom combate da fé, na certeza que Ele guerreia por seu povo em todo o tempo, inclusive nesse tempo final, tempo de festas e também de angústias, tempo de não se render ao ódio fácil e se dedicar a entregar o melhor tempo a Deus, Aquele que nos dá o tempo!
Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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