O julgamento do século

O julgamento do século

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Pelo menos é assim que a imprensa européia está chamando o julgamento do austríaco Josef Fritzl, também chamado de "monstro de Amstetten"; o que não é nenhum exagero para quem manteve em cativeiro, por quase 25 anos, a própria filha. E com esta filha mantinha regulares relações sexuais das quais nasceram sete filhos, sendo que um veio a óbito e ele o queimou.

O resultado foi prisão perpétua e uma internação por tempo indeterminado numa instituição psiquiátrica.

Depois da sentença, ele disse: "Não posso fazer mais nada a respeito [...] lamento do fundo do coração".

Desde quando este fato veio a público, fiquei preocupado. Por três motivos:

Primeiro: O que leva um pai a violentar uma filha por quase 25 anos? Pior, violentar uma filha e sete crianças? E então, aos 73 anos, de forma fétida e miserável declarar-se culpado?

Segundo: Como o "monstro de Amstetten" conseguiu manter o sigilo da sua monstruosidade, sem ninguém desconfiar, no porão da sua casa? Como? Vizinhos, amigos, parentes, ninguém nunca desconfiou?

Terceiro: Este fato atraiu a imprensa do mundo. Só no julgamento tinham 3 juízes e 95 jornalistas credenciados. Gente demais, poderíamos achar. Mas estamos falando do "julgamento do século". Bem, agora deixa eu explicar as minhas preocupações.

Estou preocupado porque percebo muitos construtores de porões entre nós. Gente que insiste em se apresentar e enganar, tentando mostrar uma vida pacata, normal, como a de Fritzl. Porões secretos são construídos apenas para abrigar pecados secretos, ainda que custem a vida humana. São porões da alma, do coração. Assim como aqueles sete filhos de incestos foram nascendo, nos porões que perduram, o mal vai proliferando até o ponto do insuportável.

Estou preocupado porque a tecnologia que tanto nos prometeu em termos de comunicação - e nos deu, registre-se - nos tornou pessoas solitárias, distantes, sem a dinâmica da comunhão, apenas um exército de tecladores conectados, deixando-nos cada vez mais isolados uns dos outros, iludidos com as propostas digitais mascaradas em forma de áudio e vídeo. Ou seja, tornando-nos absolutamente insensíveis para a vida, qualquer vida, que pulsa a um palmo do nosso nariz.    

Estou preocupado porque 3 juízes e 95 jornalistas cadastrados é muita coisa para um só julgamento. A imprensa certamente foi atraída pela história em si, com todo o mau cheiro que se espalha em cada palavra que se usa para contá-la e aqui, está minha maior preocupação, o imenso volume de monstruosidade que a imprensa não está vendo.

O "monstro de Amstetten" é ridículo comparado ao "Príncipe das potestades do ar", citado por Paulo aos Efésios 2.2. A história de perseguição e sedução ao homem, protagonizada por este príncipe, começa em Gênesis, onde ele é uma serpente, terminando em Apocalipse, onde ele é um dragão.

O que significam estas figuras? Em Genesis, após a tragédia da desobediência à vontade do Criador, veio a sentença para a serpente: "Pó comerás todos os dias da tua vida", Genesis 3.14. O ser humano, como sabemos, foi formado do pó da terra e seu fim é tornar-se pó. É horrível, mas é real, Satanás só se satisfaz quando vê um filho de Deus inevitavelmente perdido, sem vida e sem Cristo, este é seu alimento e seu prazer, matar, roubar e destruir.

Agora compare. A serpente rastejante do princípio torna-se um enorme dragão no final. Por que? Milênios de história explicam, o evangelho explica, Noé explica. Milhões ouvem o evangelho, muitos são chamados, poucos são escolhidos. Multidões vivem em porões, presas pelo dragão insaciável do apocalipse. Ou seja, a pequena serpente de tantas vítimas que tem ceifado não pára de engordar, transformando-se num imenso dragão. É este dragão que continua exigindo sangue e sacrifícios absurdos nos altares e lugares mais estranhos do planeta, gargalhando ao ver milhões e milhões de jovens entregues ao álcool, drogas e prostituição, vibrando com amantes e traições que destroem famílias e mais famílias, hipnotizando crianças e velhos sem dó ou apelação.

Nada disso a maioria da imprensa está vendo, até porque grande parte dela, de certa forma e em nome dos seus interesses, é também um agente para a manutenção desses porões que cegam, emudecem, ensurdecem e fazem vegetar toda uma geração.

Mas o julgamento da história está chegando, aliás, já começou pela casa de Deus onde, em hipótese alguma, o Filho permitirá a manutenção de porões. Todos, um a um, precisam ser destruídos.

Na casa de Deus não se permite abuso espiritual. Estupro da boa fé e do bolso do próximo. Relações pedófilas que se aproveitam de pessoas que nasceram de novo, portanto uma criança no evangelho independente da idade. Cativeiro para obscurecer a alma negando a mesma as bênçãos da cultura saudável, como a boa arte, a boa música, a boa literatura, o bom lazer, a boa saúde.

Pedro fala deste julgamento quando diz: "Já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus, e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?" I Pedro 4.17.

Resista aos porões. Se souber, denuncie. Se estiver em um, clame, fuja. Submeta seu coração à vontade de Cristo, permita que Ele faça aí uma morada e sossegue, onde Cristo habita, monstros não ficam! E quem com Cristo habita sabe que, além do Salvador e Senhor que Ele é, ainda poderá contar com outra especialidade que será muito necessária no julgamento final, a de Advogado! Ah, antes que eu me esqueça, lá não entrarão outros advogados, apenas um, o Dr. Jesus Cristo. Acho bom agendar um horário com Ele!

Paz!

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

Contatos com o pastor Edmilson Mendes:

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