Sabe aquele momento crucial quando você já tentou tudo? Já ouviu a opinião de vários médicos, já fez e repetiu todos os exames, já passou por vários procedimentos cirúrgicos e nada, tudo segue apenas piorando em sua saúde. Já tentou um negócio, já enviou centenas de currículos, já tentou um empréstimo e nada, as torneiras estão secas, a dívida só aumenta. Já se humilhou tentando a reconciliação, já rastejou atrás de pessoas que nem notaram sua presença, já se anulou completamente para salvar um relacionamento e nada, só conseguiu abrir e esfolar ainda mais feridas profundas.
Estes são momentos últimos, que marcam nossos derradeiros esforços tentando uma solução, uma virada, um... milagre. E nada. São cenários catastróficos que mostram de forma inconfundível que todas as portas se fecharam, inclusive aquela que, para nós, é a última porta. Este é o ponto no qual já não sabemos o que fazer, para onde correr, a quem pedir clemência, tudo desmoronou, a porta se fecha e não temos qualquer chance de abrí-la. Resta-nos o lugar escuro, sem saída, sem ter nada mais a fazer. Mas, o que fazer quando a última porta se fecha?
Com uma vida exemplar, com um testemunho acima de média, com uma biografia irretocável, o profeta Daniel, na casa dos seus 80 anos, passou pela experiência amarga de ver a última porta se fechar em sua vida. Por ciúmes e inveja de 120 príncipes e 2 presidentes, ele foi inapelavelmente jogado para a morte na cova dos leões. Como o rei Dario tinha clara intenção de torná-lo o homem mais poderoso em sua administração, os demais armaram uma cilada para ele.
Quando lemos Daniel 6:17, somos informados de que o profeta foi colocado na cova e, na sequência, uma pedra foi posta na entrada, selada pelo sinete do rei e, durante toda uma noite, ele amargou a escuridão na companhia de leões. Não adiantava gritar, implorar, suplicar, ninguém o escutaria. Aquilo não foi algo como “vamos dar uma boa lição em Daniel”, nada disso, a terrível conspiração daqueles homens tinha apenas um objetivo: exterminar Daniel. Exatamente o que faz o inimigo de nossas almas em cada cilada que tenta nos colocar, o objetivo sempre é o de nos exterminar.
Quando a última porta se fecha o desespero nos abraça. O sono foge, já não dormimos em paz, não comemos direito, não refletimos equilibradamente, a pressão é alterada, as palpitações assustam, a alma se recolhe, a amargura nos aperta, a sensação de fim de linha assombra. A pergunta, neste ponto, é inevitável: o que fazer quando a última porta se fecha? Daniel nos ensina, não abra mão de Deus.
O decreto que armaram astutamente contra ele ordenava que durante 30 dias não se orasse a nenhum deus, a não ser ao grande Dario. Daniel se recusou e, como sempre fazia durante toda sua vida, continuou orando 3 vezes ao dia ao Deus de Israel, o único e verdadeiro. Ou seja, independente de leis, de provas, de provocações, de ciladas, de riscos, de perigos, ele permaneceu fiel em sua disciplina de oração. Foi assim que, pela manhã, o rei foi até a cova, mandou que retirassem a pedra e descobriu que o Deus de Daniel o havia livrado da boca dos leões e então foi retirado de lá sem nenhum arranhão, tudo porque creu fielmente em Deus.
No texto, ao responder ao rei, Daniel afirma que o Senhor enviou o seu anjo que o protegeu. Os inimigos tinham certeza que haviam jogado Daniel na cova dos leões, mas Deus transformou o lugar na cova do anjo! Não havia solução para aquela situação, não tinha escapatória. Mas Deus dá jeito naquilo que não podemos dar jeito! Deus resolve o que não conseguimos resolver. Deus abre portas que para nós são definitivamente impossíveis de abrir.
O incrível é que a porta que os inimigos de Daniel fecharam sobre ele, agora seria fechada sobre eles, suas esposas e seus filhos. O texto diz que eles não conseguiram chegar ao fundo da cova, pois os leões estraçalharam todos os seus ossos. Tudo a mando do rei. Mas não foi só, o rei fez um novo decreto para que em todo o seu reino o Deus de Daniel fosse devidamente adorado. Ou seja, Ele abre a porta que ninguém tem poder de abrir, assim como muda decretos imutáveis!
Daniel não abriu mão de Deus. Apesar de tudo, apesar dos inimigos, apesar do decreto real, apesar do risco concreto de perder sua vida, apesar dos leões, apesar da solidão, apesar da porta rigorosamente fechada, ele não abriu mão do seu relacionamento com Deus, enfim, ele pagou o preço! Resultado? Deus não abriu mão de Daniel! Fique firme em sua fidelidade a Cristo, Ele continua com poder para abrir a porta que Ele bem entender e, você sabe, a porta que Ele abre, ninguém fecha!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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