A régua de medir da nossa sociedade atende pelo nome “sucesso”. Se a meta, o projeto ou a ação que se lança alcança prosperidade, lucro, crescimento, vitória, conquista, benesses, bens, tudo o mais tá valendo, numa lógica que simplesmente determina como certo tudo aquilo ou todo aquele que obtém sucesso.
Alcançar bons resultados é bom, é justo, é desejável. Nenhum problema quanto a isso. A distinção que deve equilibrar as ações é aquela que prioriza a ética, o certo, o moralmente aceitável, o correto. Quando algo que não é certo, dá certo, devemos fugir da aprovação fácil e questionarmos com coragem os meios que estão sendo usados para se alcançar determinado fim.
Sabe quando você trai seu cônjuge, inventa uma explicação, ninguém descobre, e dá certo? Sabe quando você apresenta um relatório de viagem e despesas em sua empresa, com notas adulteradas, ninguém nota ou questiona, e dá certo? Sabe quando as propinas enriquecem os bolsos de políticos por anos em esquemas de superfaturamento, ninguém percebe, e dá certo? Sabe quando igrejas deturpam a simplicidade do evangelho, sangra a boa fé do povo e arranca-lhe até o último centavo, lotam seus templos a cada dia e, inacreditavelmente, dá certo? Pois é, são coisas e situações que por um tempo dão certo, mas não são certas.
Pense no mais exemplar dos funcionários por décadas. Agora pense no tipo de trabalho que ele desempenhou por décadas. De 1829 a 1874, longos 45 anos, William Calcraft foi o principal executor na Penitenciária de Newgate, em Londres. Ele participou em quase todos os enforcamentos em local fechado ali realizados. 45 anos enforcando gente. Ok, eram as leis vigentes. Mas em 45 anos muitos foram injustamente julgados e enforcados. “Dura lex, sed lex”, “Dura é a lei, mas é a lei”, diriam alguns, mas... é certo?
Existia uma lei em Babilônia, mas Sadraque, Mesaque e Abednego se recusaram a obedecer. Social e civilmente falando, obedecer às leis babilônicas é o que faria as coisas darem certo pra eles naquela cultura, mas entenderam que não era certo. Deuteronômio 13:1-3 deixa esta cilada muito cristalina para os filhos de Deus, quando alerta sobre falsos profetas que prometem sinais espetaculares. Caso tais sinais venham a acontecer, o texto orienta a não darmos ouvidos e nem seguir o “certo” de tais profetas, pois trata-se apenas de um teste do Senhor para ver se O amamos e se faremos o que, enfim, é certo: permanecer nEle.
Não se impressione pelas coisas que aparentemente e temporariamente estão dando certo na vida de inimigos, na vida de gente que não tem qualquer compromisso com a Palavra, na vida de quem vive levando vantagem sobre os demais. Pode ser que tudo esteja dando certo para eles nesse momento, mas não é certo. É só uma questão de tempo, pois o Senhor está olhando erros e acertos de cada um de nós e, com seu amor, justiça e misericórdia, dará a colheita certa para a plantação que cada um tem feito. Como bem definiu G. K. Chesterton: “O certo é certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é errado, mesmo que todos se enganem sobre ele.”
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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