Só se ouve reclamação do forte calor aqui pelo sudeste do Brasil. A venda de ventiladores e ar-condicionado está bombando no comércio. As praias estão lotadas de gente à procura de lazer e o frescor tradicional que o mar proporciona. As piscinas estão lotadas. As sorveterias estão em festa com o volume de vendas de suas delícias geladas. É verão! Tá quente, muuuuito quente, com temperaturas que já provocam a reclamação de muitos: que calor insuportável!
Ao mesmo tempo, paradoxalmente, tem muita gente com frio por aqui, neste mesmo sudeste que narrei no parágrafo acima. Frio mesmo? Frio de verdade? Sim, frio de verdade. Mas um frio muito além de gelar apenas a superfície da pele. Um frio que ninguém vê. Um frio que só sente quem está na linha de ataque dele. Um frio que muitas vezes isola pessoas junto a multidão... e ninguém percebe que a vítima está isolada. Um frio que pode até matar as esperanças que tanto se cultivou. Um frio que pode fazer desesperados pensar até em suicídio.
Que frio é esse? Vou chamá-lo pela forma popular como muitos o tratam e o explicam, o já famoso “frio na barriga”. A versão light dele é bem tranquila, faz sofrer um pouco, mas nada além disso. É o “frio na barriga” dos apaixonados, tímidos e incapazes de se expressar bem nas intenções amorosas. E só. A versão pesada, no entanto, tem sufocado e maltratado muitos. É o “frio na barriga” que vem pra tirar o sono, a paz, adoecer, congestionar os pensamentos com preocupações indomáveis, revirar todas as entranhas do corpo.
Recebi um pedido de oração por parte de uma família que amo muito horas atrás, pouco antes de começar escrever este texto. É gente boa, crente, correta, mas que está vivendo sob ameaças injustas, terrorismos psicológicos, constantes e crescentes problemas com o carimbo de “insolúveis”, e que já não veem um caminho, um escape, uma alternativa boa para suas próprias vidas, família, enfim, seu lar. No meio do pedido desesperado, lá estava o drama explicado com a clareza desta frase: “pastor, estamos desesperados, acordamos, trabalhamos e deitamos o tempo todo com um frio, ‘frio na barriga’ que não nos deixa em paz, esse ‘frio na barriga’, pastor, é muito medo e insegurança em relação a tudo.”
Orei por eles. E também pensei em tanta gente que conheço. Tem muita gente com esse tipo de “frio na barriga”. Incertezas quanto ao amanhã. Dúvidas sobre como decidir, escolher, seguir, agir. Repulsa pelo tanto de notícias que trazem pânico, pavor, ameaça. Tristeza, frustração e decepção em ver tantos que apostávamos se entregando para as mais bizarras, estranhas e decadentes filosofias. Tudo isso somado assusta, revira o estômago e culmina com um sombrio “frio na barriga”.
“Não temas” é das expressões mais insistentes na bíblia. Penso que o Espírito Santo já sabia como as consequências do pecado afetaria nosso equilíbrio emocional, espiritual e social. Grandes homens e mulheres de Deus, do passado, também enfrentaram este frio inibidor e destruidor. O “Eu sou contigo” dirigido a Josué também nos alcança. Assim como ele venceu seus medos, inimigos e muralhas, também poderemos vencer. Deixa o fogo do Espírito aquecer todo frio que tenta fragilizar e desmoronar sua fé. Creia nEle, busque a Ele, confie nEle, o “frio na barriga” vai passar.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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