O volume de escândalos aumenta a cada dia. Volume indica repetição. Repetição constrói rotinas. Rotinas geram acomodação. Acomodação forma zonas de conforto. Zonas de conforto estimulam a passividade. A passividade tudo aceita. E aceita caladinha, caladinha.
E o sentimento da vergonha? Some no meio da sequência do parágrafo acima. É tanto deixa-como-tá-pra-ver-como-é-que-fica, que a vergonha é absorvida e evaporada pelas ondas de cinismo e ironia.
Jovens abusados, mulheres malandras, homens descarados, pastores nojentos, turmas hipócritas. Deram as mãos para Hofni e Finéias, os filhos do sacerdote Eli, e vivem dando altas risadas em total deboche com as liturgias dos outros.
Errei, e daí? Pequei, e daí? Ninguém tem nada a ver com minha vida, cuida da sua que eu cuido da minha. É assim que é, com frases raivosas e cheias de razão vai se tocando o chamado samba do crioulo doido. Vergonha? Esquece! Vivemos a geração mais desavergonhada da história.
Com truculências e brutalidades se exige microfones, instrumentos, púlpitos e unções. Pasmos, a tudo assistimos sem entender direito. Como se diz, quanta vergonha alheia…
Me sinto envergonhado pelas minhas falhas, erros, deficiências. Me sinto envergonhado pelo pouco que tento fazer. Recolhido, oro a Deus para que minhas bochechas continuem a mudar de cor denunciando as vergonhas dos meus desvios. Caso contrário, já não restará nem a vergonha, que vergonha!
Paz!
por Edmilson Mendes
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