Bem-aventurados sejam os misericordiosos

Jesus estendeu sua ação misericordiosa aos estrangeiros, aos endemoninhados, aos enfermos, aos leprosos, às mulheres, às crianças, aos publicanos e aos pecadores.

Fonte: Guiame, Hernandes Dias LopesAtualizado: terça-feira, 28 de novembro de 2017 às 15:04
Solidariedade. (Foto: Divina Misericórdia)
Solidariedade. (Foto: Divina Misericórdia)

Misericórdia é inclinar o coração na miséria do outro. Mas, quem é esse outro? Pode ser um membro de nossa família. Pode ser um membro da igreja que frequentamos. Pode ser um cristão ou um não cristão com quem não nos relacionamos. Pode ser até mesmo um inimigo. Embora, nossa ação misericordiosa tenha círculos de prioridade, estende-se ao fim, a todos, sem distinção e sem exceção. Eis o ensino do apóstolo Paulo: “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). Pensar que a misericórdia deve ser endereçada apenas à família de sangue ou aos domésticos da fé é uma limitação grotesca da vida cristã e um reducionismo sem fundamento da prática do amor ao próximo.

Jesus estendeu sua ação misericordiosa aos estrangeiros, aos endemoninhados, aos enfermos, aos leprosos, às mulheres, às crianças, aos publicanos e aos pecadores. Os apóstolos curaram um homem paralítico na porta do templo sem antes investigar se ele fazia parte da comunidade dos salvos. Na parábola do “Bom Samaritano” Jesus deixa claro que os religiosos, presos aos seus preceitos legalistas, passaram de largo e deram mais valor aos ritos sagrados do que a assistência a um homem ferido (Lc 10.31,32). O desprezado e nada ortodoxo samaritano foi quem socorreu o moribundo e o tirou da zona de perigo (Lc 10.33-35). No dia do juízo, Jesus disse que seremos julgados pela omissão de sonegar pão, água, vestes, abrigo e cuidado aos que, necessitados cruzaram o nosso caminho (Mt 25.31-46).

Jesus profere aqui uma bem-aventurança aos misericordiosos (Mt 5.7), aqueles que buscam razões para socorrer o aflito em vez de buscar subterfúgios para passar de largo. Os misericordiosos são aqueles que dedicam tempo aos necessitados, ajuda-os em suas necessidades e assiste-os em suas aflições. Os misericordiosos são aqueles que fazem o bem a todos, independentemente de sua crença, de sua raça e de sua condição social. O preceito do evangelho é dar pão a quem tem fome, ainda que este seja nosso inimigo. O apóstolo Paulo escreve: “… se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber…” (Rm 12.20). E acrescenta: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Jesus falou de oferecer um banquete a quem não pode nos retribuir. É expressar bondade àqueles que, esquecidos dos homens, podem revelar para nós o próprio rosto de Jesus. Quando fazemos o bem a um dos pequeninos famintos, sedentos, nus, doentes ou forasteiros, fazemos ao próprio Senhor Jesus (Mt 25.40).

A misericórdia abençoa não apenas aqueles que por ela são contemplados, mas, também, e principalmente, aqueles que a exercem. Jesus ensinou que “mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20.35). A alegria de ajudar é maior do que a alegria de ser ajudado. A recompensa de dar é maior do que a alegria de receber. Quando exercemos misericórdia imitamos aquele que é o Misericordioso por excelência. Quando inclinamos nosso coração à miséria do nosso próximo, isso traz glória ao nome de Deus no céu e gratidão a Deus na terra (Mt 5.16).

Mas Jesus conclui, dizendo que os misericordiosos alcançam misericórdia. Eles colhem o que semeiam. Eles recebem o refluxo do seu próprio fluxo. Eles bebem da própria fonte que deles jorrou. Eles comem do mesmo fruto cuja semente foi plantada na seara do amor. Oh, quão felizes são os misericordiosos! Oh, quão benditas são as mãos que se estendem para o socorrer! Oh, quão suave, como aroma, sobe ao trono de Deus no céu, as ações da misericórdia na terra! Deus está mais interessado no exercício da misericórdia do que no legalismo religioso (Mt 12.7). Deus dá mais valor ao ser humano do que a rituais. Esse valor foi eloquentemente demonstrado, não com palavras de fogo escritas nas nuvens, mas esculpida na cruz do Calvário, quando Deus não poupou a seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou (Rm 8.32)!

 

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