Disse ainda o Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo…” (Êx 3.7,8).
Os tempos áureos da família de Jacó no Egito há haviam se dissipado nas brumas do tempo. O povo cresceu e se multiplicou e, por isso veio, em pencas, a opressão. A escravidão associada ao flagelo fez amargar a vida do povo de Deus. Trabalhos forçados debaixo do chicote carrasco era a agenda do dia dos israelitas. Se não bastasse essas agruras desumanas, a dor do povo foi agravada, quando Faraó ordenou que todos os recém-nascidos do sexo masculino fosse mortos. Além da escravidão opressora, ainda se lhes acrescentou a dor da desesperança e do luto.
É nesse torvelinho de dor que o povo derramou, como água, o seu clamor diante de Deus. O Senhor viu, ouviu e desceu para livrar o seu povo da fornalha da aflição e da masmorra da escravidão. Como Deus é imutável, ele continua fazendo essas mesmas intervenções libertárias. Vejamos:
Em primeiro lugar, Deus vê a aflição do seu povo. Perseguir o povo de Deus é insurgir-se com violência contra o próprio Deus. O Senhor não está longe nem indiferente à dor do seu povo. Ele certamente a tudo vê e a todos sonda. Atacar o povo de Deus é declarar guerra ao próprio Deus. Somos a menina dos olhos de Deus. Ele tem zelo por nós. Ele é o nosso defensor. Ele sabe onde estamos, o que nossos exatores estão fazendo contra nós e como estamos nos sentindo. Deus sabe exatamente o que você está enfrentando neste momento. Ele conhece a dor que lateja em sua alma e o sofrimento que castiga o seu corpo. Sua aflição aflige também o coração de Deus. Ele é compassivo.
Em segundo lugar, Deus ouve o clamor do seu povo. O Deus que vê é, também, o Deus que ouve. Ele escuta o clamor do seu povo. O mesmo Deus que vê as lágrimas, escuta as orações. Assim como nada fica escondido diante dos seus olhos, também, nenhuma palavra de lamento ou súplica passa ao largo de seus ouvidos atentos. Ele não só se inclina no céu para ver o que se passa conosco, mas também inclina seus ouvidos para escutar o nosso clamor. A oração mais silenciosa é um grito altissonante aos ouvidos de Deus. Quando a terra se torna o palco da nossa aflição, podemos nos dirigir àquele que governa das alturas e fazer a ele as nossas súplicas. A oração é um recurso poderoso que o próprio Deus colocou em nossas mãos. Nenhum cristão é desprovido de força se pode orar ao Deus onipotente. A oração une a fraqueza humana à onipotência divina. Um crente de joelhos é mais forte do que um exército. A força da oração não está naquele que ora, mas no Deus que responde às orações.
Em terceiro lugar, Deus desce para livrar o seu povo. Deus viu, Deus ouviu e Deus desceu para livrar o seu povo. O tempo da escravidão havia terminado. O tempo da libertação havia raiado. Porque Deus desceu o povo poderia subir do Egito. O instrumento que Deus usou para libertar o seu povo foi Moisés, o menino tirado das águas do Nilo. Deus o preparou quarenta anos no Egito e mais quarenta anos no deserto. Ele tinha conhecimento e experiência. Deus deitou por terra o panteão de deuses do Egito. Deus enviou dez pragas e cada praga era uma ação divina para desbancar uma divindade egípcia. No Egito Deus revelou seu poder e ao seu povo demonstrou sua graça. Deus tirou Israel de uma amarga escravidão para conduzi-lo à terra prometida e assim cumprir sua promessa feita a Abraão. O nosso Deus, na cruz do Calvário, pelo seu sacrifício seu Filho, também nos livrou da escravidão do pecado e da morte. Hoje somos livres e estamos a caminho da nossa pátria celestial.
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: O Cristianismo sob ataque