O silêncio da Bancada Evangélica é mais preocupante que a gritaria coletiva – ainda que pareça que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Faço então um paralelo com Martin Luther King Junior, que dizia: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. E é este silêncio de cumplicidade que tem me causado tanta preocupação nos últimos meses.
Este silêncio que muitas vezes ajuda a encobrir uma série de maldades, que nem valem a pena serem pronunciadas. Pode ser este o caso da bancada que deveria nos representar na Câmara dos Deputados. Digo isso por conta do posicionamento de muitos destes deputados em relação ao presidente Michel Temer.
Todos sabem que o atual presidente está envolvido em uma série de escândalos de corrupção e que andou nos últimos 13 anos, ao lado do Partido dos Trabalhadores (PT). Ignorar estes fatos é no mínimo desrespeitar a sociedade brasileira.
Temer, assim como os ex-presidentes Lula e Dilma, também tem tido um posicionamento contra Israel junto à Organização das Nações Unidas (ONU), seguindo a mesma política externa que seus antecessores implantaram, inclusive com patrocínios ao grupo terrorista Hamas em forma de doações.
Assim como cobramos dos petistas uma postura exemplar no comando do nosso país, também devemos cobrar do emedebista uma postura digna, ainda que, ao meu ver, não haja mais tempo dele se redimir de seus erros, pois deveria já estar respondendo à justiça terreal suas manobras obscuras que a cada dia estão sendo reveladas.
O que escrevi sobre o ex-presidente Lula, também vale para o atual presidente: ninguém está acima da lei – ou ao menos ninguém deveria estar. Todos devem responder por seus atos, sem nenhum tipo de distinção ou privilégio, pois este também é um preceito divino, de que todos são iguais.
Portanto, a justiça deve ser aplicada com o maior rigor, doa a quem doer! Garantindo também todos os direitos democráticos oferecidos na forma da lei, mas sem proteger de nenhuma forma o culpado, punindo seus crimes e protegendo a sociedade de suas maldades.
Deste modo, não podemos esquecer o que diz a Palavra de Deus: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14:12). Este alerta serve principalmente para os deputados que compõem a Bancada Evangélica e que agiram com hipocrisia ao denunciar os crimes de Lula e Dilma, mas agora ignoram as denúncias contra Michel Temer.
O Artigo 5º da Constituição deixa muito claro ao afirmar que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, o que nos leva a questionar o motivo pelo qual o presidente Michel Temer ainda não levou o mesmo fim que a ex-presidente Dilma Rousseff? Teria ele algum privilégio diante da lei?
Assim como o julgamento de Deus recaiu sobre os ex-presidentes, levando cada um deles a ter um fim constrangedor na política brasileira, acredito que o juízo virá sobre o atual mandatário e sobre todos aqueles que, por motivos torpes, negaram-se a puni-lo com o rigor que a lei exige.
Devo lembrar, inclusive, que muitos dos deputados da Bancada Evangélica que votaram pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff protegeram o atual presidente de sofrer o mesmo fim, sendo afastado da Presidência da República.
Alguns afirmaram que afastar Michel Temer traria instabilidade ao país, mas sequer pensaram que ao mantê-lo no poder poderiam estar agindo com cumplicidade, protegendo uma pessoa que se envolveu por conta e risco em muitos escândalos de corrupção.
Faço um alerta para os pastores e líderes evangélicos que consideram que a postura do cristão deve ser exemplar para que oriente os evangélicos para que nas próximas eleições observe bem a postura de cada um dos deputados que dizem representar a nossa fé, pois se eles não têm tido uma atitude digna, também não são dignos de se reelegerem.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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