Não vou mais olhar para trás - Parte 1

Quem põe a mão no arado, precisa olhar para frente, focar sua meta. Se olhar para trás não será bem-sucedido no que faz.

Fonte: Guiame, Hernandes Dias LopesAtualizado: terça-feira, 28 de julho de 2015 às 20:56
Silêncio
Silêncio

“A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”. (Lucas 9.59-62)

Temos aqui um chamado de Jesus a duas pessoas diferentes, mas que lhe responderam de modo semelhante. Enquanto Jesus esperava de cada uma delas um profundo comprometimento, elas, por sua vez, estavam presas demais às coisas terrenas e questões transitórias.

A primeira pessoa queria sepultar seu pai antes de seguir esse chamado. Particularmente não creio que o pai já houvesse morrido e o velório estivesse em andamento; penso ser um costume onde o filho (normalmente o mais velho) tinha a sua saída de casa liberada somente depois da morte do pai. Porém, independente de qualquer interpretação ou especulação do assunto, temos alguém dando uma desculpa ao chamado de Jesus, demonstrando estar presa a algo e, assim, impedida de atender prontamente ao Senhor.

A segunda pessoa se oferecesse para seguir a Cristo, mas queria ao menos despedir-se dos seus. Tinha uma prontidão maior que a primeira e uma desculpa menor (ou que se resolveria mais depressa). Mas Jesus deixa claro que depois de terem se envolvido com ele, estas pessoas não tinham mais a opção de olhar atrás. Se o fizessem, não seriam aptas para o Reino de Deus. A palavra traduzida como “apta”, no original grego, é “euthetos”. Segundo o Léxico de Strong, seu significado abrange o conceito de “apropriado” e “útil”.

De acordo com a afirmação do Senhor Jesus, não podemos hesitar em atender seu chamado, nem sermos encontrados presos a coisas ou valores que nos impeçam de seguir adiante em obediência a Ele. A verdade é que todos temos dificuldades de abrir mão de determinados valores. Ficamos presos à algumas coisas de nossa vida. Mas quando se trata de seguir a Cristo, não podemos ter nada que nos prenda. Não podemos mais olhar para trás.

Quem põe a mão no arado, precisa olhar para frente, focar sua meta. Se olhar para trás não será bem-sucedido no que faz. Semelhantemente, se queremos servir ao Senhor, a opção de olhar atrás não deve existir, uma vez que quem assim procede não é considerado “útil” para o Reino de Deus.

Recordo-me que, anos atrás, assisti o filme “Fogo contra fogo” (1995), considerado por muitos um ícone entre os filmes de ação e enredo policial. Na trama, o ator Robert De Niro interpreta a personagem Neil McCauley, um bandido que lidera uma gangue que vem realizando roubos ousados; já o ator Al Pacino interpreta a personagem Vincent Hanna, o detetive que está à frente da caçada a esse bando de criminosos. Num determinado momento, o detetive aborda o criminoso e o convida para tomarem um café. Nessa conversa eles, de forma discreta, medem forças e fazem ameaças. Quando o detetive menciona estar com seu casamento por um fio por ter que perseguir bandidos como o McCauley, ele imediatamente responde ao policial que quem está nesse tipo de vida não pode pensar num casamento. Isso faz o detetive questionar se ladrão não tinha mulher. Ele diz que sim, mas menciona um conselho que recebeu de outro bandido: “Não se deixe envolver com nada que você não possa abandonar em três segundos exatos, se perceber os tiras na sua cola”. Em outras palavras, ele estava dizendo: “Não posso ter que nada que me prenda, que me faça hesitar na hora de que tiver que largar tudo para trás”.

Enquanto assistia o filme recordava-me de muita gente que vi converter-se ao Senhor vindo do mundo do crime. A maioria dizia que, naquele tempo, só dava certo “trabalhar” com gente que não tem nada a perder, que não tem nada que o prenda. Longe de mim parecer que estou ensinando que temos algo a aprender com bandidos, mas penso que eles entenderam a importância de praticar um princípio que, na verdade, é nosso! E foi exatamente isso que Jesus nos ensinou. Diante do chamado de Deus não deveríamos hesitar nem um segundo sequer em atendê-lo.

 

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