A depressão é um transtorno complicado, mas tratável, e acaba afetando também aqueles que estão ao redor. Às vezes, quando um amigo ou familiar está deprimido, experimentam-se diferentes emoções difíceis de suportar, como impotência, frustração, raiva, medo, culpa, tristeza etc.
Esses sentimentos são normais e senti-los não significa que não possamos ou queiramos ajudar nosso amigo ou familiar. Assim, se quisermos somar e realmente prestar uma ajuda eficaz, não é bom que descuidemos do cuidado com nós mesmos.
Para ajudar alguém a superar a depressão, é preciso aprender como ela funciona e em que termos e formas devemos tratá-la sem esquecer a nossa própria saúde mental. Isso é fundamental para manter um cuidado efetivo ao longo do tempo e para que não paguemos um preço muito alto por nossa ajuda.
Leve em conta que a depressão é uma doença grave que precisa de tratamento e atenção profissional. Seu papel, se quiser ajudar alguém com depressão, não é curá-lo, mas apoiá-lo para que consiga superar seu estado.
Cuide de si mesmo enquanto ajuda uma pessoa deprimida
Há um impulso natural de querer solucionar os problemas das pessoas que amamos, mas não podemos controlar a depressão de uma pessoa querida. Por isso, se não cuidarmos do nosso próprio estado emocional, não poderemos ajudar o outro. Cuidar da sua própria saúde e da sua felicidade é fundamental para conseguir ajudar alguém que está deprimido. Portanto, você deve atender as suas próprias necessidades antes das do outro, para poder ser útil.
A família pode ter um papel ativo na sua recuperação, deve por isso, estar atento ao seu familiar e identificar as manifestações depressivas, ou seja, deve estar atento a sinais de alerta e, assim que possível, procurar ajuda profissional
Como a família pode ajudar
- Convencendo o familiar a buscar ajuda médica, muitas vezes de forma incisiva, acompanhando-o ao médico ou psicológico, como forma de incentivo e acolhimento.
- Encoraje o desabafo. Falar sobre os pensamentos e sentimentos que estão soterrando a pessoa faz bem, ajuda a aliviar a sensação opressiva que a acompanha.
- Sendo responsável em ministrar os medicamentos, não é indicado que a pessoas com depressão grave tenha acesso aos medicamentos, se tiver pensamentos suicidas, deve-se manter a pessoa longe dos medicamentos. O ideal é a família controlar e dar o medicamento nos horários corretos, sem falar que a pessoas podem não querer tomar.
- Incentivando, sendo companheiro (a) do ente querido nas caminhadas, na prática de esportes, ir à igreja, acompanhar em várias formas de lazer, porém sem pressionar, aos poucos, aproveitando aberturas que a pessoa dá.
- Orar junto com o depressivo, fazer um acompanhamento, o monitoramento é importante até que a pessoa se recupere, mas cuide para não virar refém, e não passar dos limites, lembre-se, você não é médico (a)
- Ouça mais, fale menos, encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.
- Incentive a pessoa a procurar ajuda de um profissional, como um médico, profissional de saúde mental, conselheiro ou assistente social. Ofereça-se para acompanhá-la a uma consulta.
- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, fique por perto, não a deixe sozinha.
- Procure ajuda de profissionais de serviços de emergência, um serviço telefônico de atendimentos a crises, um profissional de saúde, ou consulte algum familiar dessa pessoa.
- Se a pessoa que com quem você está preocupado (a) vive com você, assegure-se de que ele (a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
- Mantenha contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
O que a família não deve fazer
Saber o que NÃO DIZER também é muito importante para não piorar a situação. Fique atento para não repetir os conselhos abaixo, pois eles só prejudicam quem já está fragilizado.
O que não falar para quem tem depressão:
Parte da confusão no público leigo decorre dos vários significados da própria palavra depressão, em que um deles implica que ele é apenas uma emoção passageira. É um grande desafio, portanto, compreender que não se pode atribuir à depressão apenas o resultado de falta de força ou de vontade, igualmente a uma falha moral ou espiritual, ou ainda a uma forma de chamar atenção.
- Desvalorizar o que está a acontecer com o seu familiar, evitando expressões como “esquece isso” ou “se arruma, você está parecendo um maltrapilho”.
- Não deve utilizar críticas destrutivas, mas valorizar acontecimentos positivos do quotidiano.
- A família não deve fazer cobranças como faz para uma pessoa “normal” da família, pois o depressivo não é “normal”, ele tem uma doença psiquiátrica que pode ser grave, ou se agravar justamente por cobranças severas, já que não consegue dar conta dessas cobranças e se sente culpado por isso.
- Não condene, depressão não é covardia, não é loucura, não é fraqueza.
- Não banalize “É por isso que quer morrer? Já passei por coisas bem piores e não me matei”, “você quer chamar atenção”, “não gosta de ninguém”, “Isso é falta de vergonha na cara”.
- Não use a religião, para culpar ou discriminar o ente familiar dizendo ser “falta Deus”.
- Não é hora de dar sermão do tipo “Tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente” o doente de depressão, sabe, mas não consegue reconhecer essa verdade, o que lhes causa mais desespero e dor,
- Evite frases de incentivo como: “Levanta a cabeça, deixa disso”, “pense positivo”, “sua vida é boa, só você não vê”, “A vida é boa”. "Por que você não apenas faz algo para superar isso?"
O deprimido, mais do que qualquer coisa, quer "acabar com este estado", mas ele não consegue. Seu nível de energia e consequentemente autoconfiança estão inoperantes, não é raro que nem tenha energia para sair do quarto ou tomar banho. Seu estado de humor, pensamentos e comportamentos estão além de seu controle se eles têm depressão grave.
Sim, o depressivo não enxerga, essa é uma das coisas que mais piora seu humor, é saber que não tem motivos, tem tudo para ter uma vida boa ser feliz, mas seu cérebro, suas comunicações cerebrais estão danificadas, por isso não consegue entender, o depressivo precisa de ajuda acolhedora, não julgadora.
Ajude a pessoa a visualizar suas qualidades e a relembrar suas conquistas. Um aspecto da depressão é a tendência a meio que “esquecer” as coisas boas que já aconteceram. É como se houvesse uma cortina nublando essas memórias. Ajude-a a lembrar que ela é uma pessoa ótima e capaz de fazer coisas boas.
Como falar sobre a depressão
Às vezes é difícil saber o que falar quando estamos com alguém que sofre da doença. Em todo caso, é mais importante escutar que dar conselhos. Assim, o simples fato de falar com alguém já pode ser uma grande ajuda. Incentivar a pessoa a falar de seus sentimentos e estar disposto a escutá-la sem julgar provavelmente será muito bom para ela. Escutando, dizemos à pessoa que estamos abertos e dispostos, que é a sua versão da história que nos importa.
A Importância da família no processo terapêutico e espiritual
Deus criou a família para ser unida, protegendo e fortalecendo cada membro. Uma família unida, guiada por Deus, é uma grande bênção! Os laços de família são muito fortes, tornando-se assim um fator protetivo contra vários males, inclusive como proteção à saúde mental de seus integrantes.
É por meio da família que aprendemos os primeiros valores que nos seguirão por toda a vida. São as noções de como nos relacionaremos em sociedade, a percepção do mundo em que vivemos e a instrução pelo caminho em que possivelmente seguiremos, é ela o nosso porto seguro, nas alegrias e nas tristezas.
Deus abençoa a família de quem é fiel a ele. Crescer em uma família que ama e serve a Deus é um grande privilégio. Os pais devem ensinar os filhos sobre Deus e os filhos devem honrar os pais. Todos devem ajudar os membros mais fracos e vulneráveis da família. A família é o lugar ideal para refletir o amor de Deus, o lugar ideal para crescermos em amor, afeto, protegidos de toda doença mental. Infelizmente, temos muitas famílias disfuncionais, o que agrava e desencadeia muitos conflitos emocionais que podem acompanhar os indivíduos por toda vida.
A Bíblia nos mostra as bênçãos a que temos direito se cuidarmos bem da nossa casa, Deus os abençoou e lhes disse:
Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal. Salmos 127:3-5
Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles. (Provérbios 22:6)
Trecho do livro SUPERAÇÃO – Ansiedade, Depressão e Suicídio, de Marisa Lobo.
Por Marisa Lobo - Psicóloga, especialista em Direitos Humanos e autora de livros, como "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
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