A pandemia da Covid-19 pegou o mundo de surpresa, afetando a economia global e ceifando a vida de pelo menos 6 milhões de pessoas no planeta. Felizmente, com o avanço das campanhas de vacinação e o desenvolvimento da imunidade natural na população, alguns governos estão começando a flexibilizar as medidas restritivas em relação ao vírus.
Todavia, lado a essa flexibilização ainda há um número muito grande de pessoas afetadas pelo medo de contrair e vir a falecer em decorrência do coronavírus. Por causa disso, alguns desenvolveram comportamentos neuróticos, geralmente caracterizados por sintomas de estresse, angústia, ansiedade e atitudes irracionais, como o uso da máscara em local aberto durante um exercício físico, por exemplo, mesmo estando sozinho.
É sobre este quesito que quero chamar atenção da família em particular, pois tenho observado nos últimos dias, relatos de crianças que passaram a desenvolver distúrbios de ansiedade e sentimentos antissociais por causa do comportamento neurótico observado nos pais.
São crianças que até pouco tempo atrás, saiam para brincar com os amigos sem maiores preocupações, mas que agora se sentem tão inseguras devido ao medo de "levar o vírus pra dentro de casa" que estão com dificuldades para voltar à vida social. Como resultado, elas se sentem mais tristes, solitárias e ansiosas.
Famílias que perderam entes queridos, em particular, devem redobrar a atenção com as crianças. Sei que não é fácil lidar com tamanha situação, pois a dor de perder alguém que amamos é imensurável, deixando marcas para o resto da vida. Em alguns casos desenvolvemos comportamentos reativos de defesa, o que é natural, mas isso também precisa ser dosado se quisermos seguir em frente.
Conselho aos pais
Independentemente do seu contexto familiar, é importante que as crianças vejam nos pais uma postura de confiança, determinação e normalidade diante das dificuldades. Se na sua cidade as restrições de combate à pandemia foram eliminadas, comemore isso em família e transforme a nova fase em motivo de alegria.
Os pais que não fazem isso e, ao contrário, demonstram desconfiança e até medo pela possiblidade de retorno à vida normal, transferem para os filhos esse mesmo clima carregado de negativismo e limitações, podendo acarretar sobre eles os problemas de ordem emocional que citei anteriormente.
Suas decisões devem ser tomadas com base nas medidas adotadas em sua região, sempre levando em consideração o bom senso e as necessidades naturais da vida. Explore isso com confiança, colocando não apenas a saúde física dos seus filhos em conta, mas também a emocional, pois ela é tão importante quanto qualquer outra.
Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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