Avivamento é obra exclusiva de Deus. Não tem a ver com obras humanas, é uma ação divina. A definição mais sucinta e concreta de avivamento é dar vida ao que estava amortecido, passivo, inerte; é reacender a chama do fervor no espírito e deixar ser consumido pelo desejo de deleitar-se na palavra, na busca incessante da glória de Deus e no prazer da oração a fim de clamarmos por mais santidade e arrependimento ao Senhor. Avivamento não é algo novo, embora conheçamos em partes muitas histórias que vimos e ouvimos, mas é continuar um legado, muito antes de estarmos aqui. Avivamento não é sede de ser abençoado, mas um desespero por aquele que abençoa. É, outrora, desfrutar de intimidade e devoção, mas dar importância ao reunir-se em comunidade, como um Corpo, uma Igreja sólida em Cristo. Avivamento que é produzido sozinho é fogo estranho, logo, qualquer vento poderá apagar a chama, pois ao ler Mateus no capítulo 16, encontramos Jesus a dizer para Pedro que “as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, e não contra Pedro; isso significa que juntos, como Igreja, ligamos na terra o que já está garantido no céu. Pedro foi um precursor de avivamento através de uma mensagem ousada. Apenas um dia, cerca de 3 mil pessoas se convertem e permanecem fiéis a Igreja. Clamamos venha o Teu Reino, quando na verdade Ele já está dentro de nós, só precisamos manifestá-lo, nos tornando santos e irrepreensíveis tal como Cristo é. Avivamento não é um encontro marcado, um movimento ou evento que arrebatam multidões, é exclusivamente a manifestação do Espírito Santo. Avivamento não é mérito da igreja, mas uma intervenção divina e singular de Deus na igreja, para que os filhos experimentem uma vida de poder e testemunho.
Na história do primeiro avivamento neotestamentário, a mensagem apostólica não era sobre ter bênçãos, mas sobre arrependimento. Pedro começa a compartilhar sobre a importância de se arrependerem para serem batizados com o Espírito Santo. Arrependimento, no sentido literal, é a renovação ou mudança de mentalidade, e certamente, ter a consciência do Espírito Santo, antecede um genuíno avivamento, não em palavras persuasivas, mas em poder, para que sejamos testemunhas em qualquer lugar.
Podemos encontrar inúmeros cenários de avivamento na Bíblia e na história; um Deus que transforma um vale de ossos secos num exército numeroso, faz das cinzas soldados, faz um convite a homens comuns para um destino extraordinário, com incontáveis sinais, milagres e maravilhas.
O avivamento produz, primeiro, uma mudança de mentalidade para depois experimentarmos um frescor, um toque e um revestimento de poder que nos habilita a testemunharmos a cerca daquilo que só Ele pode fazer, gerando frutos duradouros. Não é sobre o que está em constante movimento, mas o que sustenta e permanece em gerações. O cerne da questão não é o que o homem pode, ou não fazer, mas a dependência íntegra do Espírito Santo. Ativismo religioso e lugar de conforto são incoerentes nas narrativas de homens que marcaram eras. Poderia citar Paulo, Pedro, Estevão, Davi e tantos outros que nos inspiram, como também avivalistas entre Charles Finney, Whitefield, Dwight Moody, os Moravianos, John Wesley, William Seymour que experimentaram algo extraordinário que invadiam de becos à cidades, de escolas à universidades, com salvações massivas ou até mesmo como Reinhard Bonnke que era conhecido por suas cruzadas evangelísticas em África que chegou alcançar aproximadamente 75 milhões de pessoas. Todos esses homens demostraram uma paixão por aquilo que é eterno, por ganhar almas, uma vida de devoção, de santidade e impreterivelmente o encargo em manisfestar o Reino. Eram homens comuns que experimentavam cenários sobrenaturais. Só a graça de Deus é capaz de sustentar um legado que perdura tempos, épocas e estações como registrado na história desses grandes homens de fé.
Quem vai continuar o legado? Como viver um avivamento nos dias atuais? Como temos nos movido como Igreja? São questões relativamente simples, que carregam uma incumbência, não apenas na individualidade, mas evidentemente como um Corpo, como uma Igreja que antecede a volta do Amado. Incumbência de atrair o céu para a terra, de sermos discípulos e cartas vivas de Cristo com o alvo de alcançar todos os que estão a nossa volta, até que sintam um peso de glória e consequentemente experimentar o maior presente que nos foi dado por intermédio de Cristo: a salvação de homens. A verdade é que Deus já nos deu os lugares que precisamos; bairros, cidades, países, universidades e inclusive ambientes ordinários para conquistarmos e experimentarmos como registrado em Atos e na história do avivamento. Temos a mesma promessa tanto quanto aqueles discípulos. A seara é grande, os campos estão brancos, os frutos estão sendo gerados, a colheita está mais próxima do que imaginamos. Não fique parado. Gente sentada no sofá nunca mudou realidade na vida de ninguém. Avivamento não acontece por osmose. Admiração não gera transformação, só um coração sedento, apaixonado e desesperado por Jesus nos bastidores é capaz de transformar o ambiente macro como palco principal para Deus manifestar a sua glória.
Matheus Grismaldi é escritor, missionário e assessor de comunicação e imprensa em Angola, África. Também integra equipe de plantações de Igrejas, dedica-se ao discipulado, apaixonado pelo Evangelho e faz parte da liderança na Igreja Videira, Vinha Angola. É o filho caçula de três irmãos, nascido em lar cristão, natural de São Paulo, carrega o sonho de ver uma geração vivendo a grande comissão e missões transculturais.
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