Matheus Grismaldi

Matheus Grismaldi

Matheus Grismaldi é escritor, missionário e assessor de comunicação & imprensa em Angola, África. Também integra equipe de plantações de Igrejas, dedica-se ao discipulado e apaixonado pelo Evangelho.

Charlie Kirk e o desafio de ser referência em tempos de crise

A próxima geração será transformada por homens comuns que, em convicção, decidem viver de forma extraordinária diante de Deus.

Fonte: Guiame, Matheus GrismaldiAtualizado: terça-feira, 16 de setembro de 2025 às 14:26
Charlie Kirk e família. (Foto: Instagram/charliekirk1776)
Charlie Kirk e família. (Foto: Instagram/charliekirk1776)

A morte do ativista conservador Charlie Kirk, aos 31 anos, casado e pai de dois filhos, assassinado a tiros durante um discurso em uma universidade em Utah, chocou não apenas pelo ato brutal em si, mas pelo que simboliza em uma época de crise moral e cultural. Não se trata apenas de política. É uma tragédia que deveria despertar empatia, compaixão e também reflexão sobre o que significa ser homem em nossos dias.

A reação à sua morte revelou um abismo de interpretações: para uns, Kirk foi lembrado como um mártir; para outros, não passava de um ator político que não poderia jamais ser comparado a nomes ligados à fé. Mas esse reducionismo esquece figuras como Dietrich Bonhoeffer ou Thomas Becket, que também ocuparam espaços públicos, e ainda assim foram lembrados como homens que não negociaram princípios nem fé, mesmo diante da perseguição e da morte.

O que esse episódio revela não é apenas a polarização de narrativas, mas a escassez de referenciais masculinos verdadeiros. Vivemos uma crise silenciosa — e devastadora — de homens que deveriam ser colunas, mas se tornaram espectadores. Muitos cresceram em idade, mas não amadureceram em convicções.

E a pergunta ecoa: quem está formando os homens desta geração?

Há hoje uma geração que se orgulha de dominar estatísticas esportivas, repetir bordões de influenciadores e ostentar opiniões inflamadas nas redes sociais. Mas por trás disso há um vazio gritante: falta de responsabilidade, de fé, de coerência.

Não faltam informações, faltam convicções.

Não faltam mais discursos, falta transformação.

Não faltam seguidores, faltam líderes posicionados.

Vivemos um tempo em que a masculinidade é reduzida a performance — vaidade, poder, status. Ostentar o que tem para parecer quem não é. Mas homens assim são frágeis, porque não foram forjados em valores eternos, e sim por desejos passageiros. O resultado é uma geração que confunde liderança com imposição, autoridade com arrogância e liberdade com fuga de responsabilidades.

Não carregam valores; carregam caprichos. Enquanto isso, criticam mulheres que amadureceram e assumiram responsabilidades que eles abandonaram. Há uma inversão silenciosa acontecendo: sobra ego, mas falta honra.

As Escrituras expõem essa contradição. Tiago 1:22 nos lembra: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando a vocês mesmos.” 

O problema não é a falta de informação, mas de transformação. Quem apenas ouve, mas não pratica, constrói sobre a areia e desmorona diante da primeira tempestade.

A próxima geração clama por referências. Mas quem tem ocupado esse espaço? Jogadores de futebol, influenciadores digitais, coachs de prosperidade, ídolos inalcançáveis? O mundo clama por exemplos vivos de integridade que influenciam através de seu testemunho, como Charlie.

C.S. Lewis já alertava em A Abolição do Homem:

“Fazemos homens sem coração e esperamos deles virtude e iniciativa. Rimos da honra e ficamos chocados ao encontrar traidores em nosso meio.”

Não precisamos de mais caricaturas de masculinidade. Precisamos de homens com H maiúsculo. Homens que sabem que liderança é serviço, que autoridade é responsabilidade, que o verdadeiro poder nasce do temor do Senhor.

Homens que, como ensina Provérbios 20:7, andam em integridade e deixam filhos bem-aventurados. Homens que, como Paulo, deixam para trás as “coisas de menino” (1 Coríntios 13:11). Homens que oram em secreto, mas que vivem no público com coerência.

A masculinidade bíblica não é violenta, nem passiva. Ela é firme, sacrificial, humilde, responsável. É capaz de sustentar famílias, edificar ministérios e deixar um legado.

A morte de Charlie Kirk é um chamado à reflexão: o que faremos nós? Seremos apenas comentaristas de tragédias ou nos levantaremos como referenciais de caráter e fé?

A próxima geração não será transformada por discursos inflamados ou por manchetes de ativistas. Ela será transformada por homens comuns que, em convicção, decidem viver de forma extraordinária diante de Deus.

Porque hombridade não é dom, é decisão. E a história ainda espera por homens que decidam crescer.

 

Matheus Grismaldi (@mgrismalde) é jornalista, escritor, missionário e assessor de comunicação e imprensa em Angola, África. Idealizador do projeto de literatura cristã e cosmovisão bíblica no Clube Logos com leitores de países lusófonos. Professor na Escola de Ministério Internacional Vinha Angola e faz parte da liderança na Igreja Videira.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Quando o fraco diz: ‘Eu sou forte’

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

Fé para o Impossível

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições