Pastor auxiliar da Assembleia de Deus Ministério Cidade Santa no RJ. Bacharel pela Fateos. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática pela Fateos. Professor de Teologia, escritor e consultor teológico. Autor de “Panorama da T

Ediudson Fontes

Jimmy Swaggart &eacute; um dos nomes mais conhecidos e influentes do evangelismo pentecostal do s&eacute;culo XX. Com um minist&eacute;rio que combinou prega&ccedil;&atilde;o ardente, m&uacute;sica comovente e alcance midi&aacute;tico internacional, Swaggart influenciou milh&otilde;es de pessoas ao redor do mundo. Sua trajet&oacute;ria, no entanto, &eacute; marcada por altos e baixos, triunfos espirituais e profundas crises morais. Neste artigo, propomos uma an&aacute;lise abrangente de seu legado, refletindo sobre a complexidade de sua caminhada e a perman&ecirc;ncia de sua voz no cen&aacute;rio evang&eacute;lico global.
1. As origens: f&eacute; e m&uacute;sica no sul dos Estados Unidos
Nascido em 15 de mar&ccedil;o de 1935, em Ferriday, Louisiana (EUA), Jimmy Lee Swaggart cresceu em um lar profundamente envolvido com a f&eacute; crist&atilde; pentecostal. Seu ambiente familiar o conectava com figuras musicais seculares, como seus primos Jerry Lee Lewis e Mickey Gilley, mas ele escolheu consagrar sua m&uacute;sica ao evangelho. Desde jovem, mostrou talento ao piano e paix&atilde;o pela prega&ccedil;&atilde;o.
Nos anos 1950, casou-se com Frances Anderson, com quem compartilhou n&atilde;o s&oacute; a vida, mas tamb&eacute;m o minist&eacute;rio. Em tempos de dificuldades financeiras, o casal viajava com seu filho Donnie, evangelizando em tendas, ruas e igrejas pequenas pelo sul dos EUA.
2. A constru&ccedil;&atilde;o de um minist&eacute;rio internacional
Durante os anos 1970 e 1980, Swaggart construiu um dos maiores minist&eacute;rios evang&eacute;licos do mundo. Suas cruzadas evangel&iacute;sticas, realizadas em est&aacute;dios e audit&oacute;rios, eram transmitidas por mais de 3 mil esta&ccedil;&otilde;es de r&aacute;dio e televis&atilde;o em 104 pa&iacute;ses. Sua mensagem pentecostal, centrada na cruz de Cristo, na convers&atilde;o pessoal e no poder do Esp&iacute;rito Santo, tocava profundamente os cora&ccedil;&otilde;es.
Al&eacute;m da prega&ccedil;&atilde;o, a m&uacute;sica era parte insepar&aacute;vel de sua identidade. Ao piano, interpretava hinos como There Is a River, Jesus, Use Me e I&rsquo;ve Never Been This Homesick Before, tornando-se refer&ecirc;ncia na m&uacute;sica gospel internacional. Fundou o Jimmy Swaggart Bible College (atualmente JSBC) e a Family Worship Center, em Baton Rouge, que se tornou o centro de seu minist&eacute;rio.
3. A crise p&uacute;blica, a disciplina e as feridas da exposi&ccedil;&atilde;o
Em 1988, a imagem de Swaggart sofreu um abalo profundo quando veio &agrave; tona seu envolvimento com prostitutas. Sua confiss&atilde;o p&uacute;blica, transmitida pela televis&atilde;o, com a ic&ocirc;nica frase &ldquo;I have sinned against You, my Lord&rdquo; (&ldquo;Pequei contra Ti, meu Senhor&rdquo;), ficou marcada na hist&oacute;ria da m&iacute;dia crist&atilde;. O esc&acirc;ndalo foi devastador: sua credibilidade foi questionada, a audi&ecirc;ncia despencou e v&aacute;rias esta&ccedil;&otilde;es interromperam suas transmiss&otilde;es.
Como membro da Assemblies of God (Assembleias de Deus dos Estados Unidos), Swaggart foi submetido a um processo de disciplina e afastamento ministerial. Inicialmente, foi convidado a passar por um per&iacute;odo de restaura&ccedil;&atilde;o e acompanhamento pastoral. No entanto, ao retornar ao p&uacute;lpito antes do tempo proposto, acabou sendo oficialmente desligado da denomina&ccedil;&atilde;o. Esse epis&oacute;dio representou uma das mais significativas rupturas internas no pentecostalismo norte-americano da &eacute;poca.
Em 1991, um segundo esc&acirc;ndalo envolvendo comportamento semelhante agravou ainda mais sua situa&ccedil;&atilde;o, consolidando seu afastamento das Assembleias de Deus e do grande circuito evang&eacute;lico institucional nos EUA.
4. A reconstru&ccedil;&atilde;o do minist&eacute;rio e a continuidade da miss&atilde;o
Apesar das quedas, Swaggart n&atilde;o deixou de pregar. Com perseveran&ccedil;a e apoio da fam&iacute;lia, lan&ccedil;ou a SonLife Broadcasting Network (SBN), uma rede pr&oacute;pria que transmite cultos, estudos b&iacute;blicos e programas crist&atilde;os para diversos pa&iacute;ses. Seu filho Donnie Swaggart e seu neto Gabriel Swaggart passaram a ocupar papel de lideran&ccedil;a na igreja e na TV, tornando o minist&eacute;rio uma miss&atilde;o familiar.
Al&eacute;m disso, Swaggart publicou diversos materiais, incluindo sua famosa The Expositor&rsquo;s Study Bible, conhecida por suas notas doutrin&aacute;rias de linha pentecostal tradicional. Essa obra consolidou seu papel como formador de pastores e obreiros, especialmente entre igrejas pentecostais conservadoras.
5. A m&uacute;sica como ponte evangel&iacute;stica
Swaggart talvez seja o pregador que mais usou a m&uacute;sica como ferramenta evangel&iacute;stica em sua gera&ccedil;&atilde;o. Sua habilidade ao piano, o estilo emocional de suas can&ccedil;&otilde;es e a profundidade teol&oacute;gica de suas letras o tornaram um s&iacute;mbolo da m&uacute;sica gospel cl&aacute;ssica. Mesmo ap&oacute;s seus esc&acirc;ndalos, suas m&uacute;sicas continuaram sendo cantadas ao redor do mundo, especialmente em igrejas pentecostais da Am&eacute;rica Latina, &Aacute;frica e Europa.
Can&ccedil;&otilde;es como Jesus, Just the Mention of Your Name, Let Your Living Water Flow e He Was Nailed to the Cross for Me s&atilde;o entoadas com rever&ecirc;ncia at&eacute; hoje. Swaggart demonstrou que o louvor pode preparar o cora&ccedil;&atilde;o para a Palavra e comunicar verdades espirituais com simplicidade e poder.
6. O legado de um evangelista pentecostal
O legado de Jimmy Swaggart &eacute; ao mesmo tempo inspirador e desafiador. Como evangelista, ele ampliou os horizontes do pentecostalismo, introduzindo a televis&atilde;o como ferramenta de avivamento e renova&ccedil;&atilde;o espiritual. Como m&uacute;sico, elevou o n&iacute;vel da m&uacute;sica crist&atilde;, sem recorrer ao entretenimento, mantendo o foco no evangelho.
Como homem p&uacute;blico, viveu o peso da responsabilidade e os perigos da exposi&ccedil;&atilde;o. Suas quedas revelam a necessidade de vigil&acirc;ncia constante no minist&eacute;rio, mas tamb&eacute;m apontam para a gra&ccedil;a restauradora de Deus, capaz de reerguer at&eacute; mesmo os que caem em meio ao caminho.
Swaggart permanece como um s&iacute;mbolo da tens&atilde;o entre fraqueza humana e fidelidade divina. Seu minist&eacute;rio atual, mesmo mais discreto, segue frutificando. Milhares ainda s&atilde;o tocados por sua voz tr&ecirc;mula, seu piano sincero e sua prega&ccedil;&atilde;o apaixonada.
Jimmy Swaggart &eacute; parte ineg&aacute;vel da hist&oacute;ria do pentecostalismo moderno. Sua vida demonstra que o Evangelho que pregamos &eacute; maior do que os pregadores, e que o chamado de Deus pode resistir &agrave;s quedas mais profundas quando h&aacute; arrependimento e perseveran&ccedil;a. Entre can&ccedil;&otilde;es e l&aacute;grimas, entre multid&otilde;es e solid&atilde;o, entre vit&oacute;rias e esc&acirc;ndalos, Swaggart construiu um legado que ainda inspira pregadores, m&uacute;sicos e mission&aacute;rios ao redor do mundo: pregar a cruz, cantar com a alma e nunca desistir&nbsp;da&nbsp;gra&ccedil;a.
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Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) &eacute; Pastor auxiliar da Assembleia de Deus &ndash; Minist&eacute;rio Cidade Santa no RJ. Te&oacute;logo. P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Ci&ecirc;ncia da Religi&atilde;o. Cursando Mestrado em Teologia Sistem&aacute;tica Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: &ldquo;Panorama da Teologia Arminiana&rdquo;, &ldquo;Reforma Protestante e Pentecostalismo &ndash; A Conex&atilde;o dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal&rdquo; e &ldquo;A Soteriologia na rela&ccedil;&atilde;o entre Arminianismo e Pentecostalismo&rdquo;, todos publicados pela Editora Reflex&atilde;o. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, seu teor &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: <a style="color: #800000;" href="https://guiame.com.br/colunistas/ediudson-fontes/pentecostalismo-no-uruguai-chamas-que-nao-se-apagam.html">Pentecostalismo no Uruguai: Chamas que n&atilde;o se apagam</a>

Jimmy Swaggart é parte inegável da história do pentecostalismo moderno – inspirou gerações a pregar a cruz, cantar com a alma e perseverar na graça.

Jimmy Swaggart: O legado de um evangelista pentecostal

Iniciamos o texto para falar sobre a chegada do Pentecostalismo no Uruguai. O Pentecostalismo chegou ao Uruguai de maneira silenciosa, mas profundamente transformadora. Nos primeiros anos do s&eacute;culo XX, uma chama fervorosa, que ardia nas igrejas dos Estados Unidos e de outros pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina, come&ccedil;ou a atravessar as fronteiras.
Em meio a uma sociedade caracterizada pela forte laicidade e por uma tradi&ccedil;&atilde;o religiosa marcada pelo catolicismo nominal, os mission&aacute;rios pentecostais desembarcaram com uma mensagem que desafiava os moldes religiosos e sociais da &eacute;poca.
Os primeiros mission&aacute;rios vieram principalmente da Assembleia de Deus e de outras denomina&ccedil;&otilde;es pentecostais que estavam espalhadas por pa&iacute;ses vizinhos, como o Brasil e a Argentina.
A chegada desses pioneiros ao Uruguai aconteceu de forma gradual, no final da d&eacute;cada de 1940 e in&iacute;cio da de 1950. As condi&ccedil;&otilde;es de vida eram duras, e o cen&aacute;rio espiritual representava um campo pouco f&eacute;rtil para a semente do Evangelho vibrante e carism&aacute;tico.
Em uma &eacute;poca em que a religi&atilde;o era algo mais institucionalizado e distante das necessidades espirituais e emocionais do povo, os mission&aacute;rios pentecostais trouxeram uma proposta completamente diferente: uma experi&ecirc;ncia pessoal e imediata com o Esp&iacute;rito Santo, marcada pela f&eacute; vibrante, pela ora&ccedil;&atilde;o fervorosa, pelos milagres e, principalmente, pela manifesta&ccedil;&atilde;o dos dons espirituais, como o falar em l&iacute;nguas, a cura e a profecia.
Essa forma de vivenciar o cristianismo conquistou, aos poucos, os cora&ccedil;&otilde;es de pessoas que, cansadas da frieza e do ritualismo da religi&atilde;o oficial, passaram a se engajar nesse movimento.
As igrejas iniciais eram simples, com pequenos cultos realizados em casas ou pr&eacute;dios alugados. As reuni&otilde;es eram marcadas por ora&ccedil;&atilde;o, louvores e uma ardente expectativa pelo mover do Esp&iacute;rito.
Nessa &eacute;poca, os mission&aacute;rios enfrentaram imensos desafios, como a resist&ecirc;ncia cultural, as dificuldades financeiras e at&eacute; mesmo o ceticismo popular. No entanto, movidos por uma vis&atilde;o de avivamento e pela convic&ccedil;&atilde;o de que o poder de Deus estava dispon&iacute;vel para todos, os primeiros pastores pentecostais no Uruguai seguiram firmes, sem des&acirc;nimo, crendo que a palavra do Senhor n&atilde;o voltaria vazia.
Esses pioneiros, muitos deles provenientes do Brasil, onde o movimento pentecostal j&aacute; estava mais consolidado, implantaram as primeiras igrejas pentecostais no Uruguai. Com o tempo, o movimento foi crescendo e se espalhando por diversas cidades, incluindo Montevid&eacute;u, onde, atualmente, se concentra uma boa parte das congrega&ccedil;&otilde;es.
Refer&ecirc;ncias bibliogr&aacute;ficas:
GONZ&Aacute;LEZ, Ondina E.; GONZ&Aacute;LEZ, Justo L. Cristianismo en Am&eacute;rica Latina: Una historia. Nashville: Abingdon Press, 2008.
SEM&Aacute;N, Ernesto. Sentir el Esp&iacute;ritu: Pentecostalismo en Am&eacute;rica Latina. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2006.
BERGUNDER, Michael; DROOGERS, Andr&eacute;; VAN DER VEER, Peter (orgs.). Pentecostalism and Globalization: Encounters of Faith, Knowledge and Power. London: Routledge, 2010.
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Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) &eacute; Pastor auxiliar da Assembleia de Deus &ndash; Minist&eacute;rio Cidade Santa no RJ. Te&oacute;logo. P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Ci&ecirc;ncia da Religi&atilde;o. Cursando Mestrado em Teologia Sistem&aacute;tica Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: &ldquo;Panorama da Teologia Arminiana&rdquo;, &ldquo;Reforma Protestante e Pentecostalismo &ndash; A Conex&atilde;o dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal&rdquo; e &ldquo;A Soteriologia na rela&ccedil;&atilde;o entre Arminianismo e Pentecostalismo&rdquo;, todos publicados pela Editora Reflex&atilde;o. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, seu teor &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Os primeiros missionários chegaram principalmente da Assembleia de Deus e de denominações pentecostais dos países vizinhos, como o Brasil e a Argentina.

Pentecostalismo no Uruguai: Chamas que não se apagam

Iniciamos esse texto parafraseando Robert Menzies, pois reconhecemos que o Pentecostes n&atilde;o &eacute; apenas um evento distante, mas uma realidade viva que continua a moldar a identidade e a miss&atilde;o da Igreja hoje.
Originalmente, no contexto judaico, o Pentecostes &ndash; conhecido como Shavuot &ndash; celebrava a festa das colheitas (&Ecirc;x 23:16) e, mais tarde, passou a recordar a entrega da Lei a Mois&eacute;s no Sinai (&Ecirc;x 19&ndash;20). Era uma festa de gratid&atilde;o e alian&ccedil;a.
Para os crist&atilde;os, o Pentecostes ganhou novo significado com a descida do Esp&iacute;rito Santo sobre os disc&iacute;pulos reunidos em Jerusal&eacute;m, cinquenta dias ap&oacute;s a ressurrei&ccedil;&atilde;o de Jesus. Conforme Atos 2,1&ndash;4, &ldquo;todos ficaram cheios do Esp&iacute;rito Santo e come&ccedil;aram a falar em outras l&iacute;nguas conforme o Esp&iacute;rito lhes concedia que falassem&rdquo;. Esse acontecimento marcou o nascimento da Igreja e o in&iacute;cio de sua miss&atilde;o evangelizadora ao mundo (At 1:8).
Ser pentecostal, portanto, &eacute; mais do que pertencer a uma tradi&ccedil;&atilde;o denominacional. &Eacute; viver a f&eacute; &agrave; luz dessa experi&ecirc;ncia transformadora:
Receber o poder do Esp&iacute;rito Santo, como promessa cumprida por Jesus: &ldquo;Mas recebereis poder ao descer sobre v&oacute;s o Esp&iacute;rito Santo, e sereis minhas testemunhas...&rdquo; (At 1:8).
Ser usado por Deus nos dons espirituais, conforme a distribui&ccedil;&atilde;o do Esp&iacute;rito: &ldquo;A cada um &eacute; dada a manifesta&ccedil;&atilde;o do Esp&iacute;rito para o bem comum&rdquo; (1Cor 12:7).
Evangelizar para ganhar pessoas para Cristo, com ousadia e convic&ccedil;&atilde;o, como fizeram Pedro e os demais ap&oacute;stolos: &ldquo;Pedro, pondo-se de p&eacute; com os onze, levantou a voz&rdquo; (At 2:14), e naquele dia cerca de tr&ecirc;s mil pessoas foram batizadas (At 2:41).
Pentecostes &eacute;, assim, uma convoca&ccedil;&atilde;o permanente para que a Igreja continue sendo cheia do Esp&iacute;rito, viva na Palavra e comprometida&nbsp;com&nbsp;a&nbsp;miss&atilde;o.
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Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) &eacute; Pastor auxiliar da Assembleia de Deus &ndash; Minist&eacute;rio Cidade Santa no RJ. Te&oacute;logo. P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Ci&ecirc;ncia da Religi&atilde;o. Cursando Mestrado em Teologia Sistem&aacute;tica Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: &ldquo;Panorama da Teologia Arminiana&rdquo;, &ldquo;Reforma Protestante e Pentecostalismo &ndash; A Conex&atilde;o dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal&rdquo; e &ldquo;A Soteriologia na rela&ccedil;&atilde;o entre Arminianismo e Pentecostalismo&rdquo;, todos publicados pela Editora Reflex&atilde;o. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, seu teor &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Para os cristãos, o Pentecostes ganhou novo significado com a descida do Espírito Santo sobre os discípulos reunidos em Jerusalém.

Pentecostes: essa história é a nossa história

Iniciamos o texto abordando um dos principais conc&iacute;lios da hist&oacute;ria do cristianismo, denominado Conc&iacute;lio de Niceia (325 d.C.). Conhecido como o &ldquo;primeiro conc&iacute;lio cristol&oacute;gico&rdquo;, seu foco principal est&aacute; na rela&ccedil;&atilde;o entre o Pai e o Filho. O conc&iacute;lio foi convocado para resolver a controv&eacute;rsia causada pelo presb&iacute;tero &Aacute;rio, que negava a plena divindade de Cristo, afirmando que o Filho era uma criatura subordinada ao Pai.
O Conc&iacute;lio rejeitou essa vis&atilde;o e afirmou a consubstancialidade do Filho com o Pai &mdash; ou seja, que Jesus &eacute; &ldquo;Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, n&atilde;o criado, consubstancial [homoousios] com o Pai&rdquo;. O termo grego homoousios, que significa &ldquo;da mesma subst&acirc;ncia&rdquo; ou &ldquo;consubstancial&rdquo;, foi adotado para expressar com clareza que Jesus Cristo possui a mesma ess&ecirc;ncia divina do Pai, opondo-se &agrave; ideia ariana de que Jesus seria apenas semelhante ou inferior.
Foi ent&atilde;o elaborado o Credo Niceno, uma confiss&atilde;o de f&eacute; que se tornou a base para a ortodoxia crist&atilde;. Esse credo foi posteriormente ampliado no Conc&iacute;lio de Constantinopla (381), formando o que hoje &eacute; conhecido como o Credo Niceno-Constantinopolitano. O Conc&iacute;lio de Niceia estabeleceu um padr&atilde;o para o combate &agrave;s heresias, inaugurando o modelo de conc&iacute;lio ecum&ecirc;nico como espa&ccedil;o de defini&ccedil;&atilde;o doutrin&aacute;ria.
Esse foi o primeiro conc&iacute;lio ecum&ecirc;nico da hist&oacute;ria da Igreja e marcou a integra&ccedil;&atilde;o entre a Igreja e o Imp&eacute;rio Romano, com a presen&ccedil;a ativa do imperador Constantino. Isso deu in&iacute;cio a uma nova era, em que o cristianismo passou a ser amparado pelo Estado, o que teve consequ&ecirc;ncias duradouras na pol&iacute;tica eclesi&aacute;stica e imperial. Al&eacute;m das defini&ccedil;&otilde;es doutrin&aacute;rias, o conc&iacute;lio tamb&eacute;m produziu c&acirc;nones disciplinares &mdash; sobre ordena&ccedil;&atilde;o, comportamento clerical e a data da P&aacute;scoa &mdash; contribuindo para a uniformiza&ccedil;&atilde;o da pr&aacute;tica eclesial.
O conc&iacute;lio buscou preservar a unidade da f&eacute; crist&atilde; diante da pluralidade de interpreta&ccedil;&otilde;es teol&oacute;gicas. Sua decis&atilde;o sobre a natureza de Cristo foi um divisor de &aacute;guas, delimitando com precis&atilde;o os contornos da doutrina ortodoxa.
A teologia pentecostal, surgida s&eacute;culos depois, tem como um de seus pilares a cren&ccedil;a na atua&ccedil;&atilde;o do Esp&iacute;rito Santo, que tamb&eacute;m &eacute; afirmada no Credo Niceno como &ldquo;Senhor, Doador da vida&rdquo; e que &ldquo;com o Pai e o Filho &eacute; adorado e glorificado&rdquo;. O pentecostalismo enfatiza a experi&ecirc;ncia pessoal e carism&aacute;tica do Esp&iacute;rito Santo, incluindo dons espirituais e manifesta&ccedil;&otilde;es como o falar em l&iacute;nguas &mdash; temas n&atilde;o tratados diretamente no Conc&iacute;lio de Niceia, mas em conson&acirc;ncia com a &ecirc;nfase trinit&aacute;ria e na divindade do Esp&iacute;rito que o conc&iacute;lio ajudou a consolidar.
Ao afirmar com clareza a divindade plena de Jesus e sua unidade com o Pai e o Esp&iacute;rito, os pentecostais refletem os fundamentos cristol&oacute;gicos e trinit&aacute;rios definidos em Niceia e aprofundados em Constantinopla. Algumas igrejas pentecostais podem n&atilde;o enfatizar formalmente os conc&iacute;lios ecum&ecirc;nicos em sua catequese e nem sempre recitam credos liturgicamente. No entanto, sua doutrina est&aacute; alinhada com os consensos teol&oacute;gicos estabelecidos nesses conc&iacute;lios.
O Credo Niceno-Constantinopolitano, por exemplo, declara: &ldquo;Cremos no Esp&iacute;rito Santo, Senhor e doador da vida, que procede do Pai [e do Filho, no Ocidente]&rdquo;, o que est&aacute; em harmonia com a &ecirc;nfase pentecostal na atua&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua do Esp&iacute;rito na vida da Igreja.
Portanto, o pentecostalismo compartilha dos principais ensinamentos definidos em Niceia. A f&eacute; pentecostal &eacute; cristoc&ecirc;ntrica, trinit&aacute;ria e baseada nas Escrituras, estando dentro da ortodoxia crist&atilde; definida por esse importante conc&iacute;lio. Pode-se afirmar, assim, que a f&eacute; pentecostal &eacute; herdeira, ainda que de forma impl&iacute;cita, do legado niceno.
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Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) &eacute; Pastor auxiliar da Assembleia de Deus &ndash; Minist&eacute;rio Cidade Santa no RJ. Te&oacute;logo. P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Ci&ecirc;ncia da Religi&atilde;o. Cursando Mestrado em Teologia Sistem&aacute;tica Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: &ldquo;Panorama da Teologia Arminiana&rdquo;, &ldquo;Reforma Protestante e Pentecostalismo &ndash; A Conex&atilde;o dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal&rdquo; e &ldquo;A Soteriologia na rela&ccedil;&atilde;o entre Arminianismo e Pentecostalismo&rdquo;, todos publicados pela Editora Reflex&atilde;o. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, seu teor &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Conhecido como o “primeiro concílio cristológico”, seu foco principal está na relação entre o Pai e o Filho.

Concílio de Niceia e a fé pentecostal

Iniciamos nosso artigo tratando de uma personagem b&iacute;blica que recebeu o poder do Esp&iacute;rito Santo para exercer sua miss&atilde;o: seu nome &eacute; Maria. Uma jovem hebreia, natural de Nazar&eacute;, uma localidade simples situada na periferia da Galileia, conhecida por ser uma comunidade agr&iacute;cola e de artes&atilde;os. Ser oriunda de Nazar&eacute;, uma vila humilde, pouco valorizada e sem destaque hist&oacute;rico, significava pertencer a um povo comum, de vida modesta.
Na teologia protestante e cat&oacute;lica, h&aacute; diverg&ecirc;ncias em rela&ccedil;&atilde;o a Maria. Na teologia cat&oacute;lica, Maria possui um espa&ccedil;o teol&oacute;gico-antropol&oacute;gico no contexto soteriol&oacute;gico. Entretanto, na teologia protestante, Maria &eacute; vista como uma mulher muito importante, pois foi ela quem gerou o Salvador pelo Esp&iacute;rito Santo. Sendo instrumento de b&ecirc;n&ccedil;&atilde;o ao gerar nosso Senhor Jesus Cristo, ela se encontra no mesmo n&iacute;vel de outros personagens b&iacute;blicos: todos s&atilde;o pecadores que carecem da gra&ccedil;a de Deus.
O Evangelho de Lucas destaca a manifesta&ccedil;&atilde;o do poder do Esp&iacute;rito Santo na vida de Jesus Cristo. No livro de Atos, o mesmo autor faz men&ccedil;&atilde;o ao poder do Esp&iacute;rito Santo na vida dos ap&oacute;stolos. Roger Stronstad afirma que "Lucas &eacute; te&oacute;logo e historiador, tornando Lucas-Atos uma fonte leg&iacute;tima para a doutrina do Esp&iacute;rito Santo" (STRONSTAD, 2018, p. 28). Veremos essa manifesta&ccedil;&atilde;o carism&aacute;tica do Esp&iacute;rito Santo na vida de Maria.
Em Lucas cap&iacute;tulo 1, vers&iacute;culos 26 em diante, a narrativa lucana destaca o an&uacute;ncio do nascimento de Jesus Cristo. O anjo entra em cena fazendo a sauda&ccedil;&atilde;o: "Salve, agraciada; o Senhor &eacute; contigo; bendita &eacute;s tu entre as mulheres" (Lucas 1:28 - ARC). No decorrer do di&aacute;logo, Maria pergunta: "Como ser&aacute; isto, visto que n&atilde;o conhe&ccedil;o homem algum?" (Lucas 1:34 - King James 1611). O anjo responde: "O Esp&iacute;rito Santo vir&aacute; sobre ti, e o poder do Alt&iacute;ssimo far&aacute; sombra sobre ti" (King James 1611). A ARC usa a palavra "virtude" no lugar de "poder", no sentido de a&ccedil;&atilde;o e capacita&ccedil;&atilde;o do Esp&iacute;rito Santo na vida de Maria. O poder do Esp&iacute;rito Santo esteve presente na vida de Maria durante a gesta&ccedil;&atilde;o de Jesus. Esse ato sobrenatural ocorreu no nascimento de Jesus (Mateus 1:20).
Na perspectiva pentecostal, Maria &eacute; reconhecida como uma mulher escolhida por Deus para ser o instrumento pelo qual o Esp&iacute;rito Santo gerou Jesus Cristo, o Salvador. Ela &eacute; valorizada por sua f&eacute; e obedi&ecirc;ncia, sendo vista como uma serva que, como todos os crist&atilde;os, depende da gra&ccedil;a de Deus para a salva&ccedil;&atilde;o.
Os pentecostais enfatizam a a&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua e poderosa do Esp&iacute;rito Santo na vida dos crentes, incluindo Maria, que foi a primeira a experimentar a capacita&ccedil;&atilde;o divina para cumprir sua miss&atilde;o.
Esse mesmo Esp&iacute;rito Santo que agiu nela est&aacute; dispon&iacute;vel para todos os crist&atilde;os hoje, capacitando-os com dons espirituais para a edifica&ccedil;&atilde;o da igreja e a propaga&ccedil;&atilde;o do Evangelho. Assim, Maria &eacute; um exemplo de submiss&atilde;o &agrave; vontade de Deus e de como o Esp&iacute;rito Santo opera na vida dos fi&eacute;is, mas sempre dentro do contexto da salva&ccedil;&atilde;o pela gra&ccedil;a mediante a f&eacute; em Jesus Cristo.
Refer&ecirc;ncias bibliogr&aacute;ficas
B&iacute;blia Sagrada &ndash; ARC. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. B&iacute;blia Sagrada &ndash; King James 1611. Rio de Janeiro/Niter&oacute;i: Bvbooks, 2020. STRONSTAD, Roger. A Teologia Carism&aacute;tica de Lucas &ndash; Trajet&oacute;ria do Antigo Testamento a Lucas-Atos. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
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Ediudson Fontes (@ediudsonfontes) &eacute; Pastor auxiliar da Assembleia de Deus &ndash; Minist&eacute;rio Cidade Santa no RJ. Te&oacute;logo. P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o em Ci&ecirc;ncia da Religi&atilde;o. Cursando Mestrado em Teologia Sistem&aacute;tica Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: &ldquo;Panorama da Teologia Arminiana&rdquo;, &ldquo;Reforma Protestante e Pentecostalismo &ndash; A Conex&atilde;o dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal&rdquo; e &ldquo;A Soteriologia na rela&ccedil;&atilde;o entre Arminianismo e Pentecostalismo&rdquo;, todos publicados pela Editora Reflex&atilde;o. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, seu teor &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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