O combustível do homem está em sua capacidade de conceber o porvir. Andar por visão é o oposto de andar por vista. Melhor do que ter uma visão é conseguir enxergar a oportunidade de viver nesta curta passagem pela vida como alguém que entendeu que o seu tesouro não é daqui. Visão é enxergar com o coração uma perspectiva diferente da vista natural, pois é exercida meramente por fé.
Se existe um declínio para um propósito exclusivo de vida para cada indivíduo, certamente é sobreviver com a impressão de remar contra a maré das inviabilidades, é como contentar-se com a mediocridade do agora. Aquele que apenas sobrevive não consegue vislumbrar sonhos, não possui clareza de destino e, imperceptivelmente, permite que as circunstâncias momentâneas fraudem o resquício de fé que ainda o sustentava. Estes, provavelmente andarão numa rota circular, com a sensação de estagnação, letargia e improdutividade infindável simplesmente por não ter uma visão clara.
Na ausência de uma visão, a vida perde o brilho. É como se todas as experiências, conquistas e relacionamentos fossem semelhantes a uma planta artificial cuja função serve para nada mais do que decorar um determinado ambiente. Não há propósito, tampouco contraste e essência de viver por algo sólido, consistente e com vigor. Quando não sei para onde ir e como ir, qualquer caminho poderá me levar até lá, entretanto, custará saber quando ou se realmente cheguei onde deveria chegar.
Uma visão que vai além da naturalidade, transcende o campo da imaginação e sobrepõe a superficialidade do padrão humano. É uma visão que amplia a fé, capaz de mover montanhas conforme as palavras de Marcos no capítulo 11: “Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.”
O que diferencia alguém que escolhe dar sentido a vida não é o quanto ele tem de fé, mas a decisão de não negociar a sua visão, pois não há outra opção além de prosseguir, independente do cenário que esteja envolvido.
O que diferencia aquele que crê é que ele não é de ferro, também não é um herói ou heroína, pois no caminho encontram inúmeros obstáculos, mas custe o que custar, desistir é uma palavra inexistente em seu vocabulário. Talvez isso gere uma imagem com aquela máxima em destaque: “este, venceu na vida!”. O que diferencia é que, além de humano, nem sempre consegue engolir o choro, apesar de sangrar, de sentir dores, que se esgota, que se entristece, é poder carregar marcas que inspiram a outros com o seu testemunho de vida. É quando as pessoas olham para você e percebem que é alguém comum, entretanto, escolhido para sonhar e experimentar coisas extraordinárias pois não espera acontecer.
“Quando perguntarem: como assim, ainda está em pé?” A resposta pode não ser verbalizada imediatamente, mas perceberão que é alguém envolvido por uma visão, um sonhador que realiza, pois o que te leva a crer é muito maior do que aquilo que se pode ver. A fé é uma chamada a viver por uma visão que antecede uma expectativa futura mantendo acesa a esperança, que possibilita sonhos saírem do papel e te leva a enxergar exatamente como Deus enxerga: de forma sobrenatural.
Matheus Grismaldi é jornalista, escritor, missionário e assessor de comunicação e imprensa em Angola, África. Idealizador do projeto de leitura cristã “Um Clube pra Ler” com leitores de países lusófonos. Professor na Escola de Ministério Vinha Angola e faz parte da liderança na Igreja Videira.
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