“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida" Provérbios 4:23
INTRODUÇÃO
De forma geral nós seres humanos temos a tendência de guardar coisas, e na maioria das vezes, agimos assim com o intuito de nos sentir mais seguros.
É por isso por exemplo, que nós costumamos poupar dinheiro e bens materiais, pois de forma consciente ou inconsciente, acreditamos que isso irá garantir nossa segurança e felicidade. Porém, isso não é verdade, por duas razões, em 1º lugar, porque os bens materiais são perecíveis, ou seja, não são permanentes, perdem o seu valor ou podem ser roubados.
E em 2º lugar, porque os bens materiais são ilusórios, já que geram uma falsa sensação de felicidade, mas não à garantem. Se não fosse assim, não teríamos um número tão grande de pessoas de posses com depressão ou comentando suicídio.
Isso não quer dizer que devemos ser irresponsáveis e não nos preocupar com a nossa vida financeira ou com bens materiais. O que não devemos fazer é dar atenção só a isso e muito menos achar que o que nos trará segurança e felicidade sãos essas coisas.
E Salomão, que além de ser o homem mais sábio de sua época, chegou a compor mais de 3 mil provérbios (1 Reis 4:29-32), era também um dos homens mais ricos, ou seja, com experiência, nos aconselha guardar o coração.
E a cultura hebraica via o coração como muito mais do que o órgão que bombeia o sangue para o corpo, mas como o centro da personalidade humana. Por isso ele diz: “...dele procedem as fontes da vida”.
E da mesma forma que se uma fonte de águas estiver poluída, levará poluição por onde ela jorrar, o mesmo acontece com o nosso coração. Por isso precisamos guardá-lo.
E a expressão usada no hebraico para “guardar” (mishmar), pode significar “guarda” ou “segurança”, se referindo aquele que faz a vigilância para que tudo corra bem. Nesse sentido, dos versos 24-27 Salomão dá mais 3 conselhos para todos que querem guardar seu coração.
1 – CUIDAR DA FALA (v.24)
“Afaste da sua boca as palavras perversas; fique longe dos seus lábios a maldade”.
Jesus sabiamente disse que a boca fala do que está cheio o coração (Mateus 12:33), ou seja, se a fonte, que é o meu coração, estiver poluída, irá infectar a minha fala.
Nessa mesma linha de pensamento, o apóstolo Paulo escrevendo ao seu discípulo Tito, disse o seguinte:
“...use linguagem sadia, contra a qual nada se possa dizer, para que aqueles que se lhe opõem fiquem envergonhados por não terem nada de mal para dizer a nosso respeito" Tito 2:8
E em Colossenses 4:6, o apóstolo completa dizendo o seguinte:
“O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um”. Colossenses 4:6
Apesar de tudo começar com o coração, devemos dar atenção à nossa fala para não entrarmos num círculo vicioso, onde aquilo que falamos alimenta mais ainda a amargura do nosso coração.
Nosso falar revela muito sobre como está o nosso coração e testemunha muito sobre nós. E nossa fala deve ser temperada, ou seja, equilibrada.
2 – MANTER O FOCO (v.25)
“Olhe sempre para a frente, mantenha o olhar fixo no que está adiante de você”.
Quando nós queremos atingir um objetivo, uma das coisas mais importantes é o foco. Sem foco, não chegamos à lugar algum. É sobre isso que Salomão está falando, sobre manter o foco.
O autor da carta aos Hebreus escreveu que nós devemos ter os nossos olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2)! Fitar é o mesmo que mirar, ou seja, é olhar para o alvo e fixar nosso olhar nele.
Em Mateus 6:22-23 Jesus disse o seguinte:
"Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!
Os dias que estamos vivendo são muito propícios para perdermos o foco, por isso devemos vigiar. E a pergunta que fica para cada um de nós é: “Para onde eu tenho olhado”?
Quando desviamos nosso olhar do alvo correto enchemos o nosso coração de trevas e assim deixamos de guardar o nosso coração. E da mesma forma que o momento de dificuldade é propício para perder o foco, é também um momento excelente para fazer uma autorreflexão e nos arrepender caso seja necessário.
3 – SE MANTER NO CAMINHO (v.26-27)
“Veja bem por onde anda, e os seus passos serão seguros. Não se desvie nem para a direita nem para a esquerda; afaste os seus pés da maldade”.
Salomão inicia seu último conselho nos convidando a fazer uma análise sobre onde temos andado: “Veja bem por onde anda...”. O sentido aqui é de examinar. Esse exame é importantíssimo, pois muitas vezes perdemos o rumo e nem percebemos.
E a segunda parte do verso indica que deve não só haver um exame, mas também a correção: “...e os seus passos serão seguros”.
E no verso 27 Salomão completa dizendo que não devemos nos desviar nem para a direita, nem para a esquerda. Essa mesma diretriz o Senhor Deus deu para Josué quando ele assumiu a liderança do povo de Israel:
“Somente seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem sucedido por onde quer que andar”. Josué 1:7
Quando saímos do centro da vontade de Deus e deixamos de obedecer a sua Palavra, automaticamente deixamos de guardar nosso coração. As consequências são danosas, por isso é importante o quanto antes pararmos e refletirmos por onde temos andado.
CONCLUSÃO
E para finalizar, o profeta Jeremias no capítulo 17 de seu livro, escreveu que o coração do homem é enganoso e perverso, e ainda perguntou: “...quem o conhecerá?”.
E no verso 10, o Senhor responde:
"Eu sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras”.
Que o Senhor venha sondar nossos corações, pensamentos e atitudes e que Ele possa gerar o arrependimento em cada um de nós e que o seu Espírito Santo venha nos ensinar a guardar nossos corações a cada dia!
Ricardo Soares é pastor, professor de teologia, filosofia e autor de "Introdução à Filosofia Cristã: o encontro da fé com a razão". É casado com Sarah e pai de duas filhas: Pâmela e Polyana. Para saber mais, acesse contrapontoteologico.com.br
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