Um desrespeito à lei, que gera vulnerabilidade. Este processo foi alertado por Leonice da Paz, com relação ao crescimento da violência contra a mulher no cenário nacional. A presidente da Associação 'Marchadoras de Jesus' - que busca combater a violência contra a mulher e conscientizar a população a respeito deste crime - relatou que o número de mulheres que se calam e não denunciam a agressão que sofrem ainda é preocupante.
Apesar de um levantamento feito em março deste ano (2015) pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República apontar que dos 52.957 relatos de violência recebidos em 2014 pelo telefone 180, 51.98% são sobre agressões sofridas por mulheres, Leonice alertou que a Lei Maria da Penha ainda continua não sendo devidamente aplicada, o que cria um clima de insegurança.
"Eu entendo que ainda há muito para se fazer. Há a lei Maria da Penha e, na maioria dos casos ela não é devidamente aplicada. Isto faz com que a mulher continue em uma situação de vulnerabilidade. Pelo desrespeito à lei, eu vejo que a violência contra a mulher tem crescido a cada dia", afirmou.
Leonice também alertou que além das falhas na aplicação da lei Maria da Penha, há também o receio das mulheres com relação ao próprio ambiente familiar ou até mesmo, social. A líder das 'Marchadoras' lembrou também que este clima de insegurança aliado à decisão da mulher de se calar pode gerar consequências cada vez piores.
"Na verdade, a violência tem crescido muito e as mulheres ainda se mantêm caladas, na maioria dos casos. Isto se deve, muitas vezes à dependência financeira que elas têm dos respectivos companheiros, muitas vezes por causa dos filhos ou também por constrangimento, por sentirem-se envergonhadas, depreciadas diante de outras mulheres. Muitas mulheres que foram vítimas de violência acabam se calando e é aí que, as coisas podem tomar proporções maiores e, em alguns casos, se tornam vítimas fatais", destacou.
Demanda
Falando sobre a realidade da região de Campinas (SP), Leonice confessou que há uma delegacia na cidade, que recebe denúncias de todos os tipos, mas ainda assim não é o suficiente.
"Nós temos uma delegacia, que atende, não exclusivamente mulheres que foram vítimas de violência, mas também crianças e adolescentes. Uma só delegacia é muito pouco para atender à demanda. A nossa reivindicação, inclusive ao governador do Estado, é que nós tenhamos mais delegacias e com atendimento 24 horas, porque a maioria dos crimes acontece à noite ou aos finais de semana - justamente quando a delegacia está fechada", explicou.