Mais abortos foram realizados no Reino Unido em 2019 do que em qualquer ano anterior, desde que o procedimento foi legalizado em 1967, de acordo com um novo relatório.
O Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido divulgou sua atualização anual sobre as estatísticas dos procedimentos de aborto na Inglaterra e no País de Gales na última quinta-feira.
De acordo com o relatório, houve 207.384 abortos realizados em mulheres que vivem na Inglaterra e no País de Gales em 2019, o maior número, desde a legalização do procedimento em 1967.
Em comparação com 2018, a taxa de abortos aumentou para mulheres com mais de 35 anos, permanecendo basicamente a mesma para mulheres com menos de 18 anos.
A idade que registrou a maior taxa de aborto em 2019 foi de 22 anos, com 31,6 em cada 1.000 mulheres. Este é um pequeno aumento em relação a 2018, em que as pessoas de 21 anos tiveram a maior taxa de abortos, com 30,7 por 1.000.
A taxa de menores de idade que buscam abortos caiu nos últimos anos, de acordo com o relatório, mesmo que os números tenham permanecido os mesmos de 2018 a 2019.
"O declínio desde 2009 é particularmente acentuado na faixa etária abaixo dos 16 anos, em que as taxas caíram de 4,0 por 1.000 mulheres em 2009 para 1,4 por 1.000 mulheres em 2019", explicou o relatório.
"A taxa de aborto para jovens de 18 a 19 anos também caiu de 31,6 em cada 1.000 mulheres para 23,8 entre 1.000 mulheres no mesmo período", acrescentou.
A ‘Sociedade para a Proteção das Crianças por Nascer’ (SPUC), um grupo britânico pró-vida, divulgou um comunicado classificando as últimas estatísticas como "uma tragédia nacional".
“Essa figura assustadora nos mostra que o aborto está se tornando cada vez mais normalizado. A propaganda que diz às mulheres que o aborto é "simples e seguro", aliada a um acesso mais fácil a pílulas, está aumentando o número de abortos", afirmou Antonia Tully, diretora de campanhas da SPUC.
"Mas, por trás dessa figura estão mulheres reais que deram um passo irreversível e que provavelmente estão sofrendo física ou emocionalmente", acrescentou.
Jonathan Lord, diretor médico da Marie Stopes UK, uma conhecida provedora de abortos no Reino Unido, argumentou que o aumento no número de abortos pode ser devido à falta de um bom acesso a contraceptivos.
"As necessidades contraceptivas das mulheres na faixa dos 20, 30 e 40 anos, incluindo aquelas que já têm filhos, foram tristemente negligenciadas", afirmou Lord, conforme relatado pelo The Guardian.
"A falta de investimento em serviços contraceptivos levou a um acesso deficiente e esperas inaceitáveis, principalmente pelos métodos mais eficazes de ação prolongada, como implante e diu", destacou.
Na Inglaterra, País de Gales e Escócia, o aborto eletivo é legal por até 24 semanas de gestação, sendo permitidos abortos mais tardios, desde que em determinadas circunstâncias.
Em outubro passado do ano passado (2019), a Irlanda do Norte teve sua lei proibindo o aborto, exceto quando medicamente necessário, permitindo um acesso mais amplo ao procedimento.