O Memorial do Holocausto em um antigo cemitério judeu na cidade de Dukla, Polônia, foi vandalizado com pichações antissemitas e pró-Palestina, incluindo uma suástica e a palavra “Palestina” sobre a placa comemorativa.
Na placa memorial, gravada em hebraico, polonês e inglês, a palavra "PALESTINA" foi pichada com tinta preta, uma intervenção que tenta forçar uma conexão política provocativa entre a memória do Holocausto e o atual conflito israelense-palestino.
A lápide, erguida em 2012 no antigo cemitério judaico de Dukla em memória do extermínio nazista, recebe visitantes em busca de suas raízes.
Além da lápide, a antiga sinagoga de Dukla também foi alvo de pichações antijudaicas. Imagens nas redes sociais revelam danos visíveis, reforçando o caráter ofensivo e intencional do ataque.
A profanação foi descoberta após o Shabat por moradores locais, que acionaram a polícia. Ninguém foi preso.
O rabino da Polônia, Michael Schudrich, disse à JTA que este é um "ataque deliberado à memória do Holocausto e uma tentativa de distorcer a história por meio de ódio político disfarçado de protesto".
Herança judaica
A Associação Dukla Shtetl, entidade comprometida com a preservação da memória judaica na região, notificou a polícia local sobre o episódio de vandalismo.
“Como uma associação dedicada à herança dos judeus de Dukla, mas também como cidadãos da cidade, sentimos vergonha por esse ato de vandalismo cheio de ódio”, declarou Jacek Koszczan, da Associação Dukla Shtetl.
O memorial foi construído pelos habitantes de Dukla como um tributo à convivência harmoniosa que, antes do Holocausto, unia as comunidades polonesa e judaica da cidade.
A associação chamou os responsáveis pelo ato de vandalismo a participarem de oficinas históricas e educativas, para ajudá-los a compreender a gravidade de suas atitudes.
“Esperamos uma ação decisiva por parte das autoridades e desejamos que os responsáveis enfrentem consequências severas. O que podemos oferecer é um ambiente voltado para a história e o aprendizado, educando aqueles que cometeram este ato hediondo”, declarou a entidade.
“Convidamos vocês para participar de oficinas, ler livros e se engajar em debates. O conhecimento reduz o medo e pode abrir caminho para o diálogo, a mudança de atitude e uma maior abertura ao outro”, disse a associação em nota.
Uma porta-voz da região de Podkarpackie, onde se encontra a cidade de Dukla, condenou o episódio, classificando o ato como imperdoável.
Antissemitismo cresce na Polônia
O episódio ocorreu poucos dias após o eurodeputado de extrema-direita Grzegorz Braun afirmar que as câmaras de gás de Auschwitz seriam “falsas” e acusar o Museu de Auschwitz de divulgar uma “pseudo-história”.
Braun também alegou que o “assassinato ritual” seria um fato, acusando judeus de práticas criminosas, ecoando acusações antissemitas de difamação de sangue.
O Museu de Auschwitz comunicou que tomará medidas legais, anunciando o início de uma ação judicial contra as declarações negacionistas do eurodeputado.
Na Polônia, negar o Holocausto constitui crime, sujeito a pena de até três anos de prisão, conforme previsto na legislação nacional sobre memória histórica e combate ao negacionismo.
“A Polônia está em uma encruzilhada e deve enfrentar esse ódio imediatamente”, disse Meir Bulka, presidente da J-nerations.
“Na quinta-feira passada, vimos a história distorcida quando um parlamentar polonês negou descaradamente o Holocausto, recebendo aplausos de uma multidão”, acrescentou.