Palestinos alertam para ‘guerra religiosa’ se judeus invadirem Monte do Templo

Os conflitos entre judeus e muçulmanos sempre acontecem durante os feriados religiosos.

Fonte: Guiame, com informações de Jerusalem PostAtualizado: segunda-feira, 14 de março de 2022 às 14:39
Cúpula da Rocha, Monte do Templo, em Israel. (Foto: Pixabay/Dagmarbendel)
Cúpula da Rocha, Monte do Templo, em Israel. (Foto: Pixabay/Dagmarbendel)

Líderes da Autoridade Palestina alertaram no domingo (13) que os judeus tentaram “invadir” o complexo da Mesquita de al-Aqsa durante os feriados judaicos e que essa atitude pode desencadear uma “guerra religiosa”. 

Todas as vezes que os judeus visitam o complexo do Monte do Tempo, há esse tipo de acusação, já que o local é considerado sagrado tanto para o judaísmo quanto para o islamismo. Os judeus não chegaram a entrar na mesquita.

Conforme o Jerusalem Post, o aviso para que os judeus se afastem do local foi feito um mês antes do início do Ramadã, quando milhares de muçulmanos participam de orações na Mesquita al-Aqsa e na Cúpula da Rocha, na Cidade Velha de Jerusalém. 

Confronto entre palestinos e israelenses

Durante o ano passado, houve confrontos entre palestinos e a polícia israelense no complexo e em outras partes da Cidade Velha. 

Mahmoud al-Habbash, juiz islâmico e conselheiro presidencial para assuntos religiosos, acusou Israel de tentar iniciar uma guerra religiosa

Habbash disse que as “incursões” dos judeus fazem parte de um esquema israelense para dividir o Monte do Templo num espaço para muçulmanos e judeus. 

“Os palestinos, por sua vez, estão determinados a impedir as supostas incursões”, garantiu o juiz. 

Ameaças aos judeus

“Gangues de colonos exploram feriados judaicos para invadir a abençoada mesquita de al-Aqsa, a fim de impor um fato consumado lá como parte dos esquemas de judaização visando Jerusalém e os locais sagrados islâmicos”, explicou Habbash.

“A mesquita de al-Aqsa pertence apenas aos muçulmanos. Os não-muçulmanos não têm direito a isso, conforme declarado no Alcorão e confirmado pelas leis internacionais e resoluções da UNESCO”, disse ainda. 

Habbash pediu a todos os muçulmanos que enfatizem a identidade islâmica da mesquita “e enviem uma mensagem clara ao mundo de que prejudicar Jerusalém e a Mesquita de al-Aqsa seria considerado um ataque à fé de mais de um bilhão e meio de muçulmanos”.

O grão-mufti de Jerusalém, Sheikh Mohammed Hussein, pediu aos palestinos que cheguem à mesquita “para confrontar os apelos lançados por grupos extremistas de colonos judeus para invadi-la durante o feriado judaico de Purim” no final de semana. 

Normalmente, os judeus comemoram a data com cânticos e danças. Mas, para os muçulmanos “prejudicar a santidade da mesquita é um crime hediondo” e as autoridades pretendem impedir essas “violações”, acusando Israel de promover uma “guerra religiosa”. 

Por que o local é tão disputado?

A mesquita al-Aqsa está situada no Monte do Templo, também conhecido como o Haram al-Sharif — lugar sagrado para judeus e muçulmanos. 

Na tradição judaica, é o lugar onde Deus formou Adão do pó da terra. Acredita-se também que seja o lugar onde Abraão levou Isaque para o sacrifício e onde estavam situados os templos de Herodes e de Salomão. 

Muitos judeus não andam sobre a região por medo de acidentalmente invadir o Santo dos Santos. 

Para os muçulmanos, é o terceiro local mais sagrado do mundo, onde segundo a tradição islâmica, Maomé subiu aos céus. Há três antigas estruturas muçulmanas na região: o Domo da Rocha, a cúpula da Corrente e a mesquita de Al-Aqsa, originalmente construída em 705 d.C.

Israel, porém, retomou o controle da Cidade Velha de Jerusalém e da área do Monte do Templo na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A região logo se tornou um ponto de conflito. 

Sob os termos do tratado de paz entre Israel e Jordânia, o Monte permanece sob custódia da Jordânia. Os judeus israelenses podem entrar no complexo, mas não podem orar ou realizar cerimônias religiosas por lá.

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