Refém israelense esquelético é mostrado em túnel de Gaza: ‘Cavando a própria cova’

A família do refém pediu ao governo israelense e à comunidade internacional que façam "tudo o que for possível para salvar Evyatar".

Fonte: Guiame, com informações da BBC e Christian PostAtualizado: segunda-feira, 4 de agosto de 2025 às 12:58
O refém israelense Evyatar David aparece em vídeo divulgado pelo Hamas. (Imagem: X/IsraelinUSA)
O refém israelense Evyatar David aparece em vídeo divulgado pelo Hamas. (Imagem: X/IsraelinUSA)

Em um vídeo divulgado pelo grupo terrorista Hamas, um refém israelense aparece cavando o que descreve como sua própria cova. Visivelmente faminto, magro e sem camisa, ele aparece dentro de um túnel subterrâneo estreito em Gaza.

Divulgado na sexta-feira (1°), o vídeo de cinco minutos, autorizado para publicação pela família, mostra Evyatar David, de 24 anos, marcando os dias em um calendário improvisado pendurado na parede do túnel.

Em meio à escuridão e ao isolamento, David relata sua fome e que recebe uma única lata de feijão, que, segundo ele, precisa durar dois dias.

Em voz fraca, ele declara: “Estou há dias sem comer... mal tenho água potável”, revelando o extremo abandono e sofrimento a que está submetido.

David aparece cavando o que descreve como sua própria sepultura. "Acho que este é o túmulo em que serei enterrado. O tempo está se esgotando", de acordo com o news.com.au.

A Embaixada de Israel nos Estados Unidos se manifestou em seu perfil no X:

“Agora, 666 dias depois, Evyatar aparece esquelético – ossos saltando sob a pele – faminto, abusado e explorado como arma de guerra psicológica.”

“Enquanto isso, os terroristas do Hamas se empanturram com ajuda humanitária roubada, exibindo comida e armas em vídeos filmados nos túneis”.

E conclui: “O silêncio diante desse horror é cumplicidade.”

Sequestrado em festival de música

O jovem foi sequestrado aos 22 anos durante o Festival de Música Nova, no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.

Após a divulgação das imagens, sua família afirmou ter sido “forçada a testemunhar nosso amado filho e irmão, Evyatar David, deliberada e cinicamente morto de fome nos túneis do Hamas em Gaza – um esqueleto vivo, enterrado vivo”, conforme reportado pela BBC.

O vídeo termina com uma mensagem do grupo terrorista exibida sobre uma tela preta: “Eles comem o que nós comemos. Eles bebem o que nós bebemos.”

Ao longo da gravação, cenas de David são intercaladas com imagens de crianças palestinas famintas, criando uma narrativa visual carregada de tensão.

Segundo a embaixada de Israel, “as únicas pessoas sendo deliberadamente famintas e torturadas em Gaza são os reféns mantidos nos calabouços do Hamas.”

Também são incluídos trechos de pronunciamentos dos líderes israelenses Benjamin Netanyahu e Itamar Ben-Gvir, nos quais pedem a suspensão das entregas de ajuda humanitária a Gaza, conforme reportado pelo The Jerusalem Post.

A divulgação do vídeo provocou indignação mundial e intensificou os apelos pela libertação dos reféns.

Em Tel Aviv, milhares de pessoas se reuniram no sábado em um apelo coletivo por ação, com cartazes de israelenses desaparecidos.

Ilay David, irmão de Evyatar, fez um apelo direto ao presidente Donald Trump, pedindo que intervenha “por todos os meios necessários” para garantir a libertação dos reféns. “Permanecer em silêncio agora é ser cúmplice de sua morte lenta e agonizante”, declarou, segundo a publicação.

No mesmo dia, o primeiro-ministro Netanyahu falou com as famílias de David e outro refém, Rom Braslavski.

O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, esteve com diversas famílias de reféns, mas informou que não há avanços concretos nas negociações com o Hamas.

“A situação é complicada”, afirmou, mencionando que um acordo para encerrar a guerra e garantir a libertação de todos os reféns estaria próximo – embora tenha se recusado a dar detalhes.

Witkoff enfatizou que os EUA só aceitariam um acordo integral, rejeitando qualquer solução parcial ou fragmentada.

Este é o segundo vídeo de reféns divulgado pelo Hamas ou por grupos aliados em menos de 24 horas. Na quinta-feira, a Jihad Islâmica Palestina publicou imagens de Braslavski, que também aparece visivelmente debilitado e visivelmente angustiado.

Os dois homens estão entre os 49 reféns que, de acordo com Israel, permanecem em Gaza, dos quais 27 supostamente estão mortos.

David apareceu pela última vez em um vídeo do Hamas em fevereiro, onde ele e seu companheiro de refém, Guy Gilboa-Dalal, aparecem implorando por sua libertação, sentados dentro de uma van, enquanto outros reféns eram libertados.

Crueldade

Familiares e ex-reféns relataram que as condições nos túneis do Hamas eram marcadas por uma crueldade intencional.

Yaelah David, irmã de Evyatar, compartilhou em seu perfil no Instagram: “Depois de uma noite chorando por meu irmão, transformado em um esqueleto ambulante no cruel calabouço de Gaza, percebi que o mundo inteiro precisa ver isso.”

Ela acusou o Hamas de bloquear o acesso à ajuda humanitária tanto para os reféns quanto para os civis palestinos, usando a fome como instrumento de manipulação midiática.

Omer Wenkert, ex-refém que afirmou ter sido mantido ao lado de Evyatar David por 250 dias, descreveu os túneis como prisões subterrâneas desoladas.

Em um apelo contundente pela libertação total dos reféns, perguntou se havia “ao menos uma imagem de um terrorista do Hamas que se pareça com Evyatar?”

Tratamento abusivo e destrutivo

Tal Shoham, que esteve detido ao lado de Evyatar David e Gilboa-Dalal, descreveu o tratamento recebido como abusivo e psicologicamente destrutivo.

“Eles nos filmavam o tempo todo”, relatou. “Pelo que entendi, havia também um dispositivo explosivo instalado junto à câmera, direcionado para nós – preparado para destruir tudo no túnel caso as Forças de Defesa de Israel tentassem nos resgatar.”

A família do refém também pediu ao governo israelense e à comunidade mundial que façam "tudo o que for possível para salvar Evyatar".

Em entrevista à mídia israelense, sua mãe o descreveu como alguém gentil e sensível, apaixonado por música – tocava violão e piano com dedicação.

Até o domingo, o Hamas manteve sua recusa em libertar mais reféns, condicionando qualquer avanço nas negociações à entrega de Jerusalém como capital de um futuro Estado palestino.

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