Atuando no Brasil há pouco mais de um ano, o embaixador israelense Yossi Shelley acredita que os países árabes não têm interesse no acordo de paz com a Israel. Explicando sua opinião em entrevista ao programa Mente Aberta, ele citou momentos históricos onde houve oportunidades, mas sem boas reações.
“Abraão foi o seguidor da fé e ele acreditava em Deus. Nós estamos sempre na luta. Israel é um país guerreiro, assim como o Brasil. Em Israel precisamos sempre solucionar os problemas. Tem problema de segurança? Temos solução. Tem problema de água? Temos solução”, disse Shelley.
O embaixador salientou que dentre todos os países do mundo, Israel é um dos poucos que possuem satélite. “Quem tem satélites? Apenas oito países têm a possibilidade de lançar e construir satélites. É uma das maiores tecnologias e Israel tem”, declarou.
Acordo de Paz
Segundo o embaixador, os países árabes não querem fazer acordo com a nação judaica. “Os países árabes não querem fazer paz com Israel. Eles têm raiva de Israel. Tivemos duas oportunidades para fazer acordos de paz. No Líbano eles disseram: ‘Nós queremos fazer a paz, deixem tudo’. O que aconteceu? Enviaram foguetes em nós”, lembrou Yossi.
“Em 2005 estivemos ocupando a faixa de gaza e, mais uma vez, foguetes. O que acontece é que eles não querem fazer paz. Porque quando eles querem fazer paz... Com o Egito eles têm um acordo de paz. Quando você quer dançar tango você precisa de dois parceiros ou então não tem dança”, explicou.
Shelley destacou como o Estado lida com as políticas públicas e coopera junto com empresas privadas. “Em Israel as coisas são feitas com empresas privadas. O governo não sabe fazer negócios. Eles não têm essa capacidade. O governo sabe dirigir de forma grande”, disse.
“Mas quando você chega no micro, o governo falha. Então, este é o problema. Todo o setor privado, quando faz negócio, acaba sugando da economia. O governo vai cuidar de outras coisas. Quem também constrói rodovias é o setor privado”, salientou.
Embaixada em Jerusalém
Shelley explicou que o fato de Jerusalém ser capital de Israel já estava escrito na Bíblia há três mil anos. “Israel sempre teve Jerusalém. Todas as coisas que estão como símbolo da nação estão em Jerusalém. Cada país tem a sua autonomia de decidir onde vai ser sua capital”, afirma.
“Os judeus foram perseguidos, depois de Portugal e Espanha, na inquisição. Mas quando as pessoas fugiram de Portugal, foram com com Carlos Cabral. Os judeus não chegaram aqui como imigrantes, eles fundaram o Brasil como os brasileiros”, disse o embaixador.
Em 1948, a recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU) realizou o Comitê Especial para Palestina com a missão de tratar da decisão pela partilha territorial. O encarregado de gerir essa questão foi o brasileiro Osvaldo Aranha que advogou em favor da criação do Estado de Israel.
“Depois de todas as atrocidades, depois do holocausto, depois das cinzas, nós chegamos em Israel. Agradecemos a Osvaldo Aranha que fez essa decisão definitiva para criar o Estado de Israel. Por isso sempre vamos agradecer ao Brasil. Está escrito na Bíblia que se você me ajuda, eu ajudo você”, declarou.