A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) declarou como parte do patrimônio mundial da palestina a cidade de Hebrom, mesmo sendo parte de uma região da Cisjordânia ocupada por Israel desde 1967.
A decisão foi elogiada pelos palestinos, mas causou indignação entre os israelenses, já que Hebrom abriga o Túmulo dos Patriarcas, onde estariam enterrados os patriarcas da fé judaica — Abraão, Isaque, Jacó e suas esposas. O local também é considerado sagrado para os muçulmanos, chamado por eles de Mesquita Ibrahimi.
A decisão foi tomada após uma votação secreta realizada pelo conselho da Unesco na última sexta-feira (7). Doze países votaram a favor do pedido palestino, enquanto três votaram contra. Seis países se abstiveram.
A proposta de Hebrom ser conhecida como uma cidade “islâmica” causou indignação do embaixador israelense na Unesco, Carmel Shama-Hacohen, durante a sessão.
Hebrom é considerado o segundo local mais importante no judaísmo e uma das quatro cidades santas do islamismo. A região é atualmente dividida em dois setores — um governado pela Autoridade Palestina e outro por Israel, considerado pela comunidade internacional como uma “ocupação”.
As autoridades israelenses questionaram a decisão, que já é a segunda medida anti-israelense aprovada pela ONU, que recentemente negou os vínculos de Israel com a Cidade Velha de Jerusalém.
“Só em lugares onde Israel existe, como em Hebrom, a liberdade de culto é garantida para todos”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. “Em qualquer outro lugar no Oriente Médio, mesquitas, igrejas e sinagogas são destruídas. Vamos continuar guardando o Túmulo dos Patriarcas, a liberdade de religião e a verdade”.
“Desassociar Israel dos cemitérios dos patriarcas e matriarcas da nossa nação é uma demonstração de discriminação e um ato de agressão contra o povo judeu”, disse o embaixador de Israel na ONU, Danny Damon.
O ministro da Educação de Israel e chefe da Comissão Nacional da Unesco, Naftali Bennett, disse em um comunicado que os “laços judeus com Hebrom são mais fortes do que o voto vergonhoso da Unesco”.
Sem surpresas, a decisão foi bem recebida pelos palestinos. O porta-voz do Fatah na Europa, Jamal Nazzal, disse em um comunicado que a decisão representa uma “justiça histórica” e “mais um reflexo da posição internacional que se opõe à política israelense”.