Adolescentes cristãos são raptados em cultos na Eritreia para servirem como soldados

Nos últimos anos, jovens de 14 a 16 anos têm sido levados à força pelas autoridades e obrigados a lutar em guerras.

Fonte: Guiame, com informações de UCA NewsAtualizado: sexta-feira, 9 de setembro de 2022 às 15:56
Jovens de 14 a 16 anos têm sido obrigados a lutar em guerras pelas autoridades. (Foto: Imagem ilustrativa/Wikimedia Commons/Sailko).
Jovens de 14 a 16 anos têm sido obrigados a lutar em guerras pelas autoridades. (Foto: Imagem ilustrativa/Wikimedia Commons/Sailko).

Há dois anos, adolescentes cristãos têm sido alvos de raptos durante cultos na Eritreia por autoridades, para servirem como soldados.

De acordo com a UCA News, jovens de 14 a 16 anos são levados à força pelas autoridades e obrigados a lutar na linha de frente da guerra no estado de Tigray, no norte da Etiópia.

No último domingo (6), militares interromperam a missa da paróquia Medhanie Alem, na vila de Akrur, e sequestraram todos os meninos do coral. Os oficiais cercaram a igreja para que ninguém escapasse.

“Esses jovens acabam em campos de treinamento militar e depois são enviados como forragem de abate nas guerras em curso na região, particularmente na vizinha Etiópia”, relatou Zerai, um padre de origem eritreia que trabalha com imigrantes, à UCA News.

O líder alertou que se os raptos continuarem, os adolescentes irão deixar de ir à igreja, com medo do recrutamento forçado.

“O direito sagrado de todo crente de ir à igreja para orar sem ser perseguido pelos militares ou policiais em seu país é um direito fundamental de todo ser humano”, ressaltou Zerai.

Há 20 anos, o governo ditatorial do presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, implantou um programa de serviço obrigatório para todos os cidadãos de 17 a 55 anos. 

Segundo Human Rights Watch, muitos eritreus passam a vida toda no serviço civil ou militar. 

O recrutamento forçado levou muitos jovens a fugirem do país, se arriscando na perigosa travessia pelo deserto e pelo Mar Mediterrâneo para chegar à Europa.

O governo tem ignorado os apelos da comunidade internacional para respeitar os direitos humanos da população.

"Diariamente, as pessoas continuam fugindo do recrutamento forçado do governo e fazem essas viagens pelo deserto. O governo não se importa. Não tem nada a perder", denunciou uma fonte da igreja eritreia, que não foi identificada por razões de segurança.

Eritreia: Coreia do Norte da África

O país africano que é conhecido por seu histórico de desrespeito aos direitos humanos e continua sendo um dos piores lugares do mundo para os seguidores de Jesus, ocupando o 6° lugar na Lista da Perseguição 2022 da Portas Abertas.

Sob o fogo cruzado do governo e as autoridades locais, é possível observar que o número de cristãos presos injustamente aumentou em mais de 30% em relação ao ano passado.

Há mais de 1.000 cristãos presos no país sem nenhuma acusação formal. Há 20 anos, o governo da Eritreia reconheceu apenas quatro religiões no país: o islã e as igrejas ortodoxa, católica e luterana. 

Os que não fazem parte desses grupos estão em risco de perseguição severa nas mãos do Estado. 

Além disso, o governo proibiu todas as igrejas que não haviam solicitado registro em 1997, e aquelas que se candidataram depois nunca receberam resposta às suas solicitações.

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