Em menos de 15 anos, a China poderá se tornar o país com o maior número de cristãos no mundo, de acordo com um estudo.
O pesquisador Fenggang Yang, da Universidade de Purdue, indica que a China poderá atingir a marca de 224 milhões de cristãos no ano de 2030, como citado pelo 'Financial Times', do Reino Unido.
"Pelos meus cálculos, a China está destinada a se tornar o maior país cristão no mundo muito em breve", disse Yang, um especialista em sociologia e autor da obra "Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento Sob o Regime Comunista", para o jornal 'Telegraph', do Reino Unido. "Isto será menos tempo que o de uma geração inteira. Muitas pessoas não estão preparadas para esta mudança drástica".
A explosão do cristianismo na China vai ultrapassar os países conhecidos como 'potências cristãs tradicionais do mundo'. Em 2010, os Estados Unidos tinham cerca de 159 milhões de protestantes, e muitos observadores afirmam que as congregações estão em declínio.
Como parte de uma possível 'passagem do bastão', a China está agora enviando missionários - especialmente para a Coreia do Norte.
"O número de cristãos é extremamente subestimado (na China), intencionalmente, porque o crescimento da religião iria refletir negativamente sobre os funcionários do governo [regime comunista]", Disse Yang.
Atualmente, existem cerca de 100 milhões de cristãos na nação mais populosa do mundo, o que já é maior que os 86,7 milhões que apoiam o Partido Comunista, de acordo com o 'Financial Times'.
Jin Hongxin, de 40 anos de idade, não está interessado nas implicações políticas ou missiológicas do crescimento chinês. Ela apenas tem orgulho de integrar a membresia da grande igreja 'Liushi', em Wenzhou, cidade que muitos pesquisadores externos têm chamado de 'Jerusalém da China', devido à grande quantidade suas igrejas cristãs.
"Ser seguidora de Jesus Cristo é algo maravilhoso. Isso nos dá grande confiança", disse ela em um culto de Páscoa, conforme relatado pelo Telegraph. "Se todo mundo na China acreditasse em Jesus, então, não teria mais necessidade de delegacias. Não haveria mais pessoas ruins e, portanto, não teria mais crimes".
As igrejas da China começaram experimentar um crescimento astronômico após a conclusão da Revolução Cultural, em 1976. Um sucessor do Presidente Mao, Deng Xiaoping e a política reformada liberalizaram a economia e, de certa forma, abriram a relação da China com países estrangeiros.
Em seguida, em 1985, a cláusula foi incluída na nova Constituição que prometeu liberdade de crença aos chineses. Mas a "neutralidade" do partido não cobre as reuniões públicas - no caso, os cultos cristãos.
A essa luz, uma empresa de impressão foi criada em Nanjing, financiada por grupos de caridade, e tornou-se a maior editora de Bíblias do país, de acordo com o 'Financial Times'.
No entanto, as ações de evangelismo em público não são permitidas e as igrejas estão sujeitas à supervisão de agências governamentais. Houve também um número de igrejas demolidas e cruzes proeminentes removidas dos templos, em muitas cidades de toda a China.
Em 2014, uma campanha do governo foi lançada, executando a demolição de igrejas protestantes em Whenzhou. Antes da demolição, a água, a eletricidade, transportes e até mesmo cobertura de telefones foram cortadas em toda a área dos templos por funcionários do governo, de acordo com o Financial Times.
Yang pensa alguns no partido comunista superestimaram a ameaça política da igreja. "O cristianismo trouxe mudanças positivas para a China", disse ele. "Mas também tem sido superestimado como forma ameaça muito grave".
Outros vêem a China como os Estados Unidos na década de 1980, quando o materialismo e uma economia de mercado em expansão trouxeram prosperidade e contribuíram para que um sentimento de angústia estimulasse as pessoas a se abrirem mais para Deus.
Até agora, o cristianismo trouxe um sentimento de pertencimento e de esperança para a China. Em um relatório publicado com base em uma pesquisa sobre assuntos religiosos da Academia de Ciências Sociais da China, 69% dos cristãos começaram a acreditar em Deus, porque eles ou um membros da família sofreram com doenças.
O cristianismo - uma vez pensado como um subproduto da invasão colonial e o "ópio das massas" - é agora gradualmente aceito, não apenas pelos 'incultos' e 'carentes', mas também por aqueles que são mais prósperos. De acordo com o 'Financial Times', a pesquisa mostra que metade das pessoas mais ricas na China 'acreditam publicamente em Deus' e 18% são seguidores de Jesus Cristo.
"A expansão do cristianismo na China é previsível e inevitável", disse Yang. Mesmo durante os 10 anos da Revolução Cultural durante a qual igrejas foram forçadas a usar de instalações subterrâneas - devido à perseguição intensa - o cristianismo cresceu anualmente em 15%, de acordo com estimativas estatísticas.
"A imensa influência do cristianismo é certa - para a China e todo o mundo. Não importa se as pessoas estão preparadas ou não", disse Yang.