Uma cristã foi morta a tiros enquanto orava em uma igreja em Manipur na Índia, na sexta-feira (9). Domkhohoi Haokip estava na casa dos 60 anos e era da etnia Kuki.
De acordo com o Morning Star News, um grupo de homens da etnia Meitei com fuzis automáticos atacaram o templo na aldeia Khoken, no noroeste do país.
Outros dois cristãos da etnia Kuki, Jangpao Touthang e Khaimang Guite, também foram mortos e dois moradores ficaram feridos durante o ataque.
“Eles não têm consideração por mulheres e crianças. Uma mulher foi morta dentro da igreja enquanto rezava, eles são tão impiedosos”, afirmou Ginza Vualzong, porta-voz do Fórum de Líderes Tribais Indígenas (ITLF), ao Morning Star News.
Segundo o ITLF, os homens armados chegaram à aldeia em veículos e uniformes do exército indiano. No início, os moradores acreditaram que eram militares fazendo ronda na região.
Os cristãos (da esquerda) Jungpao Touthang, Kaiman Guite e Domkhohoi Haokip foram mortos em Manipur. (ITLF).
Conflito étnico
Os Kuki e os Meitei, dois grupos indígenas no estado de Manipur, vivem um conflito antigo que envolve questões de direitos de povos minoritários.
Os Meitei são hindus e as tensões com os Kukis se intensificaram pelo suposto envolvimento da etnia Meitei com organizações nacionalistas hindus, que perseguem cristãos.
Conforme comentaristas políticos da Índia, o nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) e o Partido Bharatiya Janata (BJP) usaram a comunidade Meitei para promover sua agenda na região.
Ataques a igrejas
Para L. Kamzamang, um pastor local, o tipo de violência em Manipur aparenta ser promovida por grupos extremistas hindus.
“As multidões depois de queimar igrejas estavam hasteando suas bandeiras no topo das igrejas. É como se estivessem tentando retratar que conquistaram a igreja – o local sagrado religioso de nossa adoração”, relatou o pastor, ao Morning Star News.
Segundo o líder, os extremistas hindus tentaram pregar a filosofia nacionalista hindu aos líderes Meitei, em troca de privilégios.
“O mais estranho é que eles queimaram as igrejas antes mesmo de matar as pessoas. Isso para mim tem um forte aspecto religioso, e podemos ver o plano que está sendo desenvolvido queimando igreja após igreja”, avaliou o pastor.
Pelo menos 317 igrejas foram destruídas e 160 pessoas mortas na onda de violência étnica desde maio deste ano, conforme fontes locais. Entre os mortos e feridos, a maioria são cristãos tribais.
O pastor Kamzamang afirmou que os ataques à igrejas têm afetado a saúde psicológica dos cristãos em Manipur.
“Uma igreja para nós não é apenas um local de adoração, mas também um local de refúgio. E agora que eles derrubaram as igrejas e as queimaram, para onde as pessoas correm? Isso afetará nossa moral e esmagará nosso espírito, e é isso que eles querem fazer. Eu chamaria essa violência mais religiosa do que política”, ressaltou.
A Índia ocupa a 11° posição da Lista da Perseguição Mundial 2023 da Missão Portas Abertas.