Um cristão no Paquistão foi morto por um grupo de muçulmanos radicais por denunciar o assédio cometido contra sua irmã. Arif Masih, de 32 anos, foi sequestrado, espancado, envenenado e morto na aldeia de Tariqabad, na província de Punjab, de maioria muçulmana, em 23 de maio.
Três dias antes do assassinato de Arif, sua irmã foi assediada sexualmente por dois homens muçulmanos, Muhammad Tariq e Muhammad Majid, que a arrastaram de uma loja para a rua e a deixaram nua.
Arif apresentou queixa na polícia local contra os dois homens. Então, no dia 23, os abusadores atacaram o cristão e o raptaram em uma motocicleta.
“Dois homens da comunidade Gujjar invadiram nossa casa e o levaram à força em uma motocicleta. Cerca de uma hora depois, eles o jogaram no mercado em nossa porta”, disse Rizwan Masih, irmão de Arif, em relatório da polícia.
“Na semana passada, os acusados assediaram a nossa irmã. Meu irmão vinha recebendo ameaças de morte desde que relatamos o incidente na delegacia. Ele estava sendo forçado a uma trégua”, revelou Masih.
O cristão Arif foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Protesto contra a perseguição
Akmal Bhatti, presidente da Minorities Alliance Paquistão, entrega um primeiro relatório de informação da polícia aos cristãos protestantes na delegacia de Gojra, em 24 de maio. (Foto: Arquivo pessoal).
O caso do assassinato brutal de Arif Masih levou mais de 300 cristãos paquistaneses a protestarem contra a perseguição de cristãos no país, pedindo justiça pela morte de Arif, em 24 de maio. Os manifestantes levaram o corpo de Arif para o protesto.
A manifestação durou três horas e bloqueou uma grande estrada perto da cidade de Gojra, na província de Punjab. Alguns dos cartazes empunhados pelos crentes declaravam: “Ó Senhor, estamos desamparados” e “Injustiça com cristãos”.
“Arif Masih foi assassinado por exigir justiça. O panchayat (assembleia da aldeia local) repreendeu a família cristã por denunciar o caso e ameaçou-os com um boicote social. Os acusados eram influentes e facilmente conseguiram fiança da prisão”, disse o presidente da Aliança de Minorias do Paquistão, Akmal Bhatti, ao UCA News.
Akmal ainda afirmou que a polícia local relatou o assassinato como suicídio e relutou em registrar uma denúncia. “Nosso povo está cansado de protestar com cadáveres. Eles foram forçados a protestar sob o sol escaldante, independentemente da pandemia da Covid-19”, denunciou.
Em relatório de fevereiro deste ano, a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão denunciou a discriminação que as minorias no país sofrem por parte do sistema de justiça criminal paquistanes.
“Quando discriminados, as populações vulneráveis, como os pobres, mulheres, doentes mentais, minorias religiosas, raciais e étnicas, etc., têm menos recursos para usar e menos pessoas dispostas a ajudá-los. No Paquistão, pertencer a um ou mais desses grupos marginalizados coloca você em maior risco de parcialidade policial, prisão e condenação injustas, passar a vida inteira na prisão ou até mesmo na pena de morte”, afirmou o relatório.
O Paquistão está no 5º na Lista Mundial de Perseguição de 2021 da Missão Portas Abertas. As meninas cristãs paquistanesas correm o risco de sequestro e abuso sexual e, muitas vezes, são forçadas a se casarem com os agressores e a se converterem ao islã. As notórias leis de blasfêmia do Paquistão são usadas para atingir os cristãos, e grupos extremistas islâmicos "defendem" essas leis veementemente.
As autoridades não protegem as mulheres e meninas e, com frequência, se aliam ao agressor. Elas também são forçadas a testemunhar em tribunal que se converteram voluntariamente ao islamismo. Também há relatos de tráfico de meninas cristãs para trabalho forçado e uma rede de prostituição que as envia para a China.