Dois meses atrás, no norte do Laos, três famílias cristãs acordaram com a voz estrondosa do chefe da remota vila onde moravam. Enquanto estava do lado de fora de suas casas, o líder da comunidade que eles haviam feito parte de suas vidas inteiras anunciou que ele e toda a população da vila estavam lá para destruir suas casas.
Naquele dia, essas famílias tiveram suas casas destruídas e foram expulsos de sua comunidade, porque deixaram a religião da tribo para seguir Jesus. As famílias fugiram juntas para um campo de arroz próximo, onde montaram abrigos improvisados.
Dias depois, os moradores da vila descobriram onde os cristãos estavam abrigados e destruíram suas “casas” improvisadas mais uma vez.
Há alguns dias, a Portas Abertas (EUA) recebeu um relato de um pastor pastor local, que lidera a igreja dessas famílias. Depois de se mudarem mais uma vez, as famílias foram informadas pelo chefe de sua antiga vila que deveriam se mudar mais uma vez porque ainda poderiam "enfurecer os espíritos da vila".
O pastor que entrou em contato com nossa equipe compartilhou que um cristão de outro distrito ouviu falar da situação dessas famílias e decidiu ajudá-las. Ele ofereceu ao grupo de cristãos perseguidas sua antiga casa com um aluguel de baixo valor. Então, o pastor dessas famílias as ajudou a se estabelecerem nessa nova casa e uma igreja lhes forneceu comida.
A Portas Abertas (EUA) também assegurou que irá apoiá-los, pagando o aluguel da casa e ajudando com outras necessidades. Porém a logística de ajudá-los ficou ainda mais complicada, devido à restrições em razão da pandemia do coronavírus.
Cristãos convertidos se tornam "vulneráveis" no Laos
A rejeição e revolta que essas famílias passaram nos últimos três meses tipificam a situação dos convertidos cristãos no Laos, que é um dos cinco países marxistas-leninistas remanescentes do mundo. O país é estritamente contrário a qualquer influência considerada estrangeira ou ocidental.
No Laos, o Partido Comunista exerce enorme pressão sobre a pequena minoria cristã. Por isso, a Portas Abertas (EUA) tem recebido vários relatos de cristãos que são expulsos de suas casas e até agredidos por causa de sua fé em Jesus. Nas áreas rurais, os moradores da vila observam os cristãos com suspeita.
Neste país do sudeste asiático, de pouco mais de 7,3 milhões de habitantes, os convertidos ao cristianismo somam 227.000 pessoas atualmente. Essa minoria enfrenta as formas mais graves de perseguição religiosa. No Laos, abandonar o budismo ou as crenças animistas tribais, por exemplo, é visto como uma traição aos membros da família e à comunidade.
Consequentemente, os cristãos acabam sendo perseguidos por suas próprias famílias nuclear ou extensiva (geralmente uma família nuclear do Laos é composta por três gerações sob o mesmo teto) e pelas autoridades locais que frequentemente agitam a comunidade, como é o caso dessas famílias que atualmente estão sofrendo perseguição. Como resultado, os cristãos devem tomar extrema cautela para evitar reações negativas por parte de funcionários do governo.
Atualmente, o Laos é o país número 20 na lista mundial sobre perseguição da Portas Abertas.