O principal objetivo da Missão Batista Cristolândia é falar do amor de Deus e dizer que existe esperança para todos. A estratégia usada pelos missionários é oferecer oportunidade de transformação às pessoas viciadas e em situação de rua através de convites para refeição, banho, corte de cabelo, calçados e roupas limpas, entre outras coisas.
Situada à Alameda Barão de Piracicaba, 509 - Campos Elísios, a Cristolândia tem culto todas as manhãs, às 9hs, às 12hs e à noite, além de vigília às sextas-feiras.
Atualmente a missão conta com uma equipe de aproximadamente 15 pessoas no trabalho. Para que o projeto aconteça, a missão conta doações voluntárias que vão desde materiais de higiene, roupas, calçados, até ajuda financeira. A missionária Elaine Machado explica que, por ser uma entidade sem fins lucrativos, a missão vive de doações que são todas revertidas para o sobrevivência do trabalho social. "Deus tem sido muito bom conosco nos abençoado tremendamente. Ele tem tocado em pessoas para nos sustentar. A cracolândia é um problema social dos mais graves do nosso país, todo mundo sabe a necessidade urgente de resolver. Quanto mais pessoas a gente ajuda, mais parceiros a gente precisa e nós não vamos sossegar até ver aquela cracolândia limpa."
Em entrevista ao GUIAME, a missionária enfatiza o fato de que o projeto busca cuidar do homem como um todo, ou seja, preocupa-se com sua reconciliação com Deus e também dá atenção à saúde física e emocional. "Me sinto realizada, feliz e fazendo aquilo que eu nasci para fazer. Nada melhor do que ver uma vida sendo restaurada", diz Elaine.
Algumas dessas vidas restauradas resumem seus testemunhos. Confira:
Cleizer Alves de Paulo, 25 anos
Conheci as drogas aos 10 anos de idade e fiquei nela até os 24. Morei na rua, fui preso aos 15 e aos 17 anos. Aos 24 conheci a Cristolândia, conheci Jesus e estou a 1 anos e 3 meses limpo.
A partir do momento que eu conheci a Cristolândia e conheci os missionários, eu ganhei uma família, e o que o dependente químico mais precisa nos momentos difíceis é de uma família que dê carinho e amor, e isso eu encontrei dentro da Cristolândia e foi isso que facilitou para que eu abandonasse a dependência.
Se não fossem os missionários da Cristolândia, eu estaria morto. Por isso que hoje eu tenho muito amor pela obra e faço o que eles fizeram por mim, ajudo pessoas da cracolândia.
Francis Almeida de Oliveira, 35 anos
Até a minha adolescência, 19 anos, eu nem bebia. Não conhecia a Cristo. Tive a oportunidade de conhecer algumas igrejas evangélicas, mas não aceitei a Jesus. A partir dos 19 anos eu comecei a ir em algumas baladas e comecei a sentir um vazio muito grande dentro de mim, que começou a ser preenchido só por baladas e festinhas. Um ano depois eu comecei a fumar maconha.Com 21 anos eu comecei a usar cocaína, com 22 teve um acontecimento que marcou minha vida, o nascimento da minha filha, e ao invés de melhorar eu piorei e acabei conhecendo o crack.
Tentei parar de usar drogas e não consegui. Minha família tentou de várias maneiras, me levou para vários estados, Nordeste, Espírito Santo, me mandaram para outros países, inclusive Nova Zelândia onde fiquei 1 ano em abstinência.Depois fui pra Inglaterra, fiquei em abstinência, mas acabei reencontrando as drogas em Londres. Aí comecei a participar do submundo, festinhas, raves, ecstase, anfetamina e crack também. Tudo que eu tinha conquistado lá voltou a desmoronar.Meu emprego, estudos, comecei a jogar tudo por água abaixo.
Voltei para o Brasil, vi a família e depois de anos 5 anos eu pude rever minha filha. Mesmo assim não consegui deixar de usar drogas definitivamente. Comecei a viver entre Espírito Santo e São Paulo. Quando vim pra SP comecei a dar aula de inglês e fiquei quatro meses abstinente dando aula em uma escola de línguas, foi quando eu comecei a tomar cervejinha de novo e tive uma recaída fuminante..
Nessa recaída eu fui parar na cracolândia novamente, após 12 anos, e minha situação foi piorando, em certo momento não conseguia mais pagar minhas contas e fui parar nas ruas, até meu calçado eu vendia para comprar drogas. Achava que não tinha mais jeito, já não ligava mais pra minha família, eles estavam desesperados atrás de mim e eu não ligava de vergonha.
A missão da Cristolândia era bem em frente à feira livre das drogas e, passando em frente, vi que eles estavam tocando louvor, estava tendo vigília, sentei e fiquei lá na frente. Dormi na porta da Cristolândia e quando eles abriram no dia seguinte, eu senti um chamado de que algo poderia mudar se eu entrasse naquele lugar.Entrei e naquele momento comecei a chorar. O pastor pregou, fez o apelo e eu aceitei a Jesus.
Uma semana depois, Jesus já havia transformado minha vida maravilhosamente. Eu ja podia me apresentar pra minha filha de novo, liguei pra minha mãe e ela ficou muito feliz e agora eu também participo do ministério Cristolândia. Agora, cerca de um ano depois, eu participo do ministério como seminarista no resgate daqueles que precisam sair dessa situação.
A partir do momento que aceitei Jesus, toda vez que vou na Cristolândia não sinto aquela abstinência que sentia antes, tremeideira e tal, sinto vontade de tirar aquelas vidas de lá. Achei o trabalho muito bonito e achei que deveria participar disso também, retirando outras vidas de lá. Quando eu vou na cracolândia, as pessoas olham pra mim e veem uma possibilidade de poder sair daquela vida, me reconhecem de quando estava lá junto com ele. Então eles pensam 'se Jesus fez isso na sua vida, Ele pode fazer na minha também'.
Cícero Rogério de Oliveira Alves, 25 anos
Aos 18 anos eu conheci o mundo do crime, das drogas e da prostituição. Por 6 anos vivi escravo das drogas e destrui muitas vidas. Furtei, roubei, machuquei pessoas.
Por 6 anos eu fui escravo de satanás, ele me usou da maneira que quis... Tinha perdido minha esposa, meus filhos. Não vivi na rua, mas ficava mais na rua do que em casa. Roubava minha mãe para alimentar meu vício. Perdi trabalhos, perdi cursos. Se eu tivesse abraçado parte das oportunidades que Deus havia me dado, hoje eu seria alguém na vida. Há 4 meses conheci o projeto Cristolândia através de um irmão da minha igreja. Cheguei a chegar cocaína dentro da igreja.
No começo fiquei assustado porque nunca tinha ido parar em um lugar desses, logo depois, já tinha perdido tudo mesmo, então resolvi ir. Fui determinado em ficar na Cristolândia 4 meses e lá Deus usou um pastor para falar que eu não ia ficar 4 meses, mas um ano no projeto, e eu já entendi que ali não era do jeito que eu queria, mas do jeito que Deus tinha determinado na minha vida.
Tive um encontro verdadeiro com Deus e aceitei a Jesus como salvador da minha vida. Há 4 meses estou firme fora das drogas. Deus vem trabalhando grandiosamente na minha vida. Sinto um prazer de estar na Cracolândia evangelizando, estar resgatando almas para Jesus. Hoje eu sinto necessidade de falar do amor de Deus para as pessoas que não conhecem e nunca tiveram um encontro verdadeiro com Ele.
Por Juliana Simioni