Carlos Alessandro, de 25 anos, foi criado por uma família evangélica. No entanto, apenas depois de ser preso por roubo ele se firmou na religião. Assim acontece com muitos outros detentos que estão nos presídios de Manaus, onde encontram mudança e refúgio na fé em Cristo.
A história de Carlos é parecida com a do ex-presidiário Luciano Jonata, de 47 anos. Ele foi preso em 2015 por roubo, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Ironicamente, foi dentro do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) que sua vida foi transformada, depois que ele se rendeu a Jesus.
“Depois que me separei em 2009, entrei em depressão e, consequentemente, entrei no mundo das drogas. Comecei a roubar, traficar e morei embaixo da ponte por muito tempo”, disse ele ao site Em Tempo. “Na cadeia, eu comecei a frequentar os cultos e minha vida está mudando aos poucos. Meu sonho é evangelizar para os amigos da cadeia e as pessoas que continuam no mundo do crime.”
A fé cristã também mudou a vida de Fábio Silva (nome fictício), um detento do regime semiaberto do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). “Por meio da palavra do Senhor, mudei para melhor. Hoje tenho um comportamento excelente e muito em breve conseguirei progredir de regime. Eu tenho fé e vou conseguir. Meus filhos não me verão mais com um pai bandido, e sim como um homem de Deus”, disse o detento.
Fábio foi evangelizado por um pastor que estava pregando dentro do sistema penitenciário e resolveu visitar um culto pela primeira vez, em 2016. “Depois desse dia, minha vida mudou completamente e para sempre. Hoje não preciso mais me envolver em crimes, pois sei que o Senhor sempre está ao meu lado. Meu maior sonho é trazer a esperança que eu conheci para outros detentos”, frisou.
Cultos limitados
Atualmente, os cultos dentro dos presídios manauaras acontecem durante o banho de sol dos internos, segundo Klinger Paiva, major da Polícia Militar (PM) e secretário executivo adjunto da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
Paiva acrescenta que os líderes religiosos estão proibidos de adentrar nas dependências das penitenciárias desde a rebelião que aconteceu em janeiro deste ano, que resultou em mais de 60 mortes e na fuga de 184 criminosos.
Para a coordenadora da pastoral carcerária no Amazonas, Marlúcia Costa Souza, o objetivo da atuação nos presídios é evangelizar os detentos. Até o fim do ano passado, uma equipe visitava os presídios para escutar os internos pelo menos uma vez por semana.
“Escutamos eles, nós queremos saber o que eles estão pensando. Se tem algo anormal, nós tentamos resolver o problema. Tentamos aproximar a família do interno, pois a base de tudo são os familiares. Eles ajudam muito na recuperação do apenado. O objetivo é levar a esperança”, disse Costa.