A Assembléia Constituinte do Nepal rejeitou uma proposta na última segunda-feira para declarar o país um estado Hindu. Horas depois, bombas explodiram em duas igrejas no distrito de Jhapa, no leste do país, em ataques que têm sido amplamente atribuídos a grupos radicais hinduístas, embora ninguém ainda tenha assumido a responsabilidade.
As explosões aconteceram após semanas de manifestações violentas. O Nepal lida com a elaboração da sua nova Constituição. Em particular, a tensão se concentrado no fato de que partido de direita 'Rashtriya Prajatantra' (RPPN) tem proposto ao Nepal que seja nomeado oficialmente um país Hindu, como era até 2007, além de sua demanda por uma proibição de todas as conversões religiosas. O governo concordou com este último ponto da proposta em julho, mas esta semana rejeitou o primeiro.
Os cristãos nepaleses representam menos de 2% dos 26,5 milhões da população do país, que é predominantemente hindu e a organização 'Christian Solidarity Worldwide' (CSW) alertou que a liberdade religiosa dos cidadãos nepaleses poderia ser "drasticamente reduzida" sob a nova legislação. Embora o Nepal mantenha o seu estatuto secular, grupos minoritários ainda podem estar em risco.
"A situação da liberdade religiosa no Nepal está mais em jogo agora do que nunca", disse Steven Selvaraj, da CSW para o Sul da Ásia ao Christian Today.
A versão final da nova Constituição, que entrará em vigor após ser promulgada pelo presidente Ram Baran Yadav, no domingo, poderá incluir uma cláusula que afirma: "Ninguém deve se comportar, agir ou realizar atividades que violem a ordem pública ou quebrar a paz pública / paz na comunidade, e ninguém deve tentar alterar ou converter alguém de uma religião para outra / pôr em perigo a religião dos outros, e tais atos / estas atividades são passíveis de punição por lei".
"Teremos que esperar e ver, mas se isso realmente acontecer, vai sufocar a liberdade de religião ou crença", disse Selvaraj. Ele alertou que isso poderia minar as liberdades de religião e de expressão - universalmente garantidas organizações de Direitos Humanos.
Tradicionalmente, os diferentes grupos religiosos têm vivido lado a lado bastante harmoniosamente no Nepal, embora sempre haja tensões entre grupos radicais hindus e aqueles de religiões minoritárias.
"Estas tensões têm evoluído para algo maior", disse Selvaraj. "Está claro agora que o RPPN não vai sentar e cruzar os braços diante disso. Estão, obviamente, tentando empurrar para a priorização da fé hindu".
A RPPN possui atualmente apenas 24 das 601 cadeiras na Assembléia Constituinte, o que o deixa distante dos quatro principais partidos do Nepal, mas uma forte linha na busca de ideais hindus tem o tornado popular. No último censo, realizado em 2011, 81% dos cidadãos nepaleses se identificaram como hindus.
Em geral, os nepaleses são muito religiosos, segundo acrescentou Selvaraj, e considerndo as explosões das igrejas no início desta semana - além de um atentado a bomba contra um posto policial - há grupos que estão descontentes com a decisão do governo de manter a sua identidade secular. (O secularismo no Nepal tem conotações de estar em oposição à religião, ao invés de simplesmente tolerância religiosa, como teoricamente acontece no Ocidente).