Quando se trata de missões, o conhecimento teórico é importante, mas nunca poderá substituir o conhecimento prático. Foi isso o que o missionário Saulo Porto, diretor de ensino da Missão Mãos Estendidas (MME), aprendeu em sua experiência em países da África como Zâmbia, Malawi, Moçambique e Zimbábue.
“Muita coisa que aprendemos no seminário vão ser paradigmas que, à medida que você vai caminhando na prática, você vai aprendendo coisas que o seminário não ensinou”, disse Saulo em entrevista ao Guiame durante viagem ao Malawi.
Quando se trata do movimento teológico, Saulo acredita que muito do conteúdo teórico que é produzido está “aquém do que poderíamos em termos de missões”.
“Muitas vezes, os seminários têm treinado pessoas para serem obreiros de denominações específicas. Isso é importante, mas tem suas limitações; porque no contexto de nação, precisamos ter uma visão além da visão denominacional. Eu acho que esse talvez seja o modelo de Jesus, porque você não observa Jesus desenvolvendo uma denominação específica”, explica.
“O denominacionalismo não é errado, é apenas uma denominação. Mas quando ele se torna a motivação do ministério, nós estamos dando um propósito passageiro para uma coisa que deveria ser eterna. Porque um dia as denominações vão deixar de existir, mas o Reino permanece para sempre. Quando nós compreendemos isso, nós percebemos: eu estou trabalhando por uma denominação que um dia vai deixar de existir”, acrescenta o missionário.
Ouça a entrevista completa em nosso podcast:
Saulo reconhece a importância da função administrativa das denominações, mas destaca que elas “nunca vão substituir o propósito do Reino de Deus”.
“Se a gente chegar no nível de usar uma denominação para um propósito do Reino, o fruto vai permanecer. É mil vezes melhor do que você tentar usar o Reino para expandir uma denominação — esse não é um processo que vai durar muito tempo”, esclarece.
Pobreza na África: uma questão de perspectiva
Em um trabalho missionário na África, Saulo acredita que é preciso trabalhar o conceito do que realmente significa pobreza. “Nós temos um continente extremamente rico, mas o povo mais pobre do mundo. O que temos buscado é refletir por que isso acontece”, disse ele.
“Existe em África uma enxurrada de organizações trabalhando para combater a pobreza, mas a efetividade dessas organizações está muito relacionada à leitura que elas têm do conceito de pobreza. Como a maioria delas são organizações ‘materialistas’, elas acham que todo o problema da África é físico, e que a solução também é física; então eles trazem recursos físicos. Mas quando temos uma perspectiva do Reino, começamos a ver que antes de toda a miséria africana que enxergamos nas ruas, a África foi criada para ser um continente muito abençoado”, analisa Saulo.
O missionário afirma que é importante mostrar aos africanos que, por pior que seja sua situação, eles ainda têm um Criador que os fez à Sua imagem e semelhança — e por isso eles são dignos.
“Por serem dignos, nós ocidentais não podemos tratá-los como se eles fossem inferiores, coitadinhos, ou eternamente condenados à pobreza. Precisamos justamente promover essa ideia de que o africano não precisa depender do Ocidente; ele tem que aprender a depender de Deus”, afirma.
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