Cristãos da Nigéria sofreram um segundo massacre em massa em poucos dias, segundo relatos, depois que um grupo de ‘pastores muçulmanos Fulani’ (radicais islâmicos) atacaram aldeias no estado de Benue nesta semana, levando à morte de pelo menos 39 pessoas.
A agência Morning Star News relatou vários ataques em todo o estado que atingiram comunidades cristãs, incluindo um na noite de terça-feira nas aldeias predominantemente cristãs de Tse-Umenge, Mbakpase e Tse-Ali, onde 160 casas foram incendiadas.
A moradora de Mbakpase, Alice Terwase, explicou que os extremistas usavam camuflagem do exército e portavam armas AK-47.
"Os Fulani destruíram mais de 60 casas em nossa aldeia e três membros da minha comunidade também foram mortos durante o ataque", disse Terwase ao serviço de notícias.
"Na aldeia de Tse-Ali, mais de 70 casas foram incendiadas e 21 cristãos foram mortos. Todas as vítimas das comunidades afetadas são membros da Igreja NKST (Igreja Universal Reformada Cristã, ou Nongu u Kristu ui Ser Tar Tar) e da Igreja Católica Romana", acrescentou.
John Umenge da aldeia de Tse-Umenge disse que os radicais incendiaram 50 casas em sua comunidade.
"Mais de 15 cristãos foram mortos e 50 casas destruídas pelos pastores", revelou Umenge. "Os ataques começaram por volta das 11 da noite de terça-feira e duraram até as primeiras horas de hoje (quarta-feira)".
Richard Nyajo, presidente do Conselho da Logo Local Government Area, relatou outro ataque na quarta-feira, contra sete cristãos deslocados, que estavam se refugiando em uma igreja.
"O ataque realizado pelos pastores nas instalações da Igreja Africana em Mbamondo ocorreu por volta das 12:20 hs", disse Nyajo. "Sete aldeões cristãos que foram deslocados em ataques anteriores e estavam se refugiando nas instalações da igreja, foram mortos".
Os radicais também incendiaram casas durante esse ataque. A Morning Star News apontou que o número total de cristãos mortos nos ataques ainda não foi confirmado.
As matanças seguem outro ataque chocante na manhã de terça-feira em Mbalom, quando 19 cristãos, incluindo dois padres católicos romanos, foram mortos durante a missa matinal enquanto radicais armados entraram na igreja.
O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, chamou os ataque de "particularmente desprezível".
"Violar um local de culto, matar padres e fiéis não é apenas vil, perverso e satânico, é claramente calculado para alimentar o conflito religioso e mergulhar nossas comunidades em derramamentos infinitos de sangue", disse ele.
Buhari enfrenta crescente inquietação, pois os cristãos estão indignados com o fato de os ataques dos Fulani continuarem em pleno vigor, apesar das promessas de ação do governo.
A Associação Cristã da Nigéria (CAN) pediu o "Domingo Nacional e Internacional do Protesto Cristão" em 29 de abril.
"O governo deve ser chamado a executar sua responsabilidade constitucional de proteger os cidadãos agora. Nenhuma desculpa deve ser dada para este ato perverso novamente e os perpetradores devem ser denunciados agora", disse o Rev. Dr. Samson Olasupo Ayokunle, presidente da CAN, em um comunicado.
"Da mesma forma, o protesto pacífico deve exigir a libertação de Leah Sharibu, a prisioneira de fé e as garotas Chibok restantes. Todas as pessoas em cativeiro devem ser libertadas sem demora", acrescentou ele, falando de um sequestro do Boko Haram, outro grande grupo terrorista da Nigéria. "Nós já estamos em um ponto de ruptura e um estado de anomia está quase aqui."