O Parlamento Europeu votou esmagadoramente na última quinta-feira (4), na França, para designar oficialmente como genocídio, a matança de cristãos, em curso no Médio Oriente, promovida pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Além de cristãos, outras minorias religiosas e étnicas, como os Yazidis também tiveram o seu sofrimento reconhecido nesta votação.
"O genocídio é um termo legal, internacionalmente reconhecido e é necessário que se adotem novas medidas, tais como uma referência pelo Conselho de Segurança da ONU para o Tribunal Penal Internacional, com o objetivo de condenar e punir os autores de genocídio. Esperamos que a resolução que o Parlamento Europeu aprovou hoje venha a contribuir para que vidas sejam salvas", disse Sophia Kuby, diretora de Advocacia da Aliança de Defesa International da Liberdade (ADF) da União Europeia, em um comunicado ao 'Christian Post'.
Kuby acrescentou que os cristãos no Oriente Médio necessitam urgentemente que as instituições internacionais, como o Parlamento da União Europeia reconheçam a gravidade da sua situação.
O que também é significativo sobre a resolução que classifica as ações do Estado Islâmico como genocídio, é que na semana passada, este mesmo posicionamento também foi adotado pela Assembleia do Conselho Parlamentar da Europa, o qual apelou para as nações que são signatárias da Convenção de Genocídio da ONU - fundada em 1948 - que medidas mais rígidas sejam tomadas diante deste contexto.
Enquanto a ADF alerta sobre a relevância desta resolução, o próximo passo agora é do Conselho de Segurança, que deve remeter o assunto para o Tribunal Penal Internacional, para que se dê continuidade às investigar sobre o genocídio.
A resolução da União Europeia também está propondo a nomeação de um "representante especial dos países europeus para a Liberdade de Religião no Mundo".
O Estado Islâmico tem conquistado territórios significativos em todo o Iraque e na Síria, embora a sua influência se tenha se espalhado através de grupos afiliados em outros países também, e tem chocado o mundo, com a a realização de assassinatos em massa contra os cristãos, Yazidis e outras minorias.
Uma série de líderes mundiais se manifestaram contra o tratamento dos cristãos pelo Estado Islâmico. O príncipe Charles alertou que os cristãos podem ser totalmente dizimados dessas terras (dominadas pelo EI) dentro de cinco anos.
"De acordo com a 'Ajuda à Igreja Sofredora', que é uma organização verdadeiramente notável, o cristianismo realmente poderia desaparecer do Iraque dentro de cinco anos, a menos que a ajuda de emergência seja fornecida em uma escala muito maior, em nível internacional", advertiu o príncipe de Gales, em dezembro (2015).
"Isso afeta a todos nós, consequentemente, o maior desafio que enfrentamos é como assegurar a herança espiritual e cultural do cristianismo no Oriente Médio e preservá-las para as gerações futuras".
A votação do Parlamento da União Europeia poderia também colocar pressão sobre os Estados Unidos para emitir uma resolução semelhante, declarando que as ações do EI caracterizam de fato um genocídio, exigindo assim, uma ação mais direta. Tais propostas foram introduzidas na Câmara dos Deputados dos EUA e no Senado, mas elas ainda não passaram, apesar dos pedidos por parte da Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional dos EUA (USCIRF).
A USCIRF pediu aos "líderes mundiais norte-americanos e outros que condenem as ações genocidas e crimes contra a humanidade, promovidos pelo Estado Islâmico, que foram dirigidas a esses grupos (minorias) étnicos e religiosos".
Outros, no entanto, como embaixador do Departamento de Estado dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional, David Saperstein, argumentaram que a administração do presidente Barack Obama não vai mudar a sua estratégia no Iraque e na Síria, independentemente da aprovação de tal resolução.
"Se tivéssemos feito um ano atrás, uma determinação sobre crimes de genocídio contra a humanidade, isso teria resultado no que estamos fazendo [agora]", disse Saperstein - que é um rabino - em janeiro, quando foi divulgada a Lista da Missão Internacional Portas Abertas sobre a perseguição religiosa em todo o mundo.
"Você pode se perguntar: "Existe significado? É importante para eles? Estamos fazendo o que teríamos feito independentemente desta designação ter sido feita ou não ", acrescentou.