A família Childs tinha muitos motivos para se apavorar no ataque de muçulmanos que incendiaram pelo menos 45 igrejas e saquearam as casas dos ministros cristãos na semana de 16/01, no Níger.
Uma multidão em fúria estava atacando as casas onde aconteciam cultos cristãos. "Nós imediatamente começamos a arrumar as malas, colocando os itens de valor e os documentos, e fomos para o carro", disse Neal, o pai da família Childs e líder de um ministério cristão no país.
No dia seguinte, Neal e Danette, sua esposa, foram examinar as ruínas que restaram de sua casa. "Ainda havia fumaça e brasas quentes. Até que através dos escombros minha esposa se deparou com a Bíblia."
A Bíblia foi carbonizada, mas não destruída – o que causou uma agitação nos corações do casal. "Foi um momento de emoção", disse Neal.
E se fosse o Alcorão?
Os ataques foram resultados de protestos contra as publicações mais recentes do jornal francês Charlie Hebdo. Não houve cobertura nos maiores veículos de imprensa, nem passeatas de solidariedade para a pequena comunidade cristã do Níger. Os ataques não foram mencionados no site da Casa Branca, nem as dez vítimas fatais e os refugiados foram lembrados.
No entanto, Danette tirou uma foto da Bíblia, que foi parar nas mãos de Franklin Graham, presidente da Associação Evangelística Billy Graham.
Graham postou a foto em sua página no Facebook, junto com um pensamento crítico. "Você pode imaginar o tamanho do clamor internacional se este fosse o Alcorão? Você pode imaginar o tamanho do clamor internacional se os cristãos tivessem queimado 45 mesquitas?”, questionou.
Mas isso não é o que aconteceu no Níger. A comunidade cristã não retaliou, nem respondeu com vozes iradas. "Isso é porque nós somos cheios de misericórdia, graça e fé", disse Neal. "Nós não reagimos na carne, não reagimos com raiva."
"Jesus disse: se alegrai e exultai quando os homens vos perseguem, porque grande é o vosso galardão nos céus", disse Neal.
"Nós estamos pregando o Evangelho e vivendo como um exemplo diante do povo", disse ele. "Isso foi demonstrado em nossa resposta. Não é da nossa natureza sermos agressivos ou violentos. Nós perdoamos aqueles que nos atacaram".