“Matar virou rotina”: Pai e filho são decapitados ao voltar de ensaio do coral

A caminho para casa, um pai de 46 anos e seu filho, de 7 anos, foram decapitados por militantes Fulani.

Fonte: GuiameAtualizado: terça-feira, 3 de agosto de 2021 às 12:25
Enterro em massa em Zabarmari, no estado nigeriano de Borno, em novembro de 2020. (Foto: Reuters/Ahmed Kingimi)
Enterro em massa em Zabarmari, no estado nigeriano de Borno, em novembro de 2020. (Foto: Reuters/Ahmed Kingimi)

Um pai de 46 anos e seu filho, de 7 anos, foram decapitados por militantes Fulani em Miango, uma cidade no estado de Plateau, no centro da Nigéria.

Pai e filho, identificados como Thomas Wollo e Nggwe Thomas, foram atacados perto de sua casa na aldeia Tafigana, na região de Bassa, enquanto voltavam de um ensaio do coral por volta das 20h50 no domingo, em 11 de julho, informou o jornal nigeriano The Punch.

O ataque foi confirmado pela organização International Christian Concern na sexta-feira (30). Os autores do crime fugiram e não foram encontrados. 

Zongo Lawrence, porta-voz da Associação de Desenvolvimento Juvenil de Miango, relatou que no mesmo dia do ataque, os jihadistas foram para uma vila próxima em Hukke e destruíram produtos agrícolas no valor de milhões de naira (moeda nigeriana).

“17 pessoas do nosso povo foram mortas por pastores Fulani este ano”, disse Lawrence. “A comunidade internacional deve vir em nosso auxílio; estamos sob forte cerco.”

O presidente do Movimento Juvenil Irigwe, Chinge Dodo, também confirmou os ataques e clamou por socorro: “Como povo, estamos continuamente sob ataque e ninguém parece estar ouvindo nosso pedido de ajuda. Parece que matar nosso povo se tornou uma rotina”, disse ao Punch.

No sábado passado, em 24 de julho, militantes Fulani mataram um pastor evangélico que haviam sequestrado duas semanas antes, no centro-norte da Nigéria.

O reverendo Danlami Yakwoi, da Igreja Evangélica Winning All (ECWA), foi sequestrado em 12 de julho junto com dois de seus filhos e um sobrinho em Tawari, no estado de Kogi, e morreu após ser torturado, informou o secretário da igreja, Musa Shekwolo.

“Um de seus filhos, que foi sequestrado junto com ele, foi libertado no domingo, 25 de julho, e ele nos informou que seu pai morreu um dia antes de sua libertação”, disse Shekwolo ao Morning Star News. “Os sequestradores do pastor ainda não liberaram seu cadáver para sua família, e dois de seus familiares ainda estão sendo mantidos em cativeiro”.

Genocídio religioso

Um relatório revelou a gravidade da onda de perseguição religiosa que tem atingido a Nigéria em 2021 e o descaso do governo frente às atrocidades cometidas contra os cristãos no país.

De acordo com com Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety, na sigla em inglês), uma ONG sediada na Nigéria, em apenas 200 dias, cerca de 3.462 cristãos já foram mortos por militantes Fulani e pelo grupo terrorista Boko Haram, no primeiro semestre de 2021.

Além disso, 3 mil cristãos foram sequestrados por grupos islâmicos. Já o número de igrejas ameaçadas, fechadas, destruídas ou queimadas é estimado em cerca de 300, desde janeiro deste ano. Pelo menos dez líderes religiosos (pastores e padres) foram sequestrados ou mortos pelos jihadistas.

A Nigéria também foi o país com o maior número de cristãos mortos por causa de sua fé em 2020, com 3.530 mortos em comparação a 1.350 vítimas fatais em 2019, de acordo com um relatório da Portas Abertas. A Nigéria ficou atrás apenas do Paquistão e da China no número de igrejas atacadas ou fechadas, de acordo com a lista.

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