Missionária diz que a fome é real na África: “Muitos bebês morreram em meus braços”

Eyshila trouxe missionários do Níger para pregar no Brasil e disse que a Igreja precisa despertar para missões.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: segunda-feira, 16 de janeiro de 2023 às 12:39
Jéssica segurando um de seus filhos espirituais. (Foto: Captura de tela/Vídeo Instagram Love Heals)
Jéssica segurando um de seus filhos espirituais. (Foto: Captura de tela/Vídeo Instagram Love Heals)

Ao apresentar a realidade dos nigerinos através dos missionários Jéssica Adelino e seu marido Issoufou Himou, a cantora e compositora Eyshila alertou a Igreja no Brasil sobre a necessidade de maior envolvimento com missões. 

“A Igreja só vai viver o que nunca viveu quando fizer o que nunca fez”, disse durante o culto missionário que aconteceu na ADVEC — Assembleia de Deus Vitória em Cristo — em Santo André, na sexta (13).

Durante o evento “Eu Amo Missões”, organizado pelo ministério Mulheres Vitoriosas, o casal de missionários teve a oportunidade de apresentar o trabalho realizado no Níger através do movimento Love Heals (O amor cura).

A ONG fundada em 2015 tem vários projetos em ação, todos eles focados na recuperação de pessoas, no aspecto físico, emocional e espiritual. Mas a “pobreza espiritual” é o que mais incomoda a missionária brasileira, conforme explicou em entrevista exclusiva ao Guiame, que esteve presente na noite do evento.


Issoufou Himou, Jéssica Adelino e Eyshila. (Foto: ADVEC Santo André)

‘Um ser humano sem Jesus está morto’

Ao descrever a situação do Níger, país subdesenvolvido de maioria muçulmana, localizado na África Ocidental, onde o índice de desenvolvimento humano é classificado como um dos piores do mundo, Jéssica disse que há também uma grande “pobreza espiritual” por lá. 

“Digo isso porque quando o ser humano não conhece a Deus, ele está morto espiritualmente, pois ainda não recebeu a vida de Jesus. Aos meus olhos, isso é um tipo de pobreza, porque a vida de Cristo em nós é muito valiosa”, descreveu. 

Em seu trabalho no Níger, junto do marido ex-muçulmano, Jéssica conta que já passou por momentos realmente difíceis: “Desde 2015, o Níger tem sofrido muito com ataques de extremistas e a falta de segurança aumenta a cada ano”, disse ao comentar que também sofre muito com a falta de recursos financeiros. 

Grandes desafios

A instabilidade emocional também é um fator que desgasta os missionários em campo. “Já cuidei de muitas crianças em estado terminal, algumas gemendo de dor com a carne do corpo toda exposta. Eu já orei para o Senhor levar muitas delas por não suportar vê-las sofrendo”, contou.

“Viver em pleno século 21 e ainda ver coisas tristes como essas acontecendo no mundo é inaceitável”, desabafou.

O envolvimento de Jéssica, Issoufou e todos os da equipe é tão marcante que a ONG ficou muito conhecida na região: “Hospitais e casas de saúde de muitas aldeias conhecem o nosso projeto e encaminham as famílias necessitadas até nós”. 


Jéssica Adelino, Issoufou Himou e as crianças acolhidas pela ONG. (Foto: Reprodução Love Heals)

“O índice de mortalidade infantil por fome é monstruoso”

O casal e sua equipe trabalham em duas zonas de risco, conhecidas como “áreas vermelhas” onde os brancos não podem transitar. “Atualmente, nós retiramos quase 70 crianças desse lugar e as levamos para morar conosco na capital”, disse.

A falta de segurança dificulta o acesso das organizações para socorrerem o povo que passa por dificuldades, principalmente pela falta de alimentos e por não terem acesso à saúde. “O índice de mortalidade infantil por causa da fome é monstruoso”, compartilhou com tristeza. 

Pelo trabalho reconhecido no Níger, a ONG Love Heals é apontada como referência no Níger em combate à desnutrição infantil. “Crescemos tanto que, hoje, temos um centro de recuperação onde mais de 1.000 crianças já foram salvas e 380 estão em tratamento”, contou. 


Jéssica Adelino e seu marido Issoufou Himou, em visita ao Brasil. (Foto: ADVEC Santo André)

‘A fome realmente existe e mata muitos na África’

Jéssica conta que o maior desejo de todos os que trabalham na Love Heals é que as crianças não precisem mais passar por isso: “A fome realmente existe e ainda mata muitas pessoas na África”.

“Muitos bebês já morreram em meus braços e a indignação tem me tornado ainda mais forte para combater essa realidade horrível. É inaceitável! O choro dessas crianças precisa ser ouvido, elas precisam de socorro. Nós estamos lá fazendo a nossa parte e lutando por elas”, testemunhou.

“Nossa compaixão nos faz querer ver o outro livre de qualquer sofrimento. Seja um braço de amor”, pediu a missionária ao concluir.

Para colaborar com o trabalho do Love Heals no Níger, você pode enviar doações através do Pix: 29.502.784/0001-38

Saiba mais através das redes sociais

https://www.instagram.com/ongloveheals/



Antes e depois de uma criança acolhida pelo Love Heals. (Foto: Facebook Love Heals)

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