A missionária e técnica em enfermagem Clara Gandolfi, que prestava atendimento de saúde a mulheres muçulmanas em Burkina Faso na África, foi surpreendida com a revelação de uma paciente. Durante a consulta, a mulher afirmou ser uma cristã escondida de sua família islâmica.
Clara relatou o testemunho em seu perfil no Instagram na quarta-feira (3).
A mulher muçulmana participava de uma palestra sobre saúde da mulher na igreja local, promovida em janeiro deste ano pela ONG CACEMAR (Centro de Acolhimento Casa Esperança e Missão Refúgio), se mostrando sempre muito séria durante o evento.
Quando as consultas individuais começaram, ela foi a primeira a ser atendida por Clara e se mostrou diferente. A mulher entrou na sala sorridente, tirou sua burca e pegou da bolsa algumas fotos dela e pediu para a missionária escolher uma delas para ficar de lembrança.
“Lembro que olhei para a outra voluntária que estava ao meu lado e nós duas ficamos sem reação, ansiosas para saber o que aconteceria depois”, relatou a enfermeira.
A mulher muçulmana disse a elas que nunca havia se sentido tão amada como naquele dia. Então Clara e a voluntária que lhe acompanhava no atendimento disseram que iriam orar por ela naquele momento.
A tradutora ficou receosa com a atitude, porque orar por um muçulmano em um país perseguido como Burkina Faso poderia ser algo muito arriscado. Porém, nesse instante a mulher revelou que era uma cristã em segredo. “Meu coração é de Jesus”, disse ela.
A mulher explicou que tinha ido a igreja receber atendimento escondida porque seu marido era muçulmano e não poderia saber que estava ali. Clara narra que a todo o momento ela afirmava que seu coração pertencia a Jesus.
Na última semana da missionária Clara em Burkina Faso, a mulher foi à igreja novamente para se despedir e falar que estava orando pela enfermeira e perguntou quando ela voltaria à África.
“Quão pequena é a minha fé quando comparada a uma mulher forte como ela. Em uma cultura que escraviza mulheres, estava ali uma serva do Senhor que ora em secreto”, confessou Clara.
A enfermeira atendeu sozinha cerca de 170 pacientes durante a expedição missionária do CACEMAR, num contexto em que as mulheres no país não têm direito à saúde gratuita e nem a informação básica de cuidados.
Clara se diz impactada pela experiência no campo missionário: “Vi mulheres muçulmanas receberem oração e crerem nessas orações, muçulmanas pisando pela primeira vez dentro de uma igreja, e o mais impactante; vi muçulmanas sendo cristãs escondidas. Algo que só a Graça de Cristo manifesta é capaz de fazer”.