“O paradigma de missões mudou”: Movimento alcança jovens nas ruas, shows e festivais

O Guiame esteve na Noruega e acompanhou uma ação de evangelismo da Steiger, que alcançou mais de 3 mil pessoas.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: terça-feira, 9 de agosto de 2022 às 18:12
Steiger International leva Jesus a jovens que não iriam à igreja. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)
Steiger International leva Jesus a jovens que não iriam à igreja. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)

Na Noruega, um dos países com mais ateus no mundo, cristãos foram às ruas para falar de Jesus a pessoas que nunca entrariam em uma igreja. Como resultado, durante quatro dias em Oslo, capital do país, cerca de 3.570 pessoas ouviram o Evangelho.

A ação, chamada “Hope for Oslo”, foi promovida pela Steiger International, um ministério que carrega a missão de levar Jesus a uma geração de jovens que está distante das igrejas. 

O movimento levou 692 pessoas de 36 países a compartilhar Jesus nas ruas, na semana que antecedeu o The Send Noruega, e os frutos foram expressivos: 103 pessoas tomaram decisões por Jesus, durante os 4 dias de evangelismo.

“Como queremos alcançar pessoas que não entrariam em uma igreja, não fazemos eventos no templo. Nós vamos para a rua, como está acontecendo aqui em Oslo, que é uma cidade muito secularizada, compartilhando o Evangelho de uma maneira muito aberta e criativa”, disse ao Guiame o diretor da Steiger na Europa, Luke Greenwood. 

Assista a reportagem completa:

A Steiger International começou em 1983 na Holanda, no auge do movimento punk rock na Europa. David e Jodi Pierce começaram um estudo bíblico em um barco conhecido como Steiger 14, atrás da Estação Ferroviária Central de Amsterdã, alcançando os punks e anarquistas da cidade.

Pouco depois, David, que era vinculado a JOCUM, começou uma banda de rock chamada “No Longer Music (NLM)”, como uma plataforma para falar de Jesus a essas pessoas.

A banda NLM entrou na cena do rock secular e passou a se apresentar nos lugares mais inacessíveis e escuros. No início dos anos 2000, com apoio do pastor Sandro Baggio, a NLM foi para São Paulo para tocar em casas de shows conhecidas na cidade.

Por que é tão difícil alcançar a nova geração?

O que começou para alcançar a cultura punk se tornou um movimento para acessar a nova geração que, segundo a Steiger, é “secularizada”. Na prática, o que isso significa?

“O secularismo fez com que as pessoas se distanciassem de Deus, achando que tem tudo. Mas na alma as pessoas estão vazias e há uma fome espiritual”, afirma Luke. “Em qualquer país, a cultura jovem é marcada por falta de propósito, solidão, depressão e ansiedade. E não estamos indo até eles, porque pensamos: ‘Se eles quiserem saber sobre Deus, que venham na minha igreja.’”


Luke Greenwood, diretor da Steiger na Europa. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)

O movimento acredita que, com a globalização e o boom da internet, a cultura jovem tornou-se global. “Essa é a maior cultura que já existiu na história”, avalia Filipe Machado, diretor da Steiger na América do Norte e Ásia Pacífico.

“São jovens que estão em diferentes partes do mundo, mas que são muito semelhantes — não só em coisas superficiais como a maneira de vestir, as músicas que escutam, ou as séries que assistem — mas em coisas mais profundas também, como a visão de mundo. O que tem influenciado esses jovens a pensar como pensam são as grandes vozes da cultura, que os levam para secularismo”, ele afirmou ao Guiame

De acordo com Filipe, o secularismo ditado pela cultura tem distanciado os jovens da igreja. “De forma geral, eles têm uma ideia de que Deus não é autoridade em minha vida, eu sou livre para decidir o que eu quero e para escolher a minha própria identidade — o que de certa forma soa bonito, mas na verdade coloca um peso nas costas deles. Por que, por si mesmo, você tem que decidir quem você é e encontrar um propósito para a sua vida.”


Filipe Machado, diretor da Steiger na América do Norte/Ásia Pacífico. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)

E destaca: “Esse é um campo missionário que está em todas as cidades do mundo. Assim como as missões mais tradicionais iam para lugares inalcançados, tinham que aprender a cultura e traduzir o Evangelho na linguagem dos locais, precisamos fazer o mesmo movimento com a cultura jovem global.”

Pensando em preparar uma nova geração de missionários, Jodi Pierce iniciou em 2003 a Escola de Missões Steiger. Sete anos depois, um antigo centro comunista em Krögis, no interior da Alemanha, se tornou a base da escola missionária.

Hoje, a Steiger International está ativa em mais de 100 cidades ao redor do mundo, espalhando equipes missionárias, que dão suporte às igrejas locais nas ações de evangelismo nos centros urbanos.

“A Igreja precisa perceber que o paradigma de missões mudou. Hoje, missões não é mais apenas enviar para outros países, mas alcançar a nossa cidade”, destaca Luke.

Evangelismo: por onde começar?

Luke Greenwood acredita que o evangelismo nos centros urbanos pode ser feito de forma simples, fácil e por qualquer igreja. Mas antes de sair às ruas, ele lembra: “Tudo começa na busca por Deus, na oração e na leitura da Palavra. Começa quando começamos a clamar a Deus para nos dar o coração Dele pela cidade e pelas pessoas. E aí saímos e encorajamos as pessoas a dar um passo de fé. Comece com o que você tem.”


Mais de 100 pessoas aceitaram Jesus em 4 dias, em Oslo. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)

O missionário também destaca os 6 valores ensinados pela Steiger, que são essenciais no evangelismo: 

1. Buscar a Deus;

2. Ter ousadia de cumprir o chamado;

3. Entender a cultura e se identificar com as pessoas;

4. Pregar o Evangelho e a Cruz de Cristo;

5. Viver em santidade;

6. Andar em família — não existe evangelismo solitário.

Para alcançar a nova geração, Luke acredita que o evangelismo tradicional pode não ser mais tão eficaz.


Steiger International promove um evangelismo criativo. (Foto: Guiame/Marcos Paulo Correa)

“Houve um tipo de evangelismo que deu certo por muitas décadas: fazemos um evento evangelístico, convidamos os amigos para participar e lá eles se convertem. Isso com certeza ainda dá certo. Mas a maioria dessa cultura secularizada não vai em um evento evangelístico e a maioria da sociedade hoje não tem um amigo crente que vai convidá-lo. Então temos que ir para fora das quatro paredes da igreja”, ressalta.

Por outro lado, Luke observa que às vezes “a Igreja tem dificuldade com isso porque o secularismo entrou dentro da Igreja também.” 

“Muitas vezes, o cristão tem uma vida dupla — vou à igreja, mas lá fora vivo igual ao mundo — e a Igreja vai se tornando fria. Nos fechamos na bolha e não saímos para fora. Mas a cura para isso é sair. Quando a Steiger vai a alguma igreja e dizemos ‘vamos sair juntos?’, o pessoal diz ‘faz tanto tempo que não faço isso’ ou ‘eu nunca compartilhei a minha fé dessa maneira’, e a fé da pessoa fica viva”, finalizou.

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